segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mesmo com o caminhão-pipa, falta água em várias cidades do norte e nordeste de Minas

Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) divulgada no mês passado constatou a ausência de mecanismos de controle na forma como o programa funciona.

Foto: divulgaçãoMesmo com o caminhão-pipa, falta água em várias cidades do Norte de Minas
Moradores como Anita Luiza têm que recorrer à água de poços e ribeirões que nem sem é saudável
“Sempre que a situação aperta existe promessa, mas nada muda. Estou cansada e velha. Não aguento mais carregar lata d’água na cabeça”.

Aos 67 anos, 50 deles vividos no sertão mineiro, a produtora rural Anita Luíza de Araújo se prepara para mais um período de seca, que promete ser um dos mais rigorosos dos últimos anos.

Na comunidade onde mora, a 25 quilômetros de Brasília de Minas, no Norte do Estado, só deve chover em novembro. Até lá, a família de Anita e todas as outras do vilarejo de Sobradinho e do restante da região vão passar por situações extremas para sobreviver.
Cenário que poderia ser diferente se a solução para o problema não fosse negligenciada. 

Para minimizar o sofrimento dos sertanejos, um programa federal que providencia o abastecimento, por caminhões-pipa, para 37 cidades do Norte de Minas é primordial. Mas a promessa é mais uma das descumpridas. Coordenada pelo Exército, a Operação Carro-Pipa (OCP) – que, na teoria, atende a 64.054 mineiros – está cercada de irregularidades.

Fora de controle
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) divulgada no mês passado constatou a ausência de mecanismos de controle na forma como o programa funciona.
As consequências são distribuição incorreta e desperdício de água e envio de benefícios indevidos para terceiros, além dos danos a quem depende do recurso.
  
“Nem a mandioca aguentou a seca deste ano. Minha horta morreu por falta d’água. O milho e o feijão também, antes de crescer”, diz outro morador de Sobradinho, Geraldo Araújo, de 71 anos.
  
Pensar no futuro pode ser ainda mais difícil. “Há quase 20 dias ninguém vem aqui. Não sabemos o que está acontecendo e não podemos esperar pela água”, afirma Anita.

Com cinco pessoas em casa, ela tenta se virar como pode. As opções: recorrer a pé ao vizinho mais próximo, distante 15 quilômetros, sem a garantia de que ele possa ajudar, ou usar a água barrenta de um tanque natural, igualmente longe.
 
Na quarta-feira passada, a produtora rural apelou ao ribeirão. Enfrentando mosquitos e muito barro, encheu o balde. A água serviria para matar a sede dos animais: cachorros, porcos, galinha, um boi e duas vacas. Fervida, também seria consumida pela família.

De mal a pior
A romaria quase diária poderia ser evitada se aproveitadores não estivessem inseridos no programa de salvação dos sertanejos. Conforme levantamento do TCU, há problemas desde a contratação dos pipeiros, que são particulares, até coleta de água sem tratamento e cobrança pelo recurso, que deveria ser gratuito.
 
“As pessoas alegam que a frequência do abastecimento do carro-pipa não é cumprida, que a água não é colocada no lugar certo e que algumas comunidades são privilegiadas em detrimento de outras. E a tendência é a de que a situação piore, pois estamos apenas no início da seca”, prevê um dos diretores do Sindicato Rural de Brasília de Minas, Álvaro Veloso.

Fonte: Portal Hoje em Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário