quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cientista político analisa quadro político-eleitoral

Conjuntura Política, por Gaudêncio Torquato

As análise de Gaudêncio Torquato são as únicas que comento regularmente neste blog. Considero-as equilibradas, bem escritas e surpreendentemente sintéticas (para uma conjuntura confusa e que exige grandes explicações e fundamentações para se chegar a uma convergência final).
No Porandubas desta semana, destaco suas análises sobre queda da popularidade de Dilma, o papel de Lula como terciuspermanente e as projeções sobre eleição de Alckmin.


Sinal amarelo
A pesquisa Datafolha que mostra a queda de 8 pontos percentuais na popularidade da presidente Dilma (de 65% para 57%) pode ser, até, uma "oscilação normal" como querem enxergar alguns, entre eles, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e até o eventual candidato do PSB à presidência, Eduardo Campos. Mas dá para distinguir o sinal amarelo que a pesquisa exibe. Quem abre sinal de perigo ? Medo do desemprego e ameaça de aumento da inflação. Há motivos para tanto ? 
Sim
. O tomate, há dias, estourou o bolso do consumidor. Muitos se queixam dos preços dos alimentos em supermercados. Aumento na área alimentar bate direto no bolso. Que fica mais vazio.
Equação BO+BA+CO+CA
E se fica mais vazio, a equação acima começa a gerar efeitos. Bolso+Barriga+Coração+Cabeça. Menosdinheiro no bolso significa geladeira mais vazia, barriga menos satisfeita, coração indignado/revoltado e cabeça disposta a punir os responsáveis por essa cadeia de sacrifícios e sofrimentos. É claro que estamos distantes de horizontes fechados, cinzentos. O PIBinho não chegou, ainda, às margens. Mas o perigo ronda. Tudo indica que o governo manterá a economia sob rédeas curtas, de forma a garantir o equilíbrio da equação eleitoral. Todo cuidado é pouco.
Lula no lugar de Dilma ?
Interessante é observar que, a qualquer sinal de perigo, o nome de Luiz Inácio Lula Papão de Votos da Silva vem à tona. É o perfil que representa a salvação do PT em ciclo de crise. É o nome a ser chamado, caso a economia saia dos trilhos. Mas Lula tem dito e repetido que não frequentará a arena. Pois já cumpriu a meta maior de vida. E tem a saúde para cuidar. Mesmo livre do câncer na laringe, que extirpou, permanece o medo do amanhã. Além disso, Lula cumpre uma agenda cheia : viaja pelo mundo, faz palestras a preço de ouro, dá as cartas no PT, tem influência no governo Dilma, é admirado nas margens e nos centros sociais, tornou-se um ícone, o maior político da atualidade brasileira. Por que deixar essa zona de conforto para ser foco de pressões e contrapressões ?
Segundo turno
A hipótese de um segundo turno para as eleições presidenciais ganha força diante de um cenário de problemas na frente econômica e da entrada no páreo desses quatro pré-candidatos : Dilma Rousseff, Aécio Neves, Marina Silva e Eduardo Campos. A vitória da presidente Dilma em primeiro turno, é oportuno frisar, dependeria de um céu de brigadeiro, da economia bombando e de eleitores de bolso cheio. Cenário cada vez menos provável.
Quadro paulista
Geraldo Alckmin é um governador bem avaliado, principalmente pelo eleitorado do Interior do Estado. Ostenta, hoje, 52% de intenções de voto, descendo para o patamar de 42% quando tem pela frente o perfil de Lula. Mas até este perderia para ele no segundo turno. É evidente que essa é uma fotografia de hoje. Porque a campanha terá seu clima, suas circunstâncias, seu modus operandi. E tudo isso funcionará como pano de fundo para influenciar o sistema cognitivo do eleitorado. Este consultor tende a acreditar que a polarização entre o PSDB e o PT está desgastada. Fechou um ciclo. O eleitorado quer ver novas caras, experimentar novos nomes. Por isso mesmo, será muito difícil (não impossível, claro) que Alckmin consiga manter seu alto índice.

Publicado pelo Cientista Político Rudá Ricci, em seu Blog 

Nenhum comentário:

Postar um comentário