A volta da pressão popular no Brasil
Os estudantes, mais uma vez, saem às ruas. O site do Movimento Passe Livre (ver AQUI ) informa que as manifestações de rua se alastram, pouco a pouco, pelas capitais (Aracaju, Belo Horizonte, Natal, Goiânia, Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, entre outras). Trata-se de uma articulação que foi fundada em 2005, durante um dos eventos do Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre. Há coletivos deste movimento no ABC Paulista, Aracaju, Blumenau, Brasília, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Guarulhos, Joinville, Mogi das Cruzes, Rio Branco, Salvador, Santos, São Paulo e Vitória. Alguns jovens envolvidos com esta mobilização social têm vínculos com o PSOL, PCB, PCO, sindicatos, UNE e Ubes. Mas outros estão envolvidos com grupos anarquistas e punks. E há, ainda, aqueles que estão se agregando em função das chamadas das redes sociais. Ontem mesmo, ouvi um pai falar do orgulho de ver sua filha, recém ingressa numa universidade pública, envolvida com estas mobilizações. A menina não tem envolvimento com nenhuma organização formal.
Para um sociólogo é hora de ligar todos holofotes e tentar compreender as motivações e as condições que geraram esta retomada da ocupação das ruas por jovens rebeldes. Parte da juventude brasileira, enfim, marcou posição, mais uma vez, na contramão da ordem estabelecida, trocando a mesmice pelo sangue correndo nas veias.
O que me chama a atenção é como esta geração de jovens (não se trata da maioria desta geração, evidentemente) é radicalmente distinta da nova geração de dirigentes petistas, em especial, do perfil de Haddad, que chamou o MPL para uma conversa.
O prefeito de São Paulo é a expressão da "troca de guarda" que o PT (ou Lula) promove. A nova geração petista é formada por gestores públicos. Não são militantes sociais (como a geração de Lula e tantos outros que emergiram nos anos 1980), nem quadros forjados no confronto com a ditadura militar (como a geração de Zé Dirceu, que tomou o partido na década de 1990). Os ternos lhes caem bem. Tendem a falar de maneira mais técnica e acadêmica, tendo o power point como instrumento básico de exposição. O sorriso não é fácil. Refletem a imagem da classe média tradicional (que está no topo dos estratos de renda do país).
Os meninos que tomam as ruas não são assim. Também não são imagem da população de baixa renda, aquela ultraconservadora que deve estar indignada com os jovens estudantes.
O país, enfim, ficou mais colorido. Mobilizações sociais explosivas, ao estilo das manifestações e confrontos ocorridas em Paris há alguns anos; gestores oriundos de partidos de esquerda com perfil técnico e formal; população de baixa renda destilando valores ultraconservadores.
Este país multicolorido recoloca no centro da política o imponderável.
As forças políticas institucionalizadas tentarão administrar este novo cenário. Pode revertê-lo. Mas será difícil ignorar que, a partir de agora, não está tão fácil manobrar a política tupiniquim sem solavancos.
Para um sociólogo é hora de ligar todos holofotes e tentar compreender as motivações e as condições que geraram esta retomada da ocupação das ruas por jovens rebeldes. Parte da juventude brasileira, enfim, marcou posição, mais uma vez, na contramão da ordem estabelecida, trocando a mesmice pelo sangue correndo nas veias.
O que me chama a atenção é como esta geração de jovens (não se trata da maioria desta geração, evidentemente) é radicalmente distinta da nova geração de dirigentes petistas, em especial, do perfil de Haddad, que chamou o MPL para uma conversa.
Fico
imaginando como Haddad conduzirá esta reunião.O prefeito de São Paulo é a expressão da "troca de guarda" que o PT (ou Lula) promove. A nova geração petista é formada por gestores públicos. Não são militantes sociais (como a geração de Lula e tantos outros que emergiram nos anos 1980), nem quadros forjados no confronto com a ditadura militar (como a geração de Zé Dirceu, que tomou o partido na década de 1990). Os ternos lhes caem bem. Tendem a falar de maneira mais técnica e acadêmica, tendo o power point como instrumento básico de exposição. O sorriso não é fácil. Refletem a imagem da classe média tradicional (que está no topo dos estratos de renda do país).
Os meninos que tomam as ruas não são assim. Também não são imagem da população de baixa renda, aquela ultraconservadora que deve estar indignada com os jovens estudantes.
O país, enfim, ficou mais colorido. Mobilizações sociais explosivas, ao estilo das manifestações e confrontos ocorridas em Paris há alguns anos; gestores oriundos de partidos de esquerda com perfil técnico e formal; população de baixa renda destilando valores ultraconservadores.
Este país multicolorido recoloca no centro da política o imponderável.
As forças políticas institucionalizadas tentarão administrar este novo cenário. Pode revertê-lo. Mas será difícil ignorar que, a partir de agora, não está tão fácil manobrar a política tupiniquim sem solavancos.
Análise do cientista político Rudá Ricci, no seu Blog.
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