Festa é alvo de críticas dos camelôs que querem melhor estrutura e condições de trabalho
Foto: Jornal Gazeta
A festa reúne milhares de pessoas todos os anos
Amada pelo "povão", esnobada por alguns, esquecida por poucos,
criticada por outros, ela já se incorporou ao universo popular,
turistico e religioso da região, independente da opinião ao seu
respeito.Assim é a secular festa de Virgem da Lapa, que acontece todos os anos no mês de agosto naquela cidade do médio Vale do Jequitinhonha(MG).
O engraxate, o ambulante de quinquilharias, o vendedor de bilhetes de Loteria, a dona-de-casa, o porteiro de hotel, o pipoqueiro, o "seo" Manuel do barraca de esquina, os playboys, as patricinhas, a . empregada doméstica, os políticos, os camelôs, de uma ou outra forma , a identificam como uma das maiores festas da região. E é.
Todos os anos é a mesma coisa. Subir e descer a avenida Castelo Branco, participar das novenas, terços e procissão e ao final, passear e fazer compras pelo maior shoping popular a céu aberto da região: as barracas dos camelôs. “Sem eles ( os camelôs), a festa não existe”, reconhecem os moradores da cidade.
Eles saem de todas as partes com suas mercadorias. São brinquedos, peças de cama, mesa e banho, artigos do Paraguai e tudo mais a gosto de todos.
No entanto, eles não recebem o carinho e respeito que deveriam.
O problema é antigo e se arrasta ao longo das administrações municipais. Faltam banheiros, um lugar para dormir de forma decente e um restaurante com preços populares, além do alto preço cobrado pelo espaço para expor as mercadorias, deram mais uma vez a tônica das críticas.
Encontramos com seo Adalberto Teixeira, 61 anos. Ele vende artigos para vestuário e é o mais antigo dos camelôs . “ Desde os 13 anos participo desta festa, mas este ano não compensou. O preço para instalar as barracas foi muito caro. A prefeitura precisa oferecer uma estrutura melhor para nós. Foi a pior festa que vi em todos esses anos”, disse ele em tom de lamentação.
Do outro lado, um jovem de 18 anos, que viajou de Vitória da Conquista (BA) até a cidade, faz coro ao veterano colega. “ Pagamos caro e não temos direito a nada. Um banho de água fria custa R$3,00 . Não temos um lugar para dormir nem um restaurante para comer”, reclama o jovem vendedor de confecções que pagou R$ 1.600 por 8 quadras.
O preço do metro quadrado saiu a R$ 200. Foram instaladas cerca de mil barracas.
A festa dura uma semana. À noite, a programação fica por conta dos shows das bandas que se apresentam na “Baixinha”, ponto histórico de encontro da cidade. Ali a paquera e o álcool rolam soltas.
Este ano, as atrações foram Antônio Carlos & Renato, Banda Habalaê e Mania de Toalha, Swingão do Gueto, Robério e seus Teclados, Jean e Banda, e Babado Novo. Também se apresentaram A Pisadocha da Bahia, Swuingão do Gueto, Calistones e DJ Fernando.
“ As bandas foram fracas e a apresentação de Babado Novo ficou a desejar”, afirmou um grupo de jovens da vizinha cidade de Araçuai.
“Não é possível agradar a todos. Buscamos atender da melhor forma possível”, justificou Hermógenes Lopes Ramalho, diretor municipal de Cultura. Ele não soube informar quanto foi arrecado com o aluguel dos espaços para as barracas nem quanto foi gasto. “ A Câmara vai pedir a prestação de contas”, garante a vereadora Deílde, do PMDB.
“ O que arrecadam dá para atender os turistas e os camelôs. O ideal é montar uma estrutura com restaurante e banheiros para os camelôs”, defende o aposentado Gerson Botelho, 81 anos, residente na cidade.
Pelo menos 15 mil pessoas passaram pela festa ao longo da semana.
“ Não vi defeito. Só de ter passado tudo em paz já valeu a pena”, observou Luciano Moreira, motorista de um órgão público estadual.
O poeta da terra, Luiz Carlos Prates, definiu a festa em uma única frase: Em minha terra, onde o ano em agosto começa e a tudo a gosto termina”
HISTÓRIA DA FESTA
Segundo relatos históricos, a peregrinação de romeiros a Virgem da Lapa começou ainda no princípio do século XVIII. Por volta de 1728, um garimpeiro teria encontrado a imagem da santa às margens do córrego São Domingos.
Mas, também existe uma lenda segundo a qual a imagem foi encontrada por um menino, que saiu para juntar burros, a mando de seu pai, um tropeiro. Depois, a criança teria perseguido um coelho, indo parar dentro de uma gruta iluminada, com altar natural.
Devido movimentação dos fiéis, apareceu o núcleo urbano, com o primeiro nome de São Domingos do Araçuaí, que era distrito de Araçuaí. Em 27 de dezembro de 1949, o município conquistou a sua emancipação político-administrativa.
Fonte: Gazeta de Araçuaí
Nenhum comentário:
Postar um comentário