A Justiça de Minas Gerais adiou pela terceira vez este ano o julgamento do chamado Massacre de Felisburgo, no qual morreram cinco trabalhadores rurais,
que deveria ocorrer nesta quarta-feira (21), em Belo Horizonte. O motivo foi a ausência do advogado Sérgio Alexandre Habib, que alegou problema de saúde e pediu adiamento do tribunal do júri. Ele defende o fazendeiro Adriano Chafik, acusado de ser o mandante do crime.
O juiz Glauco Soares atendeu ao pedido e agendou a futura audiência para o próximo dia 10 de outubro, mas determinou a prisão preventiva de Chafik e dos outros três réus, Francisco de Assis Rodrigues, Milton Francisco de Souza e Washington Agostinho da Silva. O quinto acusado de participar do assassinato de cinco agricultores, Admilson Rodrigues Lima, morreu no decorrer do processo.
O chamado Massacre de Felisburgo ocorreu em 20 de novembro de 2004, no acampamento Terra Prometida, em Felisburgo (MG), a cerca de 740 quilômetros de Belo Horizonte. Os agricultores Iraguiar Ferreira da Silva, de 23 anos; Miguel Jorge dos Santos (56); Francisco Nascimento Rocha (72); Juvenal Jorge da Silva (65) e Joaquim José dos Santos (48) foram mortos a tiros, à queima-roupa.
Ao menos 20 pessoas ficaram feridas, inclusive crianças. Para o Ministério Público, Chafik comandou o ataque logo depois de perder para o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) uma ação de reintegração de posse.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estavam desde a última segunda-feira (19) acampados em frente à Assembleia Legislativa mineira. O objetivo do grupo era impedir que o júri voltasse a ser adiado – como já havia ocorrido em janeiro deste ano e depois em maio. Horas antes do início do julgamento, centenas de sem-terra marcharam até o Fórum Lafayette, em Belo Horizonte, onde o júri deveria ter acontecido.
Para um dos coordenadores nacionais do MST, Enio Bohnenberger, apesar do adiamento, a decisão do juiz pode ser considerada uma vitória, que atribuiu à mobilização social. “Não estamos descontentes com o Poder Judiciário porque as artimanhas da defesa dos réus não foram totalmente aceitas pelo juiz responsável. Tanto que o juiz decretou a prisão preventiva dos quatro réus”, explicou o dirigente à Agência Brasil.
Segundo o dirigente, a mobilização será retomada para acompanhar o julgamento. “Vamos definir os próximos passos. Muito provavelmente, cada grupo que estava acampado na cidade agora vai voltar para sua região. Essa etapa foi cumprida. Agora vamos reunir ainda mais forças para o dia 10 de outubro”, acrescentou Bohnenberger.
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