Veja a quarta reportagem da série 'BR-367: Um sonho de JK'. BR-367 segue às margens do Rio Jequitinhonha, que nasce em Serro (MG).
Por Marina Pereira do G1 Grande Minas
Entre as rochas moduladas pelo tempo, as águas do Rio Jequitinhonha começam a ganhar vida na serra do Espinhaço, em Serro (MG), onde está localizada a sua nascente. A BR-367 segue o curso do rio, que percorre 920 km até a foz, no oceano Atlântico.
Nascente do Rio Jequitinhonha em Serro, MG (Foto: Marina Pereira/G1)
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Mais de 553 mil pessoas moram às margens da rodovia. As cidades se desenvolveram através da BR-367 e até hoje, o rio, que passa por grande parte dessas localidades, representa fonte de renda de muitas famílias ribeirinhas.
Couto de Magalhães de Minas é cortada pela BR-367 (Foto: Marina Pereira/G1) |
As lembranças de como a cidade de Couto de Magalhães de Minas era antes da construção da rodovia continuam vivas na memória dos moradores mais antigos. Aos 85 anos, a aposentada Maria Isaura da Cruz relembra bem as histórias vividas naquela época.
“Antigamente nem existia estrada, a gente ia a Diamantina (MG) vender verduras, passando por dentro do mato, igual os tropeiros. Nesse tempo, tinham poucas casinhas, depois da construção da rodovia muita gente se mudou para Couto”, relata.
“Antigamente nem existia estrada, a gente ia a Diamantina (MG) vender verduras, passando por dentro do mato, igual os tropeiros. Nesse tempo, tinham poucas casinhas, depois da construção da rodovia muita gente se mudou para Couto”, relata.
Segundo o morador Antônio de Assis Porto, de 95 anos, as casas nesse período eram todas de pau a pique e telhados de palha. Com o tempo as construções mudaram e novos moradores vieram para Couto de Magalhães. “A rodovia fez a cidade crescer e todo mundo se conhece por causa dela”, afirma.
Historiador de Minas Novas, Alváro Freire.(Foto: Marina Pereira/G1) |
Sentado no banco da praça com o “Sobradão” ao fundo, prédio construído em 1821, o historiador de Minas Novas, Alváro Freire, conta ao G1 a importância da ligação da BR e do rio.
“O Rio Jequitinhonha foi o pai da rodovia. Antes mesmo de existir a estrada, os colonizadores faziam suas expedições por Minas através dele. Hoje é a rodovia que nos orienta e nos leva até a Bahia”, diz.
Fonte de renda
Seja no artesanato, na agricultura ou na pescaria, o Rio Jequitinhonha é uma das principais fontes de renda para quem vive às margens dele.
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Da argila retirada do rio, a artesã Rosa Mendes confecciona várias peças que ficam expostas no “Sobradão” em Minas Novas.
Pescadores de Bel Monte (BA) no Rio Jequitinhonha. (Foto: Marina Pereira/G1) |
Ela faz parte da associação de artesãos da cidade, que leva a cultura do Vale para várias regiões do país. “Tenho muito orgulho desse artesanato e fico feliz em saber que nosso trabalho é conhecido por esse Brasil a fora, graças aos turistas que passam por aqui."
Nas mãos das artesãs de Pasmado, comunidade rural de Itaobim, a argila também se transforma em arte, e a BR-367 em vitrine para comercialização dos produtos. A vendedora Jéssica Emanuele Batista Ribeiro, de 20 anos, já perdeu as contas de quantas peças comercializa por mês. “Sempre vendemos bastante, principalmente em época de férias. Sinto-me realizada trabalhando aqui”, afirma.
Nas mãos das artesãs de Pasmado, comunidade rural de Itaobim, a argila também se transforma em arte, e a BR-367 em vitrine para comercialização dos produtos. A vendedora Jéssica Emanuele Batista Ribeiro, de 20 anos, já perdeu as contas de quantas peças comercializa por mês. “Sempre vendemos bastante, principalmente em época de férias. Sinto-me realizada trabalhando aqui”, afirma.
Artesanato de Pasmado é vendido na beira da estrada. (Foto: Marina Pereira/G1) |
As águas do rio também contribuem para a renda de muitos produtores rurais da região.
Na cidade de Jequitinhonha (MG), as margens do rio são utilizadas para o plantio de lavouras. Em um terreno pequeno, no fundo de casa, João José dos Santos cultiva banana, abóbora, feijão e cana. “O rio só me traz alegrias, porque é dele que tiro o meu sustento. Toda a produção eu vendo na feira livre”, afirma.
Separados por quilômetros de distância, nas ondas altas do Jequitinhonha, quase chegando no mar, pescadores de Bel Monte (BA) também utilizam o rio para sobreviver. Há quase 50 anos em cima de um barco, Nivaldo se aventura em busca de peixe. “O Rio Jequitinhonha é maravilhoso, e é daqui que eu tiro o sustento de toda minha família”, diz.
Amor pelo Jequitinhonha
Pôr do sol no Rio Jequitinhonha em Salto da Divisa, MG.
(Foto: Marina Pereira/G1)
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Entre uma rima e outra, Francisco Rodrigues de Oliveira demonstra seu amor e carinho pelo Rio Jequitinhonha. São 25 anos de criatividade dedicada à música.
Chico Canoeiro compôs música sobre o Rio Jequitinhonha (Foto: Marina Pereira/G1) |
Na cidade, que leva o mesmo nome do rio, o senhor de aparência simples é conhecido por todos como Chico Canoeiro, justamente por causa da sua ligação com o Jequitinhonha.
“Recebi esse apelido porque trabalhava com canoas, pescando ou carregando mercadorias para outras regiões”, conta Chico.
E se foi do rio que Chico Canoeiro sempre tirou seu sustento é dele também que vem a inspiração para escrever. “Escrevo há 25 anos e as palavras surgem sempre às margens do meu querido Jequitinhonha, que eu amo muito", diz o violeiro.
E se foi do rio que Chico Canoeiro sempre tirou seu sustento é dele também que vem a inspiração para escrever. “Escrevo há 25 anos e as palavras surgem sempre às margens do meu querido Jequitinhonha, que eu amo muito", diz o violeiro.
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