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segunda-feira, 31 de março de 2014

Crise nas usinas de álcool e açúcar aumenta desemprego no Vale do Jequitinhonha.

Diminuiu o número de cortadores de cana que viajam para São Paulo.

A crise que se abateu sobre diversas usinas de açúcar e álcool no país faz aumentar o desemprego no Vale do Jequitinhonha. No passado, anualmente, milhares de trabalhadores saíam da região para trabalhar no corte de cana em São Paulo. Nos últimos anos, a quantidade de pessoas enviadas para as usinas de álcool e açúcar diminuiu de maneira significativa. A consequência é que, hoje, grande parcela dos ex-cortadores de cana do Jequitinhonha está desempregada.
“O grande problema é que, além da falta de emprego, aqui chove muito pouco. Os agricultores familiares tentam produzir, mas não conseguem por causa da seca”, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Araçuaí, Antonio das Graças Pires da Silva. Segundo ele, já chegaram a sair do Vale do Jequitinhonha, por ano, cerca de 30 mil trabalhadores para o trabalho no corte de cana nas usinas no interior de São Paulo, principalmente na região de Ribeirão Preto. Os homens costumavam ir nos meses de março e abril (início da safra). Deixavam para trás as mulheres, as “viúvas da seca”, mas, mesmo à distância, os cortadores de cana movimentavam a economia no vale, enviando remessas para garantir o sustento da família que ficou em casa.
“As próprias empresas que mandavam os ônibus para levar o pessoal. Mas, ultimamente, as firmas não enviam mais o transporte. Os trabalhadores que desejam ir para São Paulo precisam viajar por conta própria”, diz Antônio das Graças. “Já chegaram a sair 200 ônibus de trabalhadores da cidade em poucos dias”, lembra o presidente do sindicato. Segundo ele, com a redução da oferta de postos de trabalho nas usinas de açúcar e álcool, uma alternativa para os moradores do Vale do Jequitinhonha é procurar ocupação na construção civil em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de aneiro.
André Felipe e José Reinaldo: sem empego no corte de cana em São Paulo, ganham a vida trabalhando como mototaxistas em Araçuaí – Foto: Sérgio Vasconcelos

QUALIFICAÇÃO

Também aumentou a migração para as lavouras de café do Sul de Minas. No entanto, a falta de qualificação ainda é um obstáculo para muitas pessoas do meio rural, onde muitos estão vivendo exclusivamente dos benefícios do programa Bolsa-Família.
André Felipe Alves de Souza, de 25 anos, solteiro, morador de Araçuaí já viajou para o corte de cana na região de Ribeirão Preto por cinco vezes, na primeira delas com 18 anos. Hoje, com a redução da oferta, tenta ganhar a vida como mototaxista em Araçuaí. Outro ex-cortador de cana que tenta sobreviver como mototaxista em Araçuaí é José Reinaldo Marcelo Santana Júnior, de 26. Ele viajou para o corte de cana durante três anos e trabalhou em usinas no Paraná e em São Paulo. “Por mais que o trabalho fosse sofrido, dava para a gente ganhar alguma coisa”, diz José Reinaldo, que comprou a moto com o dinheiro que conseguiu juntar nas usinas. Ele disse que no transporte alternativo ganha entre R$ 400 e R$ 700 por mês. 
Fonte: Estado de Minas

terça-feira, 9 de abril de 2013

Secretaria do Estado e Ministério do Trabalho intervêm na contratação de trabalhadores para o corte de cana


Programa Marco Zero quer inibir as ações de "gatos" na contratação de trabalhadores no Vale do Jequitinhonha
Cerca de 80 trabalhadores dos municípios de Araçuaí, Minas Novas, Catuji, Chapada do Norte e Berilo, no Vale do Jequitinhonha, saíram de Araçuaí para a colheita de cana-de-açúcar no interior de São Paulo. Os trabalhadores foram intermediados pela Secretaria de Trabalho e Emprego de Minas Gerais (Sete), por meio da unidade de atendimento ao trabalhador do Sistema Nacional de Emprego (Sine) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Prefeito de Araçuaí, Armando Paixão (de camisa branca), e o Secretário de Trabalho e Emprego, deputado federal Zé Silva (de camisa de mangas compridas), conversam com trabalhadores do corte de cana 

A iniciativa faz parte do Programa Marco Zero, uma parceria entre a Sete e o Ministério do Trabalho e Emprego para a intermediação da mão de obra rural das regiões do Vale do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, principalmente com empregadores da região do Triângulo Mineiro e do interior de São Paulo. A ação conjunta inibe a ação de aliciadores de mão de obra, conhecido por gatos, retira trabalhadores rurais de serviços em condições análogas às de escravos e garante o trabalho digno e formal no campo.

Para o secretário de Estado de Trabalho e Emprego, Zé Silva, o programa é um grande avanço em benefício dos trabalhadores rurais. "Acompanhei pessoalmente todo o trabalho de apoio a esses trabalhadores na unidade de Araçuaí, desde o preparo da documentação a alimentação e transporte, para que possam ir e voltar com segurança para os seus lares. O Marco Zero é uma ação de grande importância para darmos ao homem do campo a dignidade que ele merece, oferecendo melhores condições de vida para sua família."

Os trabalhadores, que ficam na colheita por até nove meses, realizam exames médicos admissionais na unidade do Sine de Araçuaí, têm sua carteira de trabalho assinada e só viajam depois que o MTE emite à empresa contratante a Certidão Declaratória de Transporte. No regresso, têm o direito ao seguro-desemprego, ficando, assim, amparados financeiramente até o início da próxima colheita.

Em Minas Gerais, as ações do Marco Zero também são executadas pelas unidades do Sine de Almenara, Teófilo Otoni e Salinas. O programa, além de Minas, contempla os estados do Maranhão, Piauí, Pará e Mato Grosso.

FONTE: Agência Minas

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Cortadores de cana do Vale paralisam atividades no Triângulo Mineiro contra atraso no pagamento


À frente da sede da empresa, em Capinópolis, trabalhadores protestaram para receber salários

Motivo foi o atraso no pagamento dos salários. Condições de trabalho também estão entre as reclamações dos operários.
Operários disseram que pagamento do salário 
sempre atrasa (Foto: Reprodução/TV Integração)
Trabalhadores de uma usina de álcool e açúcar localizada a 20 quilômetros de Capinópolis, no Triângulo Mineiro, paralisaram as atividades e se concentraram em frente a empresa como forma de protesto, nesta quarta-feira (28.11). Várias questões motivaram a paralisação e entre elas está o atraso no pagamento dos salários.

De acordo com o trabalhador rural, Odair José dos Santos, a paralisação teve início logo no começo do expediente, quando os operários cruzaram os braços. "Todo vencimento de quinzena precisamos parar para poder receber. Caso contrário, o salário não sai", revelou.

A paralisação envolveu os empregados que trabalham no corte da cana. A maioria deles saiu do Vale do Jequitinhonha, como é o caso de João Gomes. Ele afirmou que a família está passando fome no Norte do estado, já que o salário não está sendo enviado mensalmente. "Eles passam dificuldade, pois o pão sai daqui e não estou conseguindo enviar o dinheiro já que não estamos recebendo", contou o trabalhador.

Funcionários de outras categorias decidiram aderir ao protesto no meio do período da manhã. Este foi o caso do motorista Milton dos Reis. "Como alguém que paga aluguel, prestação de carro e alimentação vai sobreviver?", questionou.

Além do pagamento dos salários em dia, os manifestantes cobraram melhores condições de trabalho e de moradia. Muitos reclamaram que estão vivendo em condições sub-humanas por causa da precariedade dos alojamentos, além de falhas na assistência médica aos trabalhadores que ficam doentes. "A água está suja de óleo diesel, besouros, baratas", contou o trabalhador rural José Roberto Viana.

Uma comissão de trabalhadores com apoio de entidades como Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg) e Cut vai participar de uma reunião com representantes da empresa. A reunião será realizada a portas fechadas e nenhum diretor está autorizado a falar sobre o assunto. A empresa apenas informou que não há previsão para o término da reunião.

Do G1 Triângulo Mineiro, via Blog do Jequi

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Cortadores de cana ganham causa de Usina Dracena, de São Paulo


Caraí: Usina é condenada por aliciamento e alojamento precários




cortadores Usina em SP é condenada a indenizar empregados por aliciamento e alojamento precário, muitos de Caraí MGA Usina Dracena Açúcar e Álcool Ltda. e a empresa Ouro Verde Agrícola, ambas pertencentes ao mesmo grupo econômico, foram condenadas solidariamente pela Justiça do Trabalho de Dracena a indenizar trabalhadores por submetê-los a alojamentos precários e a falsas promessas de trabalho no interior de São Paulo. As empresas também ficam obrigadas a seguir a lei em relação a alojamentos para ruralistas. 


O gato Paulo Prates do Nascimento, responsável pela vinda dos migrantes da cidade de Caraí, Vale do Jequitinhonha
em Minas Gerais, também figura como parte na ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho em Presidente Prudente, e também sofreu condenação.

Em 2010, a Vigilância Sanitária de Panorama, cidade onde os migrantes ficaram alojados, flagrou 5 apartamentos habitados por mais de quarenta trabalhadores rurais, os quais não possuíam camas, colchões em quantidade suficiente, roupa de cama, higiene, entre outras irregularidades. O relatório, emitido ao MPT, aponta que os migrantes da cidade de Caraí (MG) dormiam em papelões e em colchões sujos e rasgados, em locais sem armários.

O MPT apurou que os trabalhadores não chegaram a iniciar a prestação de serviços, mas foram trazidos para trabalharem para a Ouro Verde Agrícola, que fornece cana para a Usina Dracena, a pedido do próprio grupo econômico. O gato Paulo Prates do Nascimento os havia trazido em ônibus clandestinos, e os obrigou a pagarem R$ 150 pela passagem.

Não houve início de prestação de serviços, mas houve promessa de emprego, que não se concretizou em virtude de circunstâncias alheias aos trabalhadores rurais, que foram enganados e que são as principais vítimas da história, inseridos num sistema de cooptação fraudulenta de mão de obra, com a participação da usina, que transfere a terceiros desprovidos de meios e recursos, a responsabilidade trabalhista e social que lhes caberia, afirmam os procuradores.

trabalho escravo na cana Usina em SP é condenada a indenizar empregados por aliciamento e alojamento precário, muitos de Caraí MGA usina, ao saber que os trabalhadores eram migrantes, se recusou a contratá-los, mesmo a empresa tendo realizado exame admissional em pelo menos 15 deles. Os procuradores de Presidente Prudente fundamentam na ação que há total responsabilidade do grupo econômico. Essa circunstância, por si só, independentemente da ciência da usina acerca da qualidade de migrantes dos trabalhadores rurais, atraem a responsabilidade civil e trabalhista pelos atos executados pelo terceiro, prestador de serviços do grupo usineiro, locados de ônibus para o transporte dos empregados rurais, uma vez que as empresas Usina Dracena e Ouro Verde Agrícola deveriam saber dos riscos que a delegação da função de recrutar e agenciar trabalhadores pode causar, notadamente pela absoluta idoneidade financeira e técnica do prestador de serviços, que aliciou a mão d eobra migrante, explicam os procuradores.

Alojamentos

Juridicamente, os procuradores utilizam-se do argumento de que os alojamentos dos trabalhadores são uma extensão do meio ambiente de trabalho, já que os migrantes vindos de outras partes do país lá se encontram em decorrência do serviço prestado à empresa contratante, e que o grupo usineiro tem total responsabilidade na vinda dessas pessoas ao interior de São Paulo.

A conjunção dos depoimentos tomados pelo MPT evidencia essa teoria. Embora as empresas requeridas neguem qualquer participação no episódio, os depoimentos deixam claro que a empresa conferiu ao senhor Paulo Prates do Nascimento poderes para agenciar e recrutar mão de obra, na verdade, obrigou-o a indicar trabalhadores rurais para completar o ônibus. Partindo-se desta premissa, a responsabilidade pelo que ocorreu com os trabalhadores desde a saída da cidade de Caraí até o presente momento, deve ser imputada às empresas, finalizam.

Obrigações da sentença

A sentença proferida pela Vara do Trabalho de Dracena obriga o grupo usineiro a realizar, em trinta dias, um levantamento das condições das moradias coletivas dos seus trabalhadores, providenciando a regularização dos alojamentos conforme a lei no mesmo prazo. Caso eles estejam fora do que exige a legislação, deve haver a mudança de moradias, sem custo para os trabalhadores.

As três partes acionadas (Usina Dracena, Ouro Verde e Paulo Prates do Nascimento) devem indenizar em R$ 300 os trabalhadores em relação às despesas de viagem que estes tiveram no trajeto de Caraí a Panorama, com correção monetária. Além disso, as partes devem pagar indenização por danos materiais referente às verbas rescisórias a que os trabalhadores fariam jus se tivessem sido registrados em carteira pelas empresas, contadas do dia em que chegaram até o dia em que retornaram para Caraí.

O grupo usineiro deve pagar R$ 5 mil para cada trabalhador pelo danos morais causados, além de R$ 100 mil ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) por danos morais coletivos.

O gato Paulo Prates do Nascimento pagará indenização de R$ 1 mil para cada um dos quarenta trabalhadores, além de R$ 30 mil ao FAT por danos morais coletivos.

Fonte: Jus Brasil via Blog do Jequi 

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Rumo ao corte de cana, centenas de jovens deixaram Araçuaí no inicio da semana.
Sérgio Vasconcelos Repórter
Fotos: Josiel Alves
Cerca de 200 jovens sairam de Araçuaí na ultima segunda-feira ( 03/10 ) para o corte de cana em São Paulo
Araçuaí presenciou na última segunda-feira (03.10) uma cena que se tornou rotina, porém, vergonhosa. Centenas de jovens – a maioria da zona rural- partindo para o corte de cana em São Paulo. Com idades que variam de 18 a 40 anos, eles deixam para trás, família, amigos, mulheres, filhos, namoradas. Levam na bagagem o sonho de ganhar dinheiro, comprar uma moto, um som, construir uma casa e pagar as dívidas.



No corte de cana, é comum um trabalhador ganhar de R$ 700 a mil reais por mês, contra as diárias de R$ 10 a R$ 20 reais na região. Para os migrantes, separados de suas famílias por mais de mil quilômetros, em nome de um “ salário gordo”, a palavra de ordem é “ correr sem parar, entre as fileiras de cana, já que ganham por produção.

“ Vamos à procura de uma coisa melhor, porque a região não oferece nada”, disse em coro, um grupo de jovens que aguardava na praça das Rosas, em Araçuaí,a partida dos ônibus. Muitos chegaram pela manhã. Vários não tinham sequer almoçado até as 14 horas e a maioria não sabia ao certo o destino do grupo. “ Para onde vamos não sabemos. Mas o que vamos encontrar eu sei: muito trabalho pesado”, disse Cleomar Rodrigues, 21 anos, natural de Salinas. “ Bom seria ficar por aqui mas, fazer o que?”, conforma-se o rapaz. “ Acho que vamos para uma cidade perto de Campinas”, arriscava um palpite, Josuelto Dutra, 24 anos, da região do Piauí, zona rural de Araçuaí..


“ Vou sentir saudades do meu filhinho de 3 anos”, disse ele. “ Esta é a terceira vez que estou indo pro corte. Tou deixando pra trás, dois filhos pequenos e minha esposa”, contou Leandro Gomes da Silva, 28 anos, também da zona rural de Araçuaí. “ Vou ganhar um dinheiro para pagar as dívidas e voltar”, garantia o trabalhador.

Cinco ônibus saíram de Araçuaí, levando os trabalhadores para as usinas de Pitangueiras,Tatuí,Piracicaba, Sertãozinho e região. “ Quem não tem estudo direito, sofre”, resumiu Altemar Franca de Sousa, 36 anos,natural de Araçuaí, contando que em busca de emprego, já passou por usinas de Mato Grosso e São Paulo. Hoje ele é agenciador, mais conhecido por “ gato “, responsável pela seleção dos trabalhadores. “ Essa turma agora é da entressafra. Vai ficar só três meses”, disse ele.
Mão de obra barata
ENTRESSAFRA-Os cortadores de cana viajaram em 5 ônibus. Eles permanecerão por 3 meses nas usinas sucroalcooleiras de São Paulo
Com base em pesquisa do Serviço Pastoral dos Migrantes de São Paulo, ligado à Igreja Católica, a Diocese de Araçuaí estimou em quase 37 mil o número de trabalhadores de 17 municípios de sua jurisdição emigrados para o corte de cana em São Paulo, no ano passado. A soma representa mais de 10% da população total dessas cidades que totalizam uma média de 260 mil habitantes.

O Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas Gerais, é o principal fornecedor de cortadores de cana para as usinas paulistas. Para se ter uma idéia, em 2004 quase 4 mil trabalhadores saíram do município de Berilo para os canaviais paulistas. O município possui pouco mais de 12 mil habitantes.

As usinas do interior de São Paulo preferem contratar trabalhadores temporários para o corte manual de cana-de açúcar do que investir em equipamentos modernos. Os cortadores de cana são preferidos pelo baixo valor do salário e pelo alto rendimento. Muitos se tornam verdadeiros atletas dos canaviais, já que ganham por produção. Andar, abaixar, golpear e abraçar a cana para amontoá-la em vários feixes. Esta é a dura rotina de um bóia-fria dos canaviais, além da baixa remuneração e as precárias condições de trabalho.

Em 2005, a Relatoria Nacional para o Direito Humano ao Trabalho, com apoio da Organização para as Nações Unidas (ONU)e do Ministério Público Federal, divulgou um relatório sobre as condições de trabalho nos canaviais paulistas. O estudo, baseado em visitas a canaviais e alojamentos das usinas, foi uma reação à morte de oito cortadores de cana em São Paulo, entre 2004 e 2005. Cinco dos mortos eram migrantes temporários de municípios do Vale do Jequitinhonha. Os outros eram nordestinos. O relatório atribuiu as mortes, precedidas de paradas cardíacas, ao excesso de esforço físico sob o sol forte, em curto espaço de tempo, devido ao corre corre nas “ ruas dos canaviais”.
Vida na ponta do podão Residente em Araçuai,Rodrigo Carvalho Xavier, 23 anos, tem o sonho de trabalhar em informática, porém, a falta de oportunidades o empurrou para o corte de cana.
O sonho de Rodrigo Carvalho Xavier, 23 anos, morador do bairro Santa Tereza em Araçuaí era trabalhar com informática.. Com segundo grau completo, ele não tinha na tarde de segunda-feira, certeza absoluta do lugar onde trabalhará, nem o nome da empresa. “ Acho que a empresa chama Vila Velha, na cidade de Mirandópolis, interior de São Paulo. Eu não queria sair da minha cidade, porque aqui é que mora minha família, meus amigos.”, contava o jovem, reclamando que a maioria das empresas pede experiência e isso dificulta a vida de quem está começando”, analisa o jovem. “ Por isso o pessoal vai para o corte de cana.

Uma lei estadual de 2006, que previa para aquele ano, o fim da queima de cana, por razões ambientais, foi modificada por outra, após pressão política de usineiros. A nova lei prevê uma suave redução das áreas da queima de cana até a extinção em 2031. No entanto, a partir de 2014 , com a intensificação da mecanização, muitas empresas já não vão mais contratar cortadores de cana.

“ È preciso criar alternativas e condições de trabalho para receber estes milhares de nossos irmãos do Vale que ficarão desempregados. Caso contrário haverá um caos social sem precedentes na região” , alerta o médico Aécio Jardim, prefeito de Araçuaí e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Jequitinhonha

Publicado no Gazeta de Araçuaí

terça-feira, 27 de setembro de 2011

DENÚNCIA: Cortadores de cana usam crack para suportar jornada de 14 horas


DENÚNCIA: Cortadores de cana usam crack para suportar jornada de 14 horas Durante visitas feitas aos municípios paulistas, deputados estaduais receberam denúncias de que usineiros estão incentivando o uso do crack entre os cortadores, conforme a apresentação de um relatório produzido pela Frente Parlamentar de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, nesta terça-feira, 20.09. O levantamento indica que jovens com idade entre 16 e 25 anos representam 57% dos usuários da droga em São Paulo.

Para Daniel Adolpho Assis, advogado do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDECA), a situação é resultado da disseminação do crack no interior e faixa litorânea do país. Ele acrescenta que os jovens são as maiores vítimas da superexploração do trabalho.

“Ainda não foi exterminado o trabalho forçado e o trabalho escravo propriamente dito no Brasil. Há muita gente que ainda morre por exaustão. Ou seja, por efeito negativo e danoso na saúde a partir da exploração do trabalho. O crack vem para anestesiar, sendo uma droga potente e extremamente aditiva, que causa dependência rapidamente.”
O crack é consumido no mesmo percentual que o álcool em municípios com população entre 50 mil e 100 mil habitantes. Apenas 12% dessas localidades recebem recursos federais para programas de enfrentamento ao problema. Já os repasses estaduais chegam em apenas 5% dos municípios.

Uma pedra de crack pode ser comprada por até R$ 2. O uso crônico provoca perda de peso e aumenta o risco de infecções. O usuário pode apresentar quadros de psicose, agressividade, paranóia e alucinações.

Texto: Jorge Américo,
Da Radioagência NP, via FANADEIROS.COM.BR e Blog do Jequi

terça-feira, 21 de junho de 2011

Cana-de-açúcar mantém um pé no futuro, outro no atraso

Cana-de-açúcar mantém um pé no futuro, outro no atraso

Secretaria de Saúde denuncia trabalho degradante em São Paulo
O setor se moderniza para competir lá fora, mas os trabalhadores são excluídos.
A safra de cana-de-açúcar no período 2010-2011 fechou com recorde de 625 milhões de toneladas colhidas, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Na Região Centro-Sul, chegou a 557 milhões de toneladas, com 55% destinados à produção de etanol e 45%, à de açúcar.
O setor sucroalcooleiro se modernizou nos últimos anos, ganhou o mercado externo, mas as condições de trabalho continuam sofríveis: jornadas exaustivas, más condições de higiene e de moradia e pouca qualificação. Em São Paulo, que produz mais de 50% da cana do país, um acordo firmado em 2007 entre usineiros e o governo prevê o fim das queimadas em áreas mecanizadas em 2014 e, nas demais, em 2017. A mecanização já representa mais da metade da área colhida e é uma ameaça ao emprego.

“A introdução da colheita mecanizada deslocou a mão de obra braçal de São Paulo para o Triângulo Mineiro, Goiás e Mato Grosso” – diz o padre Antônio Garcia Peres, da Pastoral do Migrante em Guariba, cidade paulista a 350 quilômetros da capital, palco de uma greve famosa, em 1984. Guariba acostumou-se a receber migrantes do interior do Maranhão, um dos Estados campeões em denúncias de trabalho escravo. Padre Antônio relata que o trabalhador preferiria continuar em São Paulo, porque em outras regiões as condições são mais insalubres e os ganhos, menores. Mas a falta de qualificação e de escolaridade o empurra para onde existir trabalho. “É o grande drama da mão de obra rural do Brasil.”


AS MALVADEZAS NOS CANAVIAIS
Em 2008, o Ministério Público do Trabalho criou o Plano Nacional de Promoção do Trabalho Decente no Setor Sucroalcooleiro, com o objetivo de impedir que a expansão do setor se desse em condições de trabalho desumanas. Coordenador de forças-tarefa em Alagoas, na Bahia e no Rio Grande do Norte, o procurador Rodrigo Raphael Rodrigues de Alencar, do MPT alagoano, afirma que as fiscalizações precisam voltar a se intensificar. “A atividade é quase sub-humana” – diz.

Nas fiscalizações de usinas em 2008 e 2009, que resultaram em dezenas de termos de ajustamento de conduta (TACs) e ações civis públicas, os casos mais comuns eram falta de exame médico, transporte irregular, ausência de instalações sanitárias e de abrigo para refeições – até para se tomar um gole de água potável.

Outra situação comum é o tempo de percurso até o campo. As horas in itinere, consideradas horas de trabalho, nem sempre são pagas. “Às vezes são duas horas até o canavial” – observa Alencar. O procurador também defende a contratação por prazo indeterminado, para garantir direito a seguro-desemprego ao final da safra.


RITMO INSANO
17 flexões de tronco por minuto
54 golpes de facão por minuto
12 toneladas de cana cortadas e carregadas por dia
Percurso de nove quilômetros/dia
Perda de oito litros de água na jornada diária

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo

Edinaldo Soares
Comercial e Marketing
http://www.gessont.com.br/
edimaximus1@msn.com



Publicado no Blog do Tim, de Adailton Rodrigues, professor e vereador de Chapada do Norte, Médio Jequitinhonha.

domingo, 29 de maio de 2011

Araçuaí: Audiência Pública vai debater alternativas para cortadores de cana

Araçuaí: Audiência Pública vai debater alternativas para cortadores de cana Nesta segunda-feira, 30.05, será realizada uma Audiência Pública das Comissões de Participação Popular (CPP) e do Trabalho, Previdência e Ação Social, da Aseembléia Legislativa de Minas Gerais. O evento caontecerá a partir das 9 horas, no Colégio Nazareth, em Araçuaí.


O objetivo é reunir representantes do Governo do Estado, sindicatos, associações e prefeituras para discutir alternativas de geração de emprego e renda para fazer frente à acelerada mecanização da colheita de cana em São Paulo, que absorvia mão-de-obra da região.


Em algumas cidades, de 30% a 35% da mão- de- obra adulta se deslocam até São Paulo uma parte do ano para o corte de cana e as previsões do Ministério do Trabalho são de que, até 2014, deixem de ser contratados 150 mil cortadores de cana no País, dos quais 30 mil oriundos do Médio Jequitinhonha.

“Precisamos antecipar com o Governo a criação de alternativas para esses trabalhadores. A mecanização do corte de cana pode se tornar uma oportunidade para fixar os trabalhadores em suas próprias cidades, desde que eles tenham opções de emprego e renda na região”, destacou o deputado estadual André Quintão(PT-MG), ao requerer a audiência, atendendo pedido da Prefeitura e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Virgem da Lapa.


A audiência tem início às 9h, no Colégio Nazareth, à Rua Dom Serafim, 435, em Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas.


Com informações do Gabinete do Deputado Estadual André Quintão.

sábado, 12 de março de 2011

Cortadores de cana vão perder 150 mil empregos

Cortadores de cana vão perder 150 mil empregos com mecanização
Cerca de 30 mil trabalhadores são do Vale do Jequitinhonha

A mecanização viabiliza a produção do etanol com pouca agressão ao meio ambiente, afirma professor da UNESP
Com a mecanização nos canaviais paulistas, foram fechados pelo menos 40 mil postos de trabalho no corte da cana-de-açúcar desde 2007, calcula o professor do Departamento Economia Rural da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) José Giacomo Baccarin.

No mesmo período, o setor sucroenergético abriu vagas suficientes para realocar apenas 10% dos ex-cortadores em atividades como a de tratorista. Outros postos abertos no ramo não são preenchidos por esses trabalhadores por causa da baixa escolaridade, segundo o professor.

Baseado em análises dos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, Baccarin aponta que em maio de 2010 – mês em que há o pico da safra – trabalhavam na colheita manual 166,4 mil pessoas. Ele estima que 150 mil desses cortadores de cana sejam dispensados até 2014, último ano para o fim da queima da palha da cana, necessária para o corte manual, em todas as áreas mecanizáveis do estado.

Cerca de 30 mil desses trabalhadores são do Médio Jequitinhonha, no nordeste de Minas Gerais. Os principais municípios de origem são Araçuaí, Berilo, Chapada do Norte, Francisco Badaró, Minas Novas e Virgem da Lapa.

O prazo de 2014 foi estabelecido em um protocolo assinado entre o governo estadual e a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

O Ministério Público Federal tem pressionado por um processo de licenciamento mais rigoroso para permitir as queimadas no estado. No fim de janeiro, uma ação impetrada pelo órgão foi acatada pela Justiça Federal, que suspendeu a queima na região de Franca, interior do estado.
As queimadas e o trabalho estafante são os motivos de pressão para a mecanização
Para Baccarin, esse tipo de pressão ajuda a acelerar o processo de mecanização, mas não é o fator decisivo. “A questão é valorizar o etanol como combustível renovável e não agressor ao meio ambiente, é isso que está acontecendo”, destacou em entrevista à Agência Brasil.
As queimadas pioram a qualidade do ar dos municípios produtores e a colheita manual é apontada como um trabalho muito penoso.

“O lado bom da mecanização é isso. As pessoas deixam de fazer esse serviço forçoso [pesado], no limite desumano, que é cortar cana”, analisa o coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), José Silvestre Prado de Oliveira.
Ele pondera, no entanto, que a perda maciça de empregos impacta diretamente milhares de famílias e os municípios onde há o cultivo. “Tem o problema de ordem econômica e social que é o que fazer com as pessoas que viviam e dependiam dessa renda para viver.”

Algumas prefeituras têm buscado formas de amenizar esses efeitos, segundo Baccarin. “Uma coisa que já percebi que as prefeituras fazem é encaminhar o pessoal para o seguro-desemprego.”
O trabalho estafante e desumano é outro motivo para a mecanização
Qualificação de trabalhadores
A Unica desenvolve desde o ano passado um programa de requalificação de cortadores chamado Renovação. “É um modelo em que o trabalhador continua recebendo o salário dele, mas estuda em período integral”, explica a assessora de Responsabilidade Social Corporativa da entidade, Maria Luiza Barbosa.
Poucos dos trabalhadores do Vale do Jequitinhonha estão enquadrados na qualificação de mão de obra para serem aproveitados em outras áreas de produção.

O programa desenvolvido pela Unica tem foco, segundo ela, na capacitação de acordo com a disponibilidade de vagas em cada região. “É formar para o cara ter opção de trabalhar naquela área [sucroenergética] ou ser um profissional autônomo”. Ela afirma que o projeto tem “cunho social” e que os cursos oferecidos, com cerca de 300 horas de duração, são de alta qualidade, e exige o ensino médio completo.
“É para aprender, não para falar que fez.”

A meta do projeto é, por ano, qualificar para outras atividades 7 mil trabalhadores braçais. Parte deles será realocada pela própria indústria canavieira, mas a maior parcela terá de ser absorvida por outros setores. Caso cumpra o proposto, o Renovação capacitará 35 mil cortadores até 2014.

O presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Regente Feijó (SP), Marcelino Sotocorno, afirma, no entanto, que as usinas têm preferido empregar trabalhadores mais qualificados a ex-cortadores na colheira mecanizada. Segundo ele, foi preciso pressionar as empresas para que os cortadores fossem qualificados para os postos.

Para o presidente do Sindicato de Empregados Rurais de Ribeirão Preto (SP), Sílvio Palviqueres, a requalificação ainda é “mínima” em comparação à velocidade da mecanização. Segundo ele, na região, uma das maiores produtoras de cana do estado, uma parte dos trabalhadores é absorvida pela construção civil.

“Esses trabalhadores não têm escolaridade, sabem só assinar o nome, então eles não conseguem disputar uma vaga na área urbana. A única coisa que sobra para eles é a construção civil.”
Com informações de jornais online da região de Franca e Ribeirão Preto, em São Paulo

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cortadores de cana terão audiência pública em Virgem da Lapa

Virgem da Lapa terá Audiência Pública para discutir a situação dos cortadores de cana
A previsão é de que em 2014 já não sejam contratados cortadores no interior de São Paulo Em sua primeira reunião ordinária da 17ª. Legislatura, na semana passada, 03.03, a Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa aprovou 10 requerimentos propondo a realização de um debate e nove audiências públicas.

Também foram aprovadas duas propostas de audiências públicas conjuntas com a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social. A primeira, de autoria do deputado André Quintão (PT), propõe discutir a situação dos cortadores de cana do Jequitinhonha/Mucuri, ameaçados de desemprego frente à acelerada mecanização do campo, no interior de São Paulo.

A previsão é de que em 2014 já não sejam contratados cortadores, resultando em grande massa de mão-de-obra ociosa na região. O pedido da audiência pública foi feito pela Prefeitura de Virgem da Lapa e pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Município

Fonte: Com informações da Assessoria de Comunicação da ALMG

terça-feira, 29 de junho de 2010

Pastoral do Migrante comemora 25 anos de luta por direitos

Pastoral do Migrante faz 25 anos
Entidade acompanha e luta pelos que deixam a região em busca do pão
A Pastoral do Migrante completou 25 anos de criação este ano. As comemorações aconteceram durante a 25ª Semana do Migrante, realizada entre os dias 13 e 20 de junho, com o tema: Por uma Economia a Serviço da Vida.

A migração é um dos principais problemas enfrentados no Vale. Ela é praticamente forçada. A situação escancara a maior deficiência do Jequitinhonha que é a falta de trabalho e renda. Todos os anos, a saga dos cortadores de cana se repete. E a cana ano, o número de jovens aumenta. Eles partem em busca de uma vida mais digna e muitas vezes o que encontram são situações degradantes e um trabalho extenuante. Pensando em toda esta problemática é que foi criada a Pastoral do Migrante, no ano de 1985.

A organização dos trabalhadores e a conscientização de seus direitos melhorou um pouco as condições de trabalho. Nas décadas de 70 e 80 eles saíam da região sem carteira assinada e sem nenhuma garantia. Muitos foram enganados, outros até vivenciaram trabalho escravo. Nos canaviais comida e moradia eram de péssima qualidade. Agora, com estas conquistas, a luta é por criação de políticas públicas de emprego e renda aqui na região, para que os trabalhadores não precisem migrar.
Foto: cortadores de cana com podão na mão
Carteira assinada, trabalho remunerado e obtenção de renda são os fatores que arrancam dezenas de trabalhadores da região rumo às lavouras de cana. Esse ano foram mais de 20 ônibus lotados com jovens e adultos que deixam para traz sua terra e família, somente em Araçuaí. Enquanto isso, a região apresenta um grande potencial ainda não explorado na área da mineração e fruticultura.

O Vale é uma das regiões do país com o maior número de migrantes. Todos os anos milhares deles deixam o Jequitinhonha por falta de ocupação, trabalho e renda e se aventuram em busca de melhores condições de vida.

Fonte: TV ARAÇUAÍ , por André Sá

segunda-feira, 29 de março de 2010

Corte de Cana

Corte de Cana
Jotinha do Forró e Pepe Moreno
Composição: Zé Luis

- Alô, papai!
- Alô!
- Ô pai, venha logo,tô com saudade,
-você tá onde pai?
- Estou no interor
de São Paulo cortando cana, meu filho,
- Não demora pai,
acho que vou desmaiar, de tanta fome.
- Ó, meu Deuso!

Saudade de casa, da família,
estou em São Paulo pra melhorar de vida,
Tô no corte de cana,
ah que vida!

Aqui não tenho valor,
sou um bóia fria
O trabalho é pesado, e o sol queima,
o calor é imenso, é grande a sede
Eu deixei minha cidade,
em busca de um bom salário,
aqui em São Paulo é pior.

Venha logo, papaizinho,
que eu estou aqui sozinho,
é de fazer dó.

A fome dói, dói- dói-dói.
Pra não roubar, papai tem que trabalhar,
nem que seja fora.
O mundo dá muitas voltas,
Alô, papai,
- Alô!
- Ô pai, venha logo,
traz dinheiro pra comprar comida,
pagar as contas pai.

Ô meu filho, não se preocupe não,
o pai tá indo
- Alô papai,
- Alô meu filho, tá fazendo o que aí, pai?
- Tô trabalhando meu filho,
tô cortando cana aqui em São Paulo
- Vem embora, pai,
- Eu tô ajuntando dinheiro, meu filho
pra mim ir embora,
- Volta pra casa, pai,
- Eu vou, meu filho.
- O pai tá com saudade,
- Eu choro todo dia com saudade de você, pai,
eu vou, eu vou.

Saudade de casa, da família,
eu tou em São Paulo,
pra melhorar de vida.
Tô no corte de cana,
ah que vida!
Aqui não tenho valor, sou um bóia-fria.
O trabalho é pesado e o sol queima,
o calor é imenso, é grande a sede.
Eu deixei minha cidade, em busca de um bom salário,
aqui em São Pauloé pior.
Venha logo, papaizinho,
que eu estou aqui sozinho,
é de fazer dó.
A fome dói, dói- dói-dói.
Pra não roubar papai tem que trabalhar,
Nem que seja fora.
O mundo dá muitas voltas.

Alô papai, alô, ô pai venha logo,
vem ficar comigo,
- Ô meu filho, eu vou embora,
vou na Rodoviária
vou comprar minha passagem,
e vou embora,
vem papai , vem ficar comigo, vem pai vem...
Refrão
Já estou indo meu filho, vou embora,vou embora,
qual quer hora eu tou chegando a ir.
Venha logo, papaizinho,
venha embora, venha embora, venha embora,
Que eu estou com saudade.
Já estou indo, meu filho,
vou embora, vou embora,
qualquer hora, papai chega aí.

Ouça a música clicando em corte-de-cana

terça-feira, 16 de março de 2010

Cortadores de cana são contratados no Jequitinhonha

Cortadores de cana são selecionados em Araçuaí
Araçuaí, Médio Jequitinhonha
Os trabalhadores rurais que partem todos os anos rumo aos canaviais de cana de açúcar, principalmente, do estado de São Paulo, já começaram o processo de contratação aqui mesmo no município. Este procedimento ajuda a evitar o trabalho escravo e degradante.
O Vale do Jequitinhonha é uma das regiões do país que mais exporta mão de obra. A principal causa é a falta de postos de trabalho aqui mesmo na região. Antigamente observa-se muita exploração principalmente nas lavouras de cana de açúcar. Alguns migrantes eram sujeitados, inclusive, ao trabalho escravo. Com o passar dos anos e a organização dos trabalhadores rurais a situação foi melhorando. Um dos fatores que contribuiu para isso, foi a contratação dos migrantes aqui mesmo na região com o acompanhamento de órgãos do governo e do Ministério do Trabalho.
Essa semana, dezenas de trabalhadores de 11 municípios da região já iniciaram o processo de contratação. Na oportunidade todo o procedimento é realizado, como exames médicos, verificação da ficha criminal e preenchimento de todos os papes necessários. Com isso o trabalhador já sai daqui com a carteira assinada.

As empresas COSAN, São Manoel e Caeté que trabalham nessa área já adotaram esse sistema.


A contratação de mão de obra do Vale do Jequitinhonha pode estar com os dias contados. Daqui a cerca de quatro anos vai ser encerrado o corte de cana manual. Hoje, os bóias-frias ainda são responsáveis por metade da colheita e o trabalho é duro. Um cortador chega a dar 10 mil golpes de facão por dia. Em média, cada um colhe 10 toneladas de cana em uma jornada de trabalho de sete horas. Já uma máquina colhe até cem vezes mais, cerca de 800 toneladas. Mesmo assim, o setor ainda emprega 140 mil cortadores.

Num futuro bem próximo para estar no mercado de trabalho será necessário formação e conhecimento. Para se adaptar a essa nova realidade os migrantes terão que se qualificar para outro tipo de serviço: a tecnologia que chega aos canaviais ainda é um grande desafio para quem há pouco tempo colhia cana a golpes de podão.

Para operar uma máquina, por exemplo, é preciso pelo menos dois anos de curso. Essa nova realidade poderá trazer conseqüências sociais bastante negativas para o Vale do Jequitinhonha, que emprega cerca de 25 mil trabalhadores rurais.
Fonte TV Araçuaí