O pronunciamento de Dilma
Análise do cientista político Rudá Ricci.
A primeira parte: conteúdo.
Fraco. Poderia ousar e tentar se adiantar às demandas que partem das ruas. Um exemplo é dizer que enviaria ao Congresso proposta de enquadramento de atos de corrupção como crimes hediondos. Problema: romperia com sua base política. E ninguém sabe se ganhar as manifestações neste momento será duradouro. No mais, apresentou uma agenda requentada, de sugestões que já havia feito ou apresentado ao Congresso (como 100% dos royalties do petróleo destinados à educação). Reunir com governadores e prefeitos é algo que deveria ser frequente. Daí, podem sair coelhos ou lagartos.
A segunda: forma
Excelente. De amarelo, bem maquiada. Séria e objetiva, tratando de toda pauta das manifestações. Foi maternal, principalmente quando disse que está ouvindo as ruas, arregalando os olhos e olhando fixamente para a câmera.
A terceira: o impacto
Duvido que tenha sensibilizado os manifestantes. Mas deve ter unido a base, ou dado fôlego. Ela falou, e diretamente. E também deve ter repercutido na base social lulista, de baixa renda e que não está nas manifestações. Já bastaria. Conseguiu juntar ou animar, ainda que superficialmente, a tropa.
O pronunciamento era necessário. Amanhã deve ser um dia decisivo para as mobilizações. É bem possível que ocorram conflitos entre agrupamentos, no interior das manifestações. Dilma tinha que marcar posição. Se não foi excelente, ao menos foi bom.
Fraco. Poderia ousar e tentar se adiantar às demandas que partem das ruas. Um exemplo é dizer que enviaria ao Congresso proposta de enquadramento de atos de corrupção como crimes hediondos. Problema: romperia com sua base política. E ninguém sabe se ganhar as manifestações neste momento será duradouro. No mais, apresentou uma agenda requentada, de sugestões que já havia feito ou apresentado ao Congresso (como 100% dos royalties do petróleo destinados à educação). Reunir com governadores e prefeitos é algo que deveria ser frequente. Daí, podem sair coelhos ou lagartos.
A segunda: forma
Excelente. De amarelo, bem maquiada. Séria e objetiva, tratando de toda pauta das manifestações. Foi maternal, principalmente quando disse que está ouvindo as ruas, arregalando os olhos e olhando fixamente para a câmera.
A terceira: o impacto
Duvido que tenha sensibilizado os manifestantes. Mas deve ter unido a base, ou dado fôlego. Ela falou, e diretamente. E também deve ter repercutido na base social lulista, de baixa renda e que não está nas manifestações. Já bastaria. Conseguiu juntar ou animar, ainda que superficialmente, a tropa.
O pronunciamento era necessário. Amanhã deve ser um dia decisivo para as mobilizações. É bem possível que ocorram conflitos entre agrupamentos, no interior das manifestações. Dilma tinha que marcar posição. Se não foi excelente, ao menos foi bom.
Acho que foi importante ela reafirmar a defesa intransigente da democracia, para que os que adoram chocar ovos da serpente os deixem morrer.
E acho que ela matou no peito, ou assumiu para o governo a agenda das ruas. Dai, se a agenda das ruas são fracas é outra coisa, mas ela assumiu. Era disso que se tratava nesse momento.
Além disso, ela dividiu - ou voltou a jogar no colo de quem de direito - suas responsabilidades. Divisão dos poderes, inclusive dando uma chamada à realidade no congresso.
Mostrou o que já fez da pauta: redução da tarifas. Disse que trabalhará pela mobilidade urbana.
Que vai ouvir os líderes, ou seja, se apresente; que trará médicos para resolver problemas de saúde (se isso resolverá é outra coisa);
os 100% do petróleo para a educação (truco no congresso e nos governadores); ampliação de lei de acesso à informação, que ajuda a dar transparência e combater a corrupção; e, reforma Política (a grande trucada no congresso).
Por isso, acho que a primeira parte não foi ruim. Pode ter sido menos que o ideal, mas foi mais do que eu esperava. E foi, no ponto, para o governo.