Em depoimento à Polícia Federal,
Ademir Camilo (PSD-MG) é apontado como intermediário de recursos do ProJovem com
o Ministério do Trabalho, negociando diretamente com ex-ministro Lupi
Luiz Ribeiro e Felipe Canêdo - Publicação: 12/09/2013, às 07:31, no Estado de Minas
Luiz Ribeiro e Felipe Canêdo - Publicação: 12/09/2013, às 07:31, no Estado de Minas
Foto: divulgação
O ex-prefeito de Januária Maurílio Arruda disse à PF que foi procurado pelo assessor de Ademir Camilo, Marcus Vinícius, em nome do IMDC
Ex-prefeitos de cidades mineiras presos pela
Operação Esopo, da Polícia Federal - PF, apontaram o deputado federal Ademir Camilo
(PSD-MG) como intermediário de verbas do ProJovem, liberadas pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) e direcionadas para municípios do Norte de Minas e do
Vale do Jequitinhonha, onde o parlamentar foi votado. O programa é uma das maiores fontes
de recursos sob suspeita de desvio para a organização da sociedade civil de
interesse público (Oscip) Instituto Mundial de Desenvolvimento e Cidadania
(IMDC), com sede em Belo Horizonte, acusado de desviar R$ 400 milhões de
recursos públicos nos últimos cinco anos. A operação que prendeu 22 pessoas,
incluindo seis ex-prefeitos, provocou a queda de quatro pessoas no MTE, entre
elas o número 2 da pasta, o secretário-executivo Paulo Roberto Pinto, filiado ao
PDT.
O deputado, contudo, refuta as acusações e nega envolvimento com
irregularidades. “Deputado não é intermediário. Nós tivemos uma formatura em
Belo Horizonte da primeira turma do ProJovem em Minas, de 12 mil pessoas, e eu
estive presente. Posteriormente o ministro (Carlos Lupi) garantiu ao governador
Antonio Anastasia (PSDB) que iria ampliar o número de jovens atendidos”,
garantiu ele. Segundo Camilo, todas as cidades atendidas no estado foram as que
o Ministério havia estipulado.
O deputado Ademir Camilo (PSD-MG) nega ter sido intermediário de recursos desviados do ProJovem |
Segundo reportagem
do Estado de Minas, em janeiro de 2012, que denunciou as ações do IMDC, Ademir
Camilo participou de solenidades de lançamento do ProJovem em municípios onde é
votado. Uma delas é São Francisco. Em depoimento à PF, o ex-prefeito da cidade
José Antônio da Rocha Lima (que acabou sendo afastado do cargo
por denúncias de malversação de dinheiro púbico investigadas na Operação Conto
do Vigário), negou irregularidades no contrato com o IMDC e confirmou que Camilo
“foi quem conseguiu a verba para o projeto” que resultou na contratação da
Oscip.
O ex-prefeito de São João da Ponte Fábio Fernandes Cordeiro (PTB), o
Fábio Madeiras, declarou também à PF que teve conhecimento de que o deputado
negociava diretamente com o ex-ministro Carlos Lupi. Para conseguir abocanhar
recursos do Projovem, o presidente do IMDC, Deivson Vidal, teria se aproximado
de Ademir Camilo, que, por sua vez, exercia influência na liberação dos recursos
do programa.
Já o ex-prefeito de Januária, Maurílio Arruda (PTC), alegou em
seu depoimento que o deputado é apoiado por um grupo político rival dele e que, quando tomou posse em janeiro de 2009, já estava consignada emenda parlamentar
do ex-pedetista, destinando R$ 1,4 milhão ao programa. “As metas do Projovem em
Januária não foram cumpridas porque a própria prefeitura notificou o IMDC para
cancelar o contrato ao sentir que o instituto era de competência duvidosa para
atender os objetivos contratuais”, garantiu Arruda, que chegou a ser detido na
operação da PF, mas teve prisão revogada pela Justiça Federal.
No
depoimento, Arruda declarou que chegou a ser procurado por Marcos Vinicius
Silva, o Marquinhos, ex-assessor de Camilo, e que teria atuado também em nome da
Oscip. “Ele (Marcos Vinicius) quis saber por que a prefeitura tinha rompido o
contrato com o IMDC. Eu respondi que o motivo era que o serviço prestado não
estava sendo adequado”, afirmou ele.
Marcus Vinicius, também ex-Chefe de Gabinete da Prefeitura de Araçuaí, na gestão de outro acusado, Aécio Jardim (PDT), teve prisão temporária decretada na Operação Esopo, mas está foragido desde 2 de julho, quando teve prisão decretada em outra operação da PF, que investiga a venda de títulos advocatícios falsos, usados para compensação tributária pelas prefeituras junto à União.
Marcus Vinicius, também ex-Chefe de Gabinete da Prefeitura de Araçuaí, na gestão de outro acusado, Aécio Jardim (PDT), teve prisão temporária decretada na Operação Esopo, mas está foragido desde 2 de julho, quando teve prisão decretada em outra operação da PF, que investiga a venda de títulos advocatícios falsos, usados para compensação tributária pelas prefeituras junto à União.
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