quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Taiobeiras tem pombos-correio


pombos
Poucos sabem, mas essa cidade possui um Columbófilo profissional e filiado na Sociedade Columbófila Mineira, desde o ano de 1977.

 O criador Arison Ferreira de Miranda possui um plantel de 100 ‘pombos atletas’, que são tratados com alimentação balanceada, a base de girassol, trigo, aveia e feijão, além de composição diária com outros 14 alimentos, como ervilha, cevada e soja. Os pombos treinam média de duas horas por dia e são monitorados conforme a idade. “A média de alimentação de cada pombo é de 30 gramas/dia”, informa Arison.

Os pombos-correio são totalmente diferentes dos comuns, geralmente chamados de “ratos com asas” nos grandes centros urbanos. Eles já foram considerados heróis de penas nas guerras do século 20, capazes de salvar batalhões inteiros ao transportar bilhetes e mapas nas canelas. Exemplo é o lendário pombo Cher Ami – “caro amigo”, em francês – que, em outubro de 1918, mesmo sendo atingido durante o vôo – ficou cego, com o papo baleado e sem uma de suas pernas – conseguiu levar mensagem e salvar 194 norte-americanos em território alemão. Pela bravura, o pombo recebeu a “Cruz de Guerra Francesa”.

Com o passar do tempo, os pombos-correio, criados em cativeiros, bem alimentados e protegidos contra doenças, virou hobby de muitas pessoas em pelo menos 90 países. Estima-se que existam 400 mil criadores mundo afora.

Apenas em Minas Gerais existem 350 criadores Polubófilo, dentre eles, o aficionado Arison, que mantém seu cativeiro no quintal da residência, localizada na Rua Janaúba, Centro da cidade. “Minha vontade é criar um clube em Taiobeiras. Já temos alguns criadores. Com o clube, poderemos participar de competições e provas de velocidade e distância”, explica Arison.
 
Pombos recebem tratamento e alimentação especial
Mesmo sem clube em Taiobeiras, os pombos de Arison participam de provas através dos clubes de Montes Claros e Belo Horizonte. Recentemente foram quatro provas, com soltas em Ninheira, Vitória da Conquista, Poções e Jequié. “Os clubes levam os pombos e monitoram as soltas. Depois da chegada ao pombal, são medidos o tempo de voo e a velocidade”, explica Arison, destacando que, os pombos-correio sempre retornam à sua residência de origem, mesmo sendo soltos com outros columbídeos.

As 100 aves são motivo de orgulho para Arison. “Nunca perdi nenhum pombo. Todos retornam com alta média de velocidade”, comemora. Ele explica que os pombos-correio não voam para qualquer lugar como muita gente pensa. O que ocorre é que a ave, territorialista, sempre volta para o espaço em que nasceu e ganhou penas.

Folha Regional acompanhou a chegada de uma solta no pombal de Arisson, que prepara todo um ritual junto aos amigos para esperar o retorno das aves. Nessa oportunidade, foram soltos 38 pombos na cidade de Poções/BA, distante 300 quilômetros em linha reta. A espera é angustiante para Arisson, que fica todo o tempo fazendo contas na calculadora. Sua expectativa contagia os amigos presentes. Até que as primeiras aves sobrevoam o pombal. A comemoração é como se fosse um gol. Poucos minutos depois chegam outra turma. Foram pouco mais de 3 horas de viagem. “Nessa solta, os pombos atingiram média de 81 quilômetros por hora, mas, dependendo das condições climáticas, eles ultrapassam 100 quilômetros por hora”, explica Arison.

Os pombos chegam cansados. Eles pousam no telhado e sentem câimbras, as asas ficam trêmulas, mas logo mergulham no pombal, onde recebem água com mel e limão. “Todas as chegadas é uma emoção diferente”, disse Arison.
 
Pombos chegam da viagem e vão imediatamente ao pombal
Bússola no bico
Para se guiar no caminho de volta, os pombos-correio têm três habilidades fundamentais: a visão, pela qual localizam o Sol e identificam sua posição (leste, oeste e norte); o relógio interno, por meio do qual identificam o período do dia (manhã, meio-dia, tarde, noite); e a memória, que eles utilizam para aprender a relação entre a posição do Sol e o horário. Orientam-se graças ao campo magnético da Terra e não ao seu olfato, segundo estudo publicado pela revista Nature, que chama atenção para a existência de magnetita no bico das aves.

Segundo a pesquisa, esse “ímã natural” permite aos pombos ter uma percepção magnética dos percursos e cobrir grandes distâncias sem se perderem, regressando depois ao ponto de partida. No entanto, a explicação magnética é contestada por alguns especialistas, que atribuem a orientação dos pombos a certos odores encontrados na atmosfera.

Certo é que, os pombos retornam ao pombal de origem. A técnica usada? Um mistério ainda não desvendado e sem comprovação cientifica. Simplesmente algo divino.
Fonte: Folha Regional

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