Pesquisadores revelam como lavradores do Jequitinhonha gerenciam a escassez de água
Afetadas de formas diferentes pela escassez cíclica de água,
comunidades rurais no Alto do Jequitinhonha, no Nordeste de
Minas, criaram estratégias – produtivas e políticas – para lidar
com a situação. Lógicas de consumo, critérios de prioridade e
técnicas de administração comunitária de abastecimento e
acesso às fontes compõem o repertório de gestão da escassez.
acesso às fontes compõem o repertório de gestão da escassez.
Estudos que exploram a relação desses agricultores com a água
estão reunidos no livro Lavradores, águas e lavouras: estudos
sobre gestão camponesa de recursos hídricos no Alto Jequitinhonha,
recém-lançado pela Editora UFMG. A coletânea de artigos analisa,
sob diferentes ângulos, os dilemas originados da tensão entre
consumo, conservação e regulação da água em comunidades camponesas.
consumo, conservação e regulação da água em comunidades camponesas.
“Esses estudos mostram que existem singularidades locais, regionais e nacionais.
E que é preciso transformar cada particularidade de uso, gestão e conhecimento na
base da norma geral de regulação das águas”, explica a professora do Instituto de
Ciências Agrárias (ICA) da UFMG Flávia Maria Galizoni, organizadora da obra.
E que é preciso transformar cada particularidade de uso, gestão e conhecimento na
base da norma geral de regulação das águas”, explica a professora do Instituto de
Ciências Agrárias (ICA) da UFMG Flávia Maria Galizoni, organizadora da obra.
Flávia trabalhou no CAMPOVALE, ONG com sede em Minas Novas, morando na cidade
de 1997 a 2003.
de 1997 a 2003.
De acordo com a pesquisadora, as populações rurais e seus sistemas locais de acesso
à água inspiram reflexões fundamentais: “Devemos discutir sobre a quem pertence a
água, quais as prioridades de uso e como ela deve ser distribuída e partilhada”.
Enfrentamento
A coletânea resulta de trabalho que uniu o Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura
Familiar (Núcleo PPJ), da UFMG, o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV),
de Turmalina, no Alto Jequitinhonha, e o Centro de Voluntariado Internacional (Cevi).
A coletânea resulta de trabalho que uniu o Núcleo de Pesquisa e Apoio à Agricultura
Familiar (Núcleo PPJ), da UFMG, o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV),
de Turmalina, no Alto Jequitinhonha, e o Centro de Voluntariado Internacional (Cevi).
Essas organizações se viram frente a frente com o tema da água por iniciativa de
comunidades que, desde o final dos anos 1990, tiveram que lidar com a escassez mais
crítica.
comunidades que, desde o final dos anos 1990, tiveram que lidar com a escassez mais
crítica.
“As nascentes secavam, as águas minguavam e o abastecimento já era feito, em parte,
por carros-pipa. As famílias, então, se organizaram e articularam apoio externo para
compreender a situação”, conta Flávia Galizoni.
A obra começa apresentando a realidade no Alto Jequitinhonha e a rede que envolve
comunidades rurais, organizações sociais e universidade. “Esta primeira parte mostra
como as comunidades desenvolveram tecnologias para lidar com a água, e os ensinamentos
desse esforço, além de abordar inovações metodológicas na relação entre academia e
organizações civis”, salienta Flávia Galizoni, que é doutora em Ciências Sociais pela
Unicamp.
como as comunidades desenvolveram tecnologias para lidar com a água, e os ensinamentos
desse esforço, além de abordar inovações metodológicas na relação entre academia e
organizações civis”, salienta Flávia Galizoni, que é doutora em Ciências Sociais pela
Unicamp.
Capítulos seguintes contêm etnografias e estudos técnicos que sintetizam aprendizados
de quase 14 anos sobre aspectos como alterações na dinâmica da água e organização do
trabalho familiar a partir da disponibilidade hídrica.
de quase 14 anos sobre aspectos como alterações na dinâmica da água e organização do
trabalho familiar a partir da disponibilidade hídrica.
A obra trata também de experiências que uniram comunidades, ONGs e pesquisadores –
como as de conservação comunitária de nascentes – e de conhecimentos acumulados
por universidades e projetos de cooperação internacional. Além de pesquisadores da
UFMG e de outras universidades, os artigos são assinados por agricultores e profissionais
ligados a organizações civis.
ligados a organizações civis.
Em texto de introdução ao livro, Flávia Galizoni lembra que, para boa parte da população
rural brasileira, “a partilha da água é mais que um aspecto de regulação: é parte
fundamental de sua cultura”. Por isso, é crucial, segundo ela, compreender as formas pelas
quais as famílias e comunidades aliam costumes e necessidades para usar, regular, distribuir
e conservar a água.
fundamental de sua cultura”. Por isso, é crucial, segundo ela, compreender as formas pelas
quais as famílias e comunidades aliam costumes e necessidades para usar, regular, distribuir
e conservar a água.
Livro: Lavradores, águas e lavouras: estudos sobre gestão camponesa de recursos
hídricos no Alto Jequitinhonha
Organizado por Flávia Maria Galizoni
Editora UFMG
254 páginas/R$ 42 (preço sugerido)
Organizado por Flávia Maria Galizoni
Editora UFMG
254 páginas/R$ 42 (preço sugerido)
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