Apesar de estarem próximos da barragem, moradores convivem com o drama da seca.
Foto: Gazeta de Araçuai
Agricultores exigem da prefeitura e Copanor o atendimento do direito à água
Eles
estão a pouco mais de 7 km da Hidrelétrica de Irapé, que retém em seu
reservatório de 208 metros de altura, bilhões de metros cúbicos de água.
A
fartura da vizinha famosa, considerada a segunda barragem mais alta do
mundo, construída pela CEMIG, em nada contribui para amenizar o
sofrimento das famílias de pequenos agricultores da Comunidade do
Bonito, a 2 km do distrito de Lelivéldia, no município de Berilo (MG),
no Vale do Jequitinhonha.
“ Por aqui, a água já jorrou em abundância. Hoje é só tristeza e
sequidão”, lembra o aposentado Geraldo Francisco da Costa, 82 anos.
“ A cada ano que passa fica pior”, diz Laureano Alves Cardoso, 70 anos.
Os dois fazem parte do grupo de pequenos agricultores que clamam por
água.
A região é cercada pela maior floresta de eucalipto do planeta, erguida
por grandes empresas de reflorestamento em terras devolutas do Estado. “
Acreditamos que o plantio de eucalipto foi responsável por secar as
nossas nascentes”, dizem.
“ Tivemos de vender o pouco do gado que existia para não ver as
criações morrendo de sede e de fome. A seca acabou com tudo”, lamentam
os moradores do lugar.
Dispostos a lutar pelo direito à água, cerca de 12 famílias da
Comunidade estão apelando para a prefeitura municipal e para a Copanor
para resolver o problema. “ Estamos em estado de calamidade. A água que
temos mal dá para o uso pessoal”, contam.
“ Aqui não chega caminhão-pipa e se continuar como está, dentro de
alguns dias, não teremos água nem para beber”, alertam os moradores que
na semana passada realizaram uma reunião com o presidente da Câmara do
município, Zezinho de Jamil, que recebeu um documento assinado por todos, pedindo uma
solução urgente. O documento foi encaminhado ao prefeito de Berilo, Higor Maciel Coelho
(PSDB).
Solução
A Comunidade do Bonito está há pouco mais de 2 quilômetros da Estação
de Tratamento de Água da Copanor. Às margens da estrada que conduz ao
lugar, o verde não mais existe e o pouco gado que sobreviveu, está magro
e enfraquecido.
Na região do Vale do Jequitinhonha, dezenas de municípios já decretaram
Estado de Emergência, por conta da pior seca dos últimos 40 anos que já
devastou lavouras , secou córregos, barragens e riachos.
“ O que queremos é que a prefeitura forneça os canos e a Copanor
instale os hidrômetros para garantir água para todos”, pedem as
famílias.
Localizado pela reportagem, o prefeito de Berilo disse por telefone que
vai fornecer os canos necessários para a extensão da rede da Copanor
até às casas das famílias. " Precisamos que elas ofereçam a mão de obra
para abrir as valetas", disse o prefeito.
" Isso não é problema. Juntamos todo mundo e abrimos as valas", disseram os moradores.
Também por telefone, a direção da Copanor garantiu que vai acionar um
técnico do escritório da cidade de Salinas para realizar o levantamento e
elaborar um projeto para garantir o fornecimento da água na localidade.
“ Esperamos que não seja mais uma promessa. Sabemos que existem
recursos para atender o Vale do Jequitinhonha e vamos lutar por nossos
direitos”, afirmam os pequenos agricultores.
Fone: Gazeta de Araçuaí
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