Processo que apura envolvimento de " figurões " com a pedofilia está paralisado no Fórum da Comarca. Marcha reuniu cerca de 200 manifestantes
Em todo o país em 18 de maio é comemorado o dia de combate ao abuso e exploração da criança e do adolescente, uma data que remete à violência sexual e ao bárbaro assassinato de uma menina de 8 anos, no Espírito Santo, um crime que chocou o país.
Em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, a marcha foi realizada na manhã desta segunda-feira (20) com a participação de estudantes e representantes da sociedade que saíram às ruas para conscientizar a população sobre a importância de fazer a denúncia.
“Temos de ser intolerantes com este tipo de crime. Disque 100 e denuncie, proteja a sua e as nossas crianças”, disse a médica pediatra e vice-prefeita da cidade, Rita Capdeville.
A concentração teve inicio na praça do Fórum . Dali, a passeata seguiu pela rua Dom Serafim até a praça do Mercado onde se apresentaram a fanfarra da Escola Dom José de Haas e o Grupo de Percussão Conexão Afro-Guingem.
O Coral dos Estudantes do Colégio Nazareth também se uniu aos manifestantes, após apresentação na praça da Matriz.
Cerca de 200 pessoas participaram do ato. “ Uma causa tão importante, teve poucas adesões”, lamentou a professora e vice-diretora da Escola Estadual Dom José de Haas, Silvana Cunha Melo.
“ O problema foi o horário e o dia da semana. Muitas escolas tinham outras atividades programadas”, explicou a vice-prefeita.
Esquecer é permitir. Processo que apura escândalo da pedofilia em Araçuaí está parado
Muitos casos de exploração sexual e de trabalho infantil são verificados na cidade, mas a grande maioria dos crimes não chega a ser registrados formalmente.
Um dos casos mais escandalosos que apura a participação de figurões da cidade em crimes de pedofilia, está mofando nas prateiras do Fórum da Comarca.
O caso foi noticiado por vários veículos de comunicação do país e chegou a ser tema de um documentário em um canal de TV nacional.
As investigações foram iniciadas em novembro de 2006 quando a mãe de uma das menores procurou a polícia para denunciar o desaparecimento de sua filha de 13 anos.
A menina foi localizada no dia seguinte, por volta das onze e meia da noite, em uma pousada próxima ao hospital da cidade. Ela estava acompanhada de uma outra garota que fugiu ao perceber a chegada da polícia. Elas foram ouvidas na delegacia e denunciaram uma rede de pedofilia na cidade.
CORRENTE
De acordo com relatório do delegado da Polícia Civil Jaime da Costa, que acompanhou o caso, as menores se prostituíam, na maioria das vezes, com caminhoneiros em trânsito na cidade..
Tempos depois, estas menores passaram a se prostituir com homens de Araçuaí, “ pessoas de bem, situadas socialmente, médicos, bancários, funcionários do poder judiciário e até um cabo da polícia militar”, escreveu o delegado em seu relatório final.
“São pessoas que ao invés de dar parcela de contribuição social em favor de tais menores, preferiram explorá-las sexualmente, mediante pequenas recompensas, aproveitando a condição de pobreza das mesmas”, argumentou o delegado Jaime da Costa.
Entre os denunciados estão dois médicos, um despachante, um escrivão da 1º secretaria do fórum de Araçuaí, um comerciante, um cabo da Polícia Militar, um bancário, dois proprietários de pousadas, um ex--funcionário da prefeitura de Araçuaí e um eletricitário.
Eles foram denunciados no dia 7 de julho de 2008 pelos promotores Breno Costa da Silva Coelho e Agnaldo Lucas Cotrim. Uma audiência para ouvir os envolvidos chegou a ser marcada em setembro de 2011 mas acabou cancelada e o caso paralisado.
Sérgio Vasconcelos Repórter, na Gazeta de Araçuaí
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