O senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou seu discurso de posse na presidência do partido para criticar o governo do PT e afirmar que o legado deixado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ajudou o Brasil a chegar onde está hoje.
Aécio foi eleito na convenção nacional do PSDB realizada na manhã deste sábado (18), em Brasília. O mineiro obteve os votos de 521 dos 535 delegados que participaram do pleito.
— Se olharmos o que acontece com o Brasil, fica claro que os dois últimos anos foram de fracasso. Porque o governo Lula ainda se beneficiou do governo de FHC, mas os últimos tem sido de retrocessos. Vamos enfrentar um partido que se encastelou no estado e inverteu uma lógica, colocando o Estado a serviço de um partido e de seu projeto de poder.
O mineiro também defendeu as privatizações promovidas pelo governo de FHC. Nos últimos anos, os tucanos evitam defender publicamente as privatizações, especialmente nos períodos eleitorais.
— Garantimos a abertura da economia, com as privatizações.
O senador, num gesto de paz perante uma cúpula partidária que vive brigando, declarou que tem orgulho de ter como aliados FHC, o ex-governador de São Paulo, José Serra, e o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia.
— Que bom poder saber que não estarei sozinho nesta caminhada. Porque ela só fará sentido se estivermos juntos. E me orgulho de ter ao meu lado o melhor time, a começar por Fernando Henrique.
O novo presidente tucano terminou seu discurso afirmando que seu partido "vai reescrever a história do Brasil".
— Nos aguardem e nos esperem porque vamos escrever uma nova página na história do Brasil.
Aécio Neves agora terá o desafio de pavimentar a estrada que poderá levá-lo ao Palácio do Planalto. O senador mineiro tem o apoio de grande parte dos tucanos e sua candidatura para dirigir o partido tem o respaldo de seu antecessor na presidência do PSDB, o deputado Sérgio Guerra (PE).
Novo diretório
Ao todo, 535 filiados com direito a voto participaram da votação da nova executiva nacional do PSDB. São senadores, deputados federais, delegados dos Estados e do Distrito Federal, além dos atuais membros do diretório.
Além do novo presidente, foram escolhidos 236 nomes para compor a nova direção tucana. O voto foi secreto e registrado em cédulas logo no início da convenção.
Editoria de Arte/Folhapress | |
BORDÃO
Embora não tenha falado no microfone, no discurso que Aécio preparou para a convenção e que foi distribuído à imprensa o tucano usou um bordão semelhante aos de alguns de seus eventuais adversários na disputa pelo Palácio do Planalto: "É possível fazer melhor".
O mote se parece com o "É possível fazer mais" do governador Eduardo Campos (PSB-PE), bordão também explorado por Dilma Rousseff nos programas de TV do PT com seu "É possível fazer cada vez mais".
Curiosamente, na disputa de 2010 o então candidato presidencial José Serra (PSDB-SP) estampava na sua campanha algo bem parecido: "O Brasil pode mais".
UNIDADE
De olho na unificação da legenda, Aécio elogiou tucanos que têm resistência à sua candidatura, como o ex-governador José Serra (PSDB-SP) e o atual governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP).
"É preciso dar atenção à proposta do governador Geraldo Alckmin que aumenta o tempo de internação para a ressocialização de menores que cometem crimes mais graves", afirmou.
Ao falar de Serra, disse que sua gestão no Ministério da Saúde o governo participava com 46% da saúde em todo o país, enquanto o percentual hoje é de 35%.
Aécio ainda criticou a relação do governo federal com o Congresso, especialmente a "submissão" dos aliados de Dilma ao Palácio do Planalto. "Para que uma base paquidérmica como essa, para não fazer absolutamente nada? Colocaram a Câmara e o Senado de cócoras, de joelhos, envergonhados."
Ao encerrar o discurso, o tucano disse que a unidade do PSDB será o "amálgama, o instrumento mais eficaz que temos para mostrar ao Brasil que nem tudo está perdido". Aécio deixou o salão principal da convenção nacional do PSDB, em Brasília, e foi ao encontro dos militantes da sigla --parte deles não conseguiu entrar no local devido à superlotação.
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