sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Lixo não, nova política nacional de resíduos sólidos




Gestão de resíduos sólidos, um desafio para os novos 
prefeitos
Fonte: Carta Capital – Reinaldo Canto
Terminada a última etapa das eleições municipais, é chegada a hora de os novos prefeitos 
interromperem as comemorações e começar a agir para atender as expectativas de seus eleitores. 
Entre os inúmeros desafios que estarão à frente da administração das cerca de 5.600 cidades 
brasileiras está a gestão dos resíduos. Como veremos mais à frente são poucos os municípios 
que encaram esse problema com a urgência e relevância que o assunto faz por merecer.

Ninguém é capaz de negar a importância de termos uma gestão mais correta e eficiente dos 
resíduos como a estabelecida na proposta da Política Nacional de Resíduos Sólidos-
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm

Também é muito difícil desconsiderar os enormes obstáculos para se conseguir a sua efetiva 
implementação.

Para começo de conversa com a nova Lei de Resíduos Sólidos, o lixo deixa de ser lixo para virar 
resíduo.  E, esse tal resíduo, deverá ter um destino muito mais nobre que o pobre lixo jogado por 
aí, sem qualquer  serventia. Resíduo é material valioso para ser usado novamente na cadeia 
produtiva, pronto para ser reaproveitado, reutilizado, reciclado e não mais descartado.  Do plebeu 
lixo para o nobre resíduo. Do imprestável para se transformar em insumo essencial.

Sabe aquele catador de lixo, em sua maioria, subempregado e trabalhando em condições no 
mínimo pouco favoráveis? Pois esses profissionais irão receber o valor que merecem quando 
a lei estiver plenamente em vigor. Eles serão reconhecidos pelo serviço essencial que exercem 
para toda a sociedade e para a manutenção de um meio ambiente mais saudável.

A lei também determina, como uma de suas premissas mais importantes, a responsabilidade 
compartilhada, ou seja, será preciso a participação de todos para o alcance de seus objetivos. 
Setores público e privado, sociedade civil, cidadãos e como citado acima, dos catadores de 
material reciclável (notem que não mais os chamamos de catadores de lixo) necessariamente 
vão ter de fazer parte da mesma equação. Dependerá dessa união o sucesso ou o fracasso da lei.

Portanto, no bojo da Política de Resíduos Sólidos, estão propostas pequenas e virtuosas revoluções 
capazes de trazer enormes quebras de paradigma e grandes alterações no comportamento social.

Obviamente, se existem tantas novas situações por assim dizer, não se devem imaginar facilidades 
na sua efetiva implantação em qualquer área.

Despreparo nos municípios
Hora de falarmos novamente nas Prefeituras e de seus novos ocupantes ou daqueles reeleitos 
para um novo mandato.

A lei previa para o começo de agosto deste ano a entrega, por todos os municípios do país, de seus 
planos de gestão de resíduos.  Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), por volta de 560  
municípios, ou 10% do total das cidades brasileiras, concluíram e entregaram esses planos. 
Os municípios que perderam o prazo não terão direito a receber recursos federais e renovar novos 
contratos com a esfera federal para 
o setor. Essa questão ficou, portanto, para as novas administrações.

A baixa adesão das cidades pode parecer simples descaso, mas conforme pesquisa da Associação 
Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) com cerca de 400 
municípios, o problema se deve muito à falta de pessoal qualificado para atender aos requisitos 
previstos na lei. Afinal, para quem achava que para cuidar do lixo bastava um terreno grande 
para o seu envio e descarte, a lei veio para colocar ordem e mudar um cenário cada vez mais 
criminoso e urgente.  O lançamento indiscriminado de materiais 
perigosos e contaminantes sem cuidado ou tratamento compromete o futuro e a saúde das 
pessoas, entre os seus principais e nefastos resultados.

O fim dos lixões até 2014 em todas as cidades brasileiras, será uma tarefa com enormes dificuldades 
em se tornar realidade, se a maioria das cidades permanecerem distantes dessa discussão. No lugar 
dos lixões, os resíduos só poderão ser enviados para aterros sanitários. Mas a realidade atual, segundo 
o Ministério do Meio Ambiente, é a de que ainda existem mais de 3 mil lixões no Brasil sendo que nada 
menos de que 60% dos municípios do país despejam lá seus resíduos.

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