quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Projeto "Quilombos do Vale do Jequitinhonha" recebe principal prêmio do patrimônio cultural brasileiro

Projeto tem 296 concorrentes e é escolhido como um dos 8 melhores.

O projeto ‘Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória’, realizado em 60 comunidades quilombolas do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, foi escolhido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como um dos oito vencedores da 30ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a principal premiação do patrimônio cultural do Brasil.
 
Neste ano, a premiação homenageia os 80 anos do Iphan, uma das mais longevas instituições públicas do Brasil e a primeira dedicada à preservação do patrimônio cultural na América Latina.
 
Divididos em quatro categorias, os projetos foram selecionados durante a reunião da Comissão Nacional de Avaliação nos dias 21 e 22 de agosto. Ao todo, participaram 296 ações de preservação do patrimônio e da cultura nacional, de todos os estados brasileiros. Oito venceram. 
 

As ações ganhadoras vieram dos estados de Minas Gerais, Amapá, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Sul e São Paulo.
 
A equipe de documentaristas do projeto Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória – realizado pela Nota Musical Comunicação e Mirar Lejos – percorreu, ao longo de três anos, 60 comunidades quilombolas dos municípios de Berilo, Chapada do Norte, Minas Novas e Virgem da Lapa
 
Mais de 1.200 pessoas participaram cantando, dançando e rememorando suas histórias e a de seus antepassados.
 
O trabalho registrou as manifestações culturais preservadas nessas comunidades, em festas tradicionais (algumas realizadas há mais de 200 anos), encontros e apresentações marcadas especialmente para esses registros. Foram captadas cerca de 150 horas em vídeo, entrevistas e manifestações culturais, além de um grande acervo fotográfico. 
 

O resultado foi um livro fartamente ilustrado, 30 vídeos de curta-metragem, um banco de imagens e um portal com todo o material disponível gratuitamente - www.quilombosdojequitinhonha.com.br.
O projeto foi patrocinado pela Cemig, Itaú, Petrobras, Finep e Milton Kanashiro Arte, Cultura e Cidadania, e teve apoio da Fundação Heinrich Böll.
 

Exposição
O material fruto do premiado projeto Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória também se transformará em uma exposição, que será aberta ao público, em Brasília, no início de novembro próximo, em homenagem ao Mês da Consciência Negra. A exposição Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música, Memória e Resistência contará com o apoio da Fundação Cultural Palmares.


Trabalho revela as manifestações culturais preservadas nas comunidades quilombolas em municípios do Vale do Jequitinhonha .
Fonte: Agência Minas 
 

Comentário do Blog

Este documentário foi realizado com forte apoio de um grupo de militantes da causa negra no Médio Jequitinhonha, no nordeste de Minas, formado por Alessandro Borges  9 Alê do Rosário) e Maria do Rosário de Berilo; Jô Pinto de Itinga; Maria Aparecida do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Chapada do Norte; de Kerlane Kilombola de Virgem da Lapa; Marquim Sapateiro, Ademir do Quingen, Ângela Freire e Lena Rodrigues da comunidade urbana Baú de Araçuaí, Rosa Nilha Rodrigues de Jenipapo de Minas e muit@s outr@s. 




Foto: Álbano Silveira Machado - Banu.

 Estas e outras lideranças constituíram uma organização , a COQUIVALE - Comissão das comunidades Quilombolas do Médio Jequitinhonha, que vem se destacando no movimento de valorização dos quilombolas, em Minas Gerais. 
 

Esta entidade tem sido referência na visibilidade, valorização e organização das comunidades quilombolas no Vale do Jequitinhonha. A movimentação orgânica e participação ativa em diversos eventos estaduais e nacionais tem provocado convites para atuar em outras regiões como o Vale do Mucuri, Rio Doce e norte de Minas.

Foto: Álbano Silveira Machado- Banu

O projeto "Quilombos do Vale do Jequitinhonha: Música e Memória" traz ainda mais visibilidade e reconhecimento  a um dos movimentos quilombolas mais fortes de Minas e do Brasil.

Fonte: Todas as  fotos  não identificadas são de Cleber Cardoso Nunes do projeto premiado.




Justiça caolha: Para os tucanos, liberdade. Para os petistas, cadeia.

Justiça brasileira: tempo voa pra Lula e se arrasta pra tucanos.

Ex-governador, o tucano Eduardo Azeredo só foi condenado depois de 18 anos. E continua livre.
Processo apressado de Sérgio Moro para condenar Lula durou apenas 42 dias para chegar até a Segunda Instância.

Passaram 18 anos do crime atribuido ao tucano Azeredo. O processo que condenou Lula chegou em tempo recorde ao TRF da 4ª região
Passaram 18 anos do crime atribuído ao tucano Azeredo. O processo que condenou Lula chegou em tempo recorde ao TRF da 4ª região.


“Deve ser mantida a condenação imposta ao apelante pelos delitos de peculato e lavagem de dinheiro”, disse o desembargador Adilson Lamounier. Azeredo fora condenado, em primeira instância, a 20 anos e dez meses de prisão.

Agora, o Tribunal de Justiça de Minas reduziu a pena para 20 anos e um mês. Mas, os desembargadores decidiram não prender Azeredo. Ele vai poder recorrer, na segunda instância, em liberdade.

“Podem ser interpostos nesta instância ainda embargos declaratórios e embargos infringentes em razão da divergência havida entre o voto de dois dos três desembargadores que condenaram o acusado”, afirmou o desembargador Alexandre Victor de Carvalho.

Todos esses recursos vão ajudar a prolongar o julgamento final de Eduardo Azeredo. No Tribunal de Justiça, em Minas, não há prazo para julgar os embargos. Só se for mantida a condenação na segunda instância é que ele pode ir para a cadeia.

Mesmo que seja preso, Azeredo poderá recorrer a tribunais superiores. Se o julgamento não for concluído até setembro de 2018, há entendimento de que a pena seria extinta. É que ele completa 70 anos em 2018 e, com essa idade, por lei seus crimes poderiam prescrever.

A primeira condenação de Azeredo ocorreu em 16 de dezembro de 2015, um ano e oito meses após a condenação em primeira instância.

Do crime atribuído ao tucano até hoje passaram-se 18 anos. Só em 2014, o STF se posicionou sobre o processo e foi para decidir que nada seria decidido, ou seja, que seria aceita manobra do então Senador pelo PSDB de Minas Gerais de renunciar ao mandato para que o pedido do procurador-geral da República de prendê-lo por 22 anos não fosse julgado por aquela Corte.

O processo de Azeredo chegou à primeira instância em fevereiro de 2014.

Lula

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, o processo que condenou o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão no caso do tríplex chegou em tempo recorde ao TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região, em Porto Alegre.

Foram 42 dias, desde a sentença do juiz Sergio Moro, em julho, até o início da tramitação do recurso na segunda instância, nesta quarta (23). É o trâmite mais rápido até aqui, da sentença ao TRF, entre todas as apelações da Lava Jato com origem em Curitiba. O juiz afirma que os prazos do processo foram estritamente seguidos.

Eventual condenação em segunda instância do petista impediria sua candidatura a presidente nas eleições de outubro do ano que vem.

A média dos demais recursos, nesse mesmo percurso, foi de 96 dias – ou de 84 dias, se considerada a mediana (valor que divide os casos existentes em dois conjuntos iguais). O andamento dos processos variou entre 42 e 187 dias.

Especialistas em direito consideram que ação da Justiça para acelerar o julgamento contraria o princípio de isonomia.

“Caso seja proposital, é bastante preocupante e mostra o voluntarismo da Justiça em protagonizar outros papéis que não o de meramente julgar um caso. Querer interferir de outras formas na vida política e social do país é algo deletério”, diz Fábio Tofic Simantob, presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa e advogado de outros investigados da Lava Jato.

Um dos argumentos mais lembrados por quem defende essa avaliação são as declarações do presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores, que, após a sentença, afirmou que a apelação de Lula será julgada em até um ano e que a proximidade das eleições presidenciais pode influenciar o trâmite da ação.

Ou seja: o viés eleitoral pelo qual a Justiça brasileira trata o caso de Lula foi CONFESSADA por ela.

“Num caso midiático como esse é sempre ruim a velocidade. É importante que você tenha tempo de amadurecimento das coisas, que se distancie um pouco do calor dos autos”, diz Thiago Bottino, coordenador da FGV Direito Rio.

Segundo o advogado de Lula Cristiano Zanin Martins informou a esta página recentemente, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas deve se pronunciar sobre o caso até o fim deste ano.

A ONU aceitou a denúncia protocolada pelos advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 28 de julho de 2016.

A petição ao Comitê de Direitos Humanos da ONU em Genebra denunciou violação da Convenção Internacional de Direitos Políticos e Civis e abuso de poder pelo juiz Sérgio Moro e procuradores federais da Operação Lava-Jato contra Lula.

Em maio deste ano, novos dados e documentos foram enviados ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas como provas de que existe um processo nos tribunais que não atende ao Estado de Direito no Brasil.

O informe foi entregue à ONU por Geoffrey Robertson, chefe da equipe legal de Lula no exterior.

A ONU aceitou a petição do ex-presidente e que, agora, a equipe legal vai entregar respostas finais às perguntas realizadas pelos peritos, assim como evidências de “novos abusos cometidos” contra Lula pelo sistema judiciário brasileiro.

O advogado de Lula no exterior, Geoffrey Robertson, chega ao Brasil nos próximos dias a fim de elaborar as novas alegações até o final de setembro. O documento abordará a sentença proferida por Moro em 12 de julho, as declarações do presidente do TRF4, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Len, simpáticas à condenação e, agora, o início do julgamento em 2ª instância em tempo recorde, contrariando a prática desses tribunais.

Se a ONU abrir processo contra o Estado brasileiro por perseguir Lula, mesmo antes da sentença final estará configurada a existência de procedimentos irregulares da Justiça brasileira contra o ex-presidente.

Reportagens como a da Folha de São Paulo, as declarações de especialistas sobre a celeridade abusiva do processo contra Lula e o contraste com a lerdeza do processo contra políticos de outros partidos, como Eduardo Azeredo ou Aécio Neves, contra quem a decisão do STF se arras, devem desembocar na condenação do Brasil pela ONU.

Isso não mudará a decisão da Justiça brasileira sobre Lula, mas refletirá de forma dramática sobre a imagem do Brasil no exterior e sobre os negócios e financiamentos externos ao país.

O prejuízo seria incalculável, segundo jurista eminente com quem o Blog conversou na semana que finda e que não quer ser identificado. “Haveria um levante do país contra o processo de exceção contra lula com vistas a impedir que o país seja considerado uma ditadura e Lula, um futuro preso político”, diz o especialista. 

Fonte:  Blog do Eduardo Guimarães

Francisco Badaró: Obras inacabadas da Copanor revoltam população

Empresa disse que obras serão reiniciadas em 2018.

Foto: Sérgio VasconcelosObras inacabadas da Copanor em Francisco Badaró, revoltam população
Mato toma conta da área onde esgoto deveria ser tratado.

Duas obras da Copanor, em Francisco Badaró, no Vale do Jequitinhonha (MG), que deveriam representar a melhoria da qualidade de vida da população, se transformaram em decepção, temperada com revolta e indignação.

Sem previsão para ser concluída, a construção de uma Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) , está abandonada há  quatro anos.

A outra obra- um sistema de abastecimento de água- para amenizar os efeitos da seca em comunidades rurais, também está paralisada. Apenas dois   tanques de concreto foram construídos. Tudo está abandonado. Para concluir a rede, serão necessários recursos na ordem de R$ 3 milhões.

A Copanor, subsidiária da Copasa,  informou que as obras para construção da ETE  foram orçadas em R$ 5, 5 milhões ( Cinco milhões e quinhentos mil reais).



Estação fica às margens do Córrego Sucuriú
Estação fica às margens do Córrego Sucuriú



...E O VENTO LEVOU

A Estação de Tratamento de Esgotos -ETE- começou a ser construída  no final de 2010 .   Três anos depois, a obra foi paralisada  e, até agora, nada funciona no local. Apenas parte da estrutura foi concluída. A última intervenção, foi em junho de 2013, quando a empresa ML Paineis  Elétricos, com sede em Contagem, (MG) instalou os painéis de energia .

As obras da ETE estavam sendo executadas pela empresa paulistana, Stemag Engenharia e Construções e a Exponencial Engenharia, fundada em 1990 e com sede em Belo Horizonte. As empresas abandonaram a obra  e deram calote na praça, deixando de pagar fornecedores, funcionários e aluguéis de casa, segundo informações do escritório local da Copanor.



O que deveria ser um sonho realizado, virou pesadelo. Toda a obra está abandonada.
O que deveria ser um sonho realizado, virou pesadelo. Toda a obra está abandonada.


O terreno onde fica a  Estação foi doado por um produtor rural que atualmente mora em São Paulo. O espaço tem  cerca de 2 mil metros quadrados e  fica a pouco mais de 1 km do centro da cidade, às margens do Córrego Sucuriú e da rodovia  LMG 676.

Toda a estrutura está abandonada. A área cercada  foi tomada pelo mato e por animais que entram no local. Na entrada, várias manilhas de cimento já estão com parte da base enterrada na areia. Elas chegaram a ser usadas em uma ponte sobre o Córrego Sucuriú, e que dava acesso à ETE. A ponte foi destruída pela própria empresa responsável pela obra.

Manilhas abandonadas na entrada da Estação.
Manilhas abandonadas na entrada da Estação.




Cercamento e estrutura de iluminação estão comprometidas com o abandono.
Cercamento e estrutura de iluminação estão comprometidas com o abandono.



INDIGNAÇÃO

A população está revoltada com a paralisação da obra. “A gente vê gastar um dinheirão aí e depois ficar parado , sem terminar a obra, né? A gente fica muito revoltado”, diz Geraldo Santos de Oliveira, de 56 anos, morador da avenida João Paulo II, na entrada da cidade. 

O agricultor Geraldo Santos sofre com o esgoto a céu aberto que desce para a casa dele que fica próximo à ETE.
O agricultor Geraldo Santos sofre com o esgoto a céu aberto que desce para a casa dele que fica próximo à ETE.


A paralisação  afeta diretamente a saúde e o cotidiano da família do lavrador. “ Desce esgoto a céu aberto de todos os bairros da parte alta e  aqui fica parecendo um rio. Não  suportamos  mais o mau cheiro. Falaram que é entupimento”, diz o homem que mora com um tia de 93 anos , a mulher de 55 e dois filhos de 20 e 22 anos. “ Quando o sol esquenta, a situação piora. Na hora do almoço, somos obrigados a tolerar um monte de urubus que ficam sobrevoando o local.

O escritório local da Copanor, culpou moradores do alto da cidade, pelo problema. " Muitos fizeram gatos,ligando o esgoto da casa deles, na rede da ETE que ainda não está pronta. Isso acaba provocando os vazamentos",diz a Copanor. 

Vista parcial da região central de Francisco Badaró.
Vista parcial da região central de Francisco Badaró.


O município de Francisco Badaró possui cerca de 10.500 habitantes  sendo 3.900  residentes na zona urbana, onde existem  pelo menos, 1.500 residências  ligadas à rede de abastecimento de água da Copanor. Não há cobrança da  taxa de esgoto.

Esgoto é despejado no leito do Córrego Sucuriú, que corta a região central da cidade.
Esgoto é despejado no leito do Córrego Sucuriú, que corta a região central da cidade.


DINHEIRO NA LAMA

O descaso e a irresponsabilidade com o dinheiro público por parte dos governos federal e estadual, são vistos a céu aberto,  ao longo das margens do Córrego Sucuriú.

Morador observa o que restou da rede coletora de esgotos construída pela Copasa na década de 90
Morador observa o que restou da rede coletora de esgotos construída pela Copasa na década de 90


O ex-prefeito José João de Figueiró Guido, conta que durante o segundo  mandato do pai dele, José Maria Figueiró (1997-2000) , A Copasa,  construiu um sistema de captação de esgotos que atendia apenas o centro da cidade. A bacia de contenção dos resíduos foi  feita no mesmo local onde hoje está sendo construída a ETE da Copanor.

O sistema funcionou por algum tempo e hoje toda a estrutura está danificada mas continua sendo utilizada. " Na época, Eduardo Azeredo era governador. O projeto não teve nenhuma  participação da prefeitura", lembra o ex-prefeito

Através de um pequeno caminho,  às margens do córrego Sucuriú,  é possível ver o serviço mal feito e prejudicial ao meio ambiente. Parte da tubulação de concreto da rede interceptora está entupida, e a outra, mesmo inutilizada, ainda recebe o esgoto da cidade.
 Com o transbordamento  todo o material orgânico vai parar no leito do córrego que está assoreado há décadas. 

" Se a ETE   estivesse funcionando, o córrego já estaria limpo e correndo água, já que após o tratamento de esgoto pela estação, a água retorna com pelo menos 90% de pureza para o rio. A população reclama dos esgotos mas só podemos ligar a rede quando a ETE for entregue oficialmente à Copanor", informam os funcionários do escritório local da empresa.


Transbordamento do Córrego Sucuriú, provoca alagamento e prejuízos no centro comercial da cidade.
Transbordamento do Córrego Sucuriú, provoca alagamento e prejuízos no centro comercial da cidade.


Na época das cheias, o centro da cidade sofre com as inundações,  que deixam um rastro de destruição provocado pela avalanche de lama, lixo, entulho e prejuízos para os comerciantes  da região.

Os moradores acreditam que a saída para o problema seria a conclusão da ETE, a limpeza e canalização do córrego e a construção de uma barragem na cabeceira.  As obras de canalização e urbanização dependem de  repasses federais.“ É uma obra de milhões de reais que a prefeitura não tem como bancar e nem o governo tem interesse de investir aqui”, acredita o ex-prefeito José João.



Elevatória construída na região central da cidade.
Elevatória construída na região central da cidade.


Uma das três elevatórias  para bombeamento do esgoto para a Estação de Tratamento, foi construída na região central da cidade. Tudo está abandonado e sofrendo a ação do tempo.

As três elevatórias para captar o esgoto, como a do bairro Esplanada, estão prontas, mas não funcionam.
As três elevatórias para captar o esgoto, como a do bairro Esplanada, estão prontas, mas não funcionam.


De acordo com informações do escritório local da Copanor em Francisco Badaró,  pelo menos 70% das obras da Estação de Tratamento de Esgotos, já foram concluídas.  Segundo o funcionário Gildásio Dias, " Falta construir a rede coletora da região central e instalar o conjunto de motobombas nas três elevatórias que vão captar o esgoto dos bairros Esplanada, Nossa Senhora de Fátima e centro e fazer as ligações das residências",disse ele.

A ETE terá capacidade para tratar cerca de 36 mil litros de esgoto por hora.


ESPERANÇA SÓ EM DEUS, DIZEM  OS MORADORES DE BARREIROS

Projeto de abastecimento de água, abandonado pela Copanor, beneficiaria distrito de Barreiros
Projeto de abastecimento de água, abandonado pela Copanor, beneficiaria distrito de Barreiros



Outro de dia de sol implacável. Os moradores da Comunidade de Barreiros, a 18 km de Francisco Badaró, quase não conseguem sustentar a esperança que invadiu o coração deles dois anos atrás, com a promessa de que a água chegaria em suas casas, através de um programa da Copanor, que prometeu levar água tratada para os cerca de 1.600 habitantes do lugar. As obras não avançaram e a situação de abastecimento de água continua precária.

“Eu não tenho esperança dessa água chegar aqui. Esperança só em Deus”,” diz  o pequeno  agricultor, João Rabelo da Costa, 66 anos; 

Lavradores Antonio Nogueira,Antonio Heli e o pai João Rabelo, perderam a esperança.
Lavradores Antonio Nogueira,Antonio Heli e o pai João Rabelo, perderam a esperança.


O lugar é abastecido por dois poços artesianos, mas a água não é tratada, e não raro, as torneiras ficam secas. A salvação, segundo Claúdio Ribeiro da Silva, 45 anos, líder comunitário do lugar, foi a instalação em 2016, de 105 caixas para captar água da chuva, com capacidade para 16 mil litros. O projeto foi executado pela ASA-Articulação do Semiárido- com apoio do governo federal.


Canalização de água para comunidades rurais resultou apenas na construção de dois reservatórios.
Canalização de água para comunidades rurais resultou apenas na construção de dois reservatórios.



O quadro de desperdício do dinheiro público, pode ser visto em meio a estiagem e a estrada de terra vermelha, entremeada por um sobe e desce ladeira que liga Francisco Badaró ao distrito de Barreiros, a 18 km do centro da cidade.

A obra para salvar  os moradores de quatro comunidades rurais arrasadas pela seca,  começou em meados de 2015 e resultou apenas na construção de dois reservatórios de concreto. Pela previsão inicial, até o fim de 2016 ela  estaria concluída, mas acabou sendo abandonada pela metade.


Os dois reservatórios, com capacidade para 30 mil litros cada,  levaria água do  Rio Setúbal, a 16 km de Francisco Badaró, para a Estação de Tratamento de Água da cidade e de lá, para os dois reservatórios, responsáveis por distribuir a água para as comunidades .

Um dos reservatórios, construído no alto de um morro na saída da cidade,  atenderia ainda moradores do bairro São Geraldo, em Francisco Badaró, e o outro,  construído às margens de uma estrada encoberta pela poeira vermelha, abasteceria as comunidades de Barreiros, Empoeira, Zabelê, Ribeirão de Areia e São João de Cima, beneficiando pelo menos 1.600 moradores.

Na região, a seca não poupa nada. E ela nunca pareceu tão cruel quanto agora, no mesmo cenário de uma obra orçada em cerca de R$ 5 milhões, por onde ainda não escorreu uma gota de água sequer.
 
A obra foi anunciada com empolgação no distrito de Barreiros, pelo ex-presidente da Copanor Frank Dechamps Lamas,o então prefeito Sérgio Mendes (PV), que não pode concorrer às ùltimas eleições e cujo candidato apoiado por ele, foi derrotado nas urnas e o diretor da empresa responsável pela construção.

O projeto não foi concluído. Falta instalar equipamentos e fazer a rede que permitiria chegar a água até as casas dos moradores das comunidades. O atual governo não sabe se haverá recursos para finalizar as obras.

Agricultor José Tadeu,63 anos, e o neto de 9 anos, não querem perder a esperança de ver água chegar à Comunidade onde moram.
Agricultor José Tadeu,63 anos, e o neto de 9 anos, não querem perder a esperança de ver água chegar à Comunidade onde moram.




FRUSTRAÇÃO

Para piorar a situação, o nível da água do reservatório da cidade está reduzido, porque a Copanor não investiu na melhoria do sistema . A população aumentou e a vazão de 7 litros por segundo, é a mesma de 15 anos atrás. Seriam necessários pelo menos 10 litros por segundo, para atender Francisco Badaró e o distrito de Tocoiós, a 14 km do centro da cidade  e que conta com os serviços da empresa.. Por conta disso, a cidade tem de conviver com o rodízio do abastecimento. " Já chegamos a ficar até três dias sem água". contam os moradores.

A Copanor alega que as obras são muito mais complexas do que o imaginado no projeto inicial .

“A gente se sente frustrado porque é muito dinheiro público investido e as obras ‘tudo’ abandonadas e paradas. A gente agora ‘tá’ com dúvida, porque o descaso ‘tá’ muito grande, a gente fica com o pé atrás agora, não dá mais para confiar”, desabafa o lavrador Antonio de Alexandre Nogueira,68 anos, residente no distrito de Barreiros.

Para concluir o projeto, serão  necessárias novas licitações.

CALOTE

Pedro Ribeiro mostra obra que ocupou terreno dele e que está abandonada.
Pedro Ribeiro mostra obra que ocupou terreno dele e que está abandonada.


É dinheiro público jogado fora, diz revoltado o marceneiro, mostrando equipamentos abandonados na obra.
É dinheiro público jogado fora, diz revoltado o marceneiro, mostrando equipamentos abandonados na obra.


Além de paralisar as obras, as empresas contratadas pela Copanor  para construir a ETE, deixaram um rastro de calote em Francisco Badaró. Uma das vítimas é o marceneiro Pedro Ribeiro Primo, de 46 anos. Ele tenta desde 2015 receber a indenização pelo uso de um terreno  da irmã dele, no bairro de Fátima.

Na área. que fica aos fundos da casa do marceneiro,  foi construído uma  elevatória para captação de água bruta.  O marceneiro conta que mora em São Paulo e é a terceira vez que vai a Francisco Badaró na tentativa de um acordo. "As promessas que me fizeram eram tão boas, que se cumprissem, não precisariam nem me pagar. Não vamos fornecer o documento enquanto não recebermos o dinheiro. Vou acionar a Justiça", garante o marceneiro que se diz revoltado com o abandono da obra. " É muito dinheiro público jogado fora", desabafa Pedro Ribeiro.



O QUE DIZ A COPANOR

Alonso Reis, presidente da Copanor, disse apenas que em breve vai divulgar dados sobre a ETE de Francisco Badaró
Alonso Reis, presidente da Copanor, disse apenas que em breve vai divulgar dados sobre a ETE de Francisco Badaró


A reportagem entrou em contato com a presidência da Copanor. O atual presidente, Alonso Reis (PT), ex-prefeito de Porteirinha , informou através de nota,  que  a obra para conclusão do Sistema de Esgotamento Sanitário de Francisco Badaró está incluída em um conjunto de  outras obras com valor aproximado de R$12 milhões, programadas para vários municípios da região, cujo processo de licitação está em curso. " Nesse momento, não temos condições de informar uma previsão de reinício da ETE", diz Alonso Reis.


Segundo ele, seria necessário pelo menos R$ 1 milhão para concluir o restante da obra e colocar a ETE para funcionar.

As construtoras Stemag  e a Exponencial Engenharia não se manifestaram. 



O atual prefeito de Francisco Badaró, Adelino Pinheiro Santos (PDT), disse que esteve por duas vezes com o presidente da Copanor para cobrar a finalização das obras mas recebeu apenas a promessa de melhoria do sistema de abastecimento de água  da cidade.




PROMESSAS


Em dezembro de 2015, Alonso Reis anunciou que, para 2016, haveria um orçamento de R$ 60 milhões para conclusão de obras e mais de R$ 50 milhões (retirados do Fundo de Erradicação da Miséria), para melhorias dos atuais sistemas de água e esgoto existentes nas regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. “Serão mais bombas, equipamentos e consertos das redes”,  destacou o presidente.

Em outubro  de 2016, Alonso Reis da Silva, garantiu aos prefeitos, vereadores, secretários e demais lideranças políticas dos Vales do Mucuri e do Jequitinhonha o término de todas as obras de saneamento paralisadas.. “Das 121 obras de implantação e operação de sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário que encontramos abandonadas, 59 já foram reiniciadas em nossa gestão. E todas serão terminadas, conforme orientação que temos do governador", afirmou Alonso Reis.

As revelação  foram feitas em audiências pública da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa (ALMG), convocadas para discutir a situação da água e do sistema de esgotamento sanitário e os impactos desses serviços na saúde das populações dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. 

A Copanor utiliza, desde que foi  criada em 2007, recursos transferidos do Fundo Estadual de Saúde, por meio da Secretaria de Estado de Saúde.

 O objetivo da empresa é implantar e operar os sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário  em localidades com população entre 200 e  até cinco mil habitantes  dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. A atuação dela na região sempre foi criticada pelos prefeitos.




Em Francisco Badaró, o  slogan da  Copanor- Saneamento é Cidadania-  tornou-se  apenas uma frase pintada na parede . Nada mais.

Sérgio Vasconcelos Repórter, na Gazeta de Araçuaí