Representantes do Movimento dos Sem Terra (MST) pretendem ficar acampados em frente ao Fórum Lafayete, no Barro Preto, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, por tempo indeterminado.
Os manifestantes querem a remarcação da audiência e a prisão preventiva do suspeito.
O grupo protesta contra o adiamento do julgamento do fazendeiro Adriano Chafik, acusado de comandar o ataque ao acampamento Terra Prometida, em Felisburgo, no Vale do Jequitinhonha, quando cinco pessoas morreram.
Os manifestantes querem a remarcação da audiência e a prisão preventiva do suspeito. Eles afirmam que pretendem ficar acampados no local até que sejam atendidos por um juiz.
“Temos três grandes objetivos: o primeiro é a remarcação imediata do julgamento. Não é possível que com a justificativa pífia do juiz continue a impunidade. O segundo objetivo é que queremos o assentamento imediado das famílias em Felisburgo. O terceiro e último é a prisão preventiva do fazendeiro Adriano Chafik”, explica Silvo Neto, da direção estadual do MST.
O grupo está preparado para ficar no local. Os manifestantes carregaram até o Fórum, colchões, lonas, fogão, e alimentos, como feijão e mandioca. “Não temos dúvida que esse é um fato que deverá ouvir o trabalhador e esperamos ser recebidos pelo juiz. Se não condenar o Adriano Chafik é uma carta branca para fazendeiros continuarem matando nos campos brasileiros”, afirma Neto.
A tropa de choque acompanha a movimentação do MST. Nesta manhã, a manifestação causou lentidão no Centro de Belo Horizonte.
Os manifestantes se encontraram com servidores da Prefeitura, em greve desde o início do mês, e um grupo que protestava na Praça Milton Campos, contra 11ª rodada de licitações de blocos para a exploração de petróleo e gás natural e a privatização de barragens. Juntos, todos saíram em passeata.
Entenda o caso
A Chacina de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento Terra Prometida, na Fazenda Nova Alegria, e atearam fogo em barracos e plantações.
Além das cinco vítimas executadas com tiros à queima-roupa - Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos, Miguel Jorge dos Santos, de 56, Francisco Nascimento Rocha, de 72, Juvenal Jorge da Silva, de 65, e Joaquim José dos Santos, de 48 - 20 pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança de 12 anos.
O crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.
O julgamento estava previsto para ser iniciado nesta quarta-feira, mas a defesa de Chafik apresentou na segunda-feira pedido de adiamento para que sejam ouvidas 60 testemunhas do processo na Comarca de Jequitinhonha, a 690 quilômetros da capital.
Segundo o advogado Rogério Del Corsi, um dos defensores de Chafik, o adiamento foi pedido para que sejam ouvidas 60 testemunhas de defesa e acusações na comarca de Jequitinhonha. Essas pessoas já deveriam ter sido ouvidas por carta precatória expedida por Glauco Soares, mas, de acordo com Del Corsi, um equívoco da Justiça impediu a realização das oitivas. "Ao invés de ouvir as testemunhas, a Justiça apenas expediu intimação para que elas compareçam no julgamento em Belo Horizonte. Mas nenhuma testemunha é obrigada a ir para outra cidade", observou.
O pedido foi acatado pelo juiz.
Fonte: Portal UAI
Fonte: Portal UAI
Comentário do Blog:
Este julgamento vem sendo adiado há anos. O crime aconteceu Há 8 anos e seis meses. Adriano Chafik se declarou responsável como mandante pela chacina. Seus advogados vem usando de prerrogativas de filigramas das leis brasileiras para evitar o julgamento.
Como diz o presidente do Supremo Tribunal Federal - STF, Joaquim Barbosa, o "Brasil é um país que pune muito pessoas pobres, pessoas negras e pessoas sem conexões", disse. "Pessoas são tratadas diferentemente pelo status, pela cor da pele, pelo dinheiro que tem", acrescentou. "Tudo isso tem um papel enorme no sistema judicial e especialmente na impunidade", argumentou.
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