Prisão de Zé Dirceu vira página de segunda geração de dirigentes do PT
Zé Dirceu deverá ficar em regime fechado, a partir do segundo semestre de 2013, por um ano e nove meses.
A prisão em si é um drama pessoal que encobre um virada de página na história do PT.
Nos anos 1980 a meados de 1990, o Partido dos Trabalhadores foi dirigido por uma geração que optou pela construção de um partido de massas, com mecanismos de tomada de decisão fortemente apoiado na participação direta dos filiados e base da sociedade que legitimava o partido.
A partir daquela data, até a eleição de Dilma Rousseff, foi a geração de Zé Dirceu (a segunda geração de comandantes petistas) que assumiu o comando e alterou profundamente o perfil partidário. Era a geração do partido de quadros, para retomar o contraponto histórico entre Rosa Luxemburgo e Lênin. Na versão leninista, o partido de quadros é dirigido por profissionais da política, ancorados em forte burocracia partidária e ações planejadas. Também fazia parte deste caldo o etapismo clássico em que um primeiro momento criava condições (objetivas e subjetivas) para o passo seguinte, num encadeamento lógico e linear, tão linear que quase infantil.
Lula promove uma terceira geração de dirigentes, mais técnicos e forjados na administração pública. São gerentes.
Contudo, é a segunda geração a que será mais lembrada pela interdição da relação direta do partido com os movimentos sociais e a valorização da economia sobre a política, invertendo os sinais do ideário original petista.
O mérito da geração que agora tem seus principais líderes condenados à cadeia ou ao exílio político foi a transformação do PT num dos três maiores partidos do país e a imposição da estatalização (o avanço dos braços estatais sobre a vida social) do país. Uma geração que colocou a tomada do Estado como objetivo final de sua ação, a partir do qual girava toda lógica de ampliação do poder político. O Estado como demiurgo.
Ficou a imagem, para os petistas, como modernização do PT. Não foi. Ao contrário, foi a retomada da velha cantilena leninista da tutela da vida social pela burocracia.
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