Nordeste independente, um protesto indignado

Nordeste Independente, um repente de um Brasil dividido
Neste mês de novembro, pós-eleições presidenciais, há um movimento de apoiadores do candidato derrotado José Serra, principalmente na cidade de São Paulo, que propõe ações contra nordestinos por terem estes votados maciçamente na presidenta eleita Dilma Roussef.

Somos solidários aos nordestinos, condenando os preconceituosos e xenófobos paulistas, que desconhecem e desconsideram a grande contribuição destes brasileiros para a própria construção da riqueza do estado de São Paulo.

Assinamos abaixo do belo repente Nordeste Independente e postamos aqui para quem quiser conhecê-lo ou relembrá-lo.

A música Nordeste Independente foi gravada em 1984 e proibida pela censura porque fazia uma apologia ao SEPARATISMO.

Esta é a versão integral e crua do mais bem-humorado e utópico manifesto contra a discriminação e o preconceito sofridos pelo Nordeste (a versão mais conhecida foi gravada por Elba Ramalho, nos anos 80, assinada pelo genial menestrel pernambucano Ivanildo Vila Nova – A Águia do Improviso – e pelo poeta paraibano Bráulio Tavares, O Raio da Silibrina).

Na versão de Elba Ramalho tinha uma denúncia que dizia assim:
“Os políticos, os homens do poder, esses que deveriam resolver, se empenhar e solucionar os problemas sérios e definitivos do país, eles permanecem em Brasília, nos gabinetes. Quando se aproxima o ano das eleições, eles saem de Brasília, eles pegam o avião, vão lá no Nordeste, sobrevoam a região, se certificam que há seca realmente no Nordeste. E entra ano sai ano e o sertão continua ao Deus dará.”

Conheci este indignado repente em show, em 86, na Praça Central de Olinda, em Pernanbuco. Depois do show musical, Ivanildo Vila Nova e Severino Feitosa, os repentistas, foram pro chão da praça, dançar ciranda com o povo que apreciara seus belos repentes e ponteados de uma viola afinada.
Comprei o disco vinil do próprio Ivanildo Vila Nova que o autografou. Perguntei a ele:
"Esta não é uma proposta separatista?" Ele respondeu:"Não. É um protesto. O Nordeste é parte do Brasil, não vive sem ele, e vice-versa. É um simples manifesto de um nordestino indignado com o preconceito sulista".

No histórico registro a seguir, cantam Ivanildo e Severino Feitosa.

Ouça aqui, sinta no fundo da sua sensibilidade e reflita:
http://www.youtube.com/watch?v=8sMbm2EIMg8