domingo, 12 de maio de 2013

Mãe é para sempre, segundo o poeta Carlos Drumond de Andrade

Duas poesias de Carlos Drumond de Andrade

Às Mães


Aquele doce que ela faz
quem mais saberia fazê-lo?
Tentam. Insistem, caprichando.
Mandam vir o leite mais nobre.
Ovos de qualidade são os mesmos,
manteiga, a mesma,
iguais açúcar e canela.
É tudo igual. 
As mãos (as mães?)
são diferentes.


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drumond de Andrade é considerado o maior poeta da língua portuguesa. Publicou diversos livros e poesias em jornais do Brasil. Nasceu em Itabira, Minas Gerais.Morou quase toda sua vida no Rio de Janeiro.

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