Brasileiro odeia ateus e usuários de drogas
O excelente blog do professor Rudá Ricci relembra pesquisa da Fundação Perseu Abramo, do Partido dos Trabalhadores, publicada em julho de 2009, sobre o comportamento do brasileiro em relação a alguns grupos sociais e seus comportamentos diferenciados.
A idéia disseminada que o brasileiro é cordial e tolerante cai por terra.
Há uma rejeição raivosa a modos diferentes de ser, viver e pensar.
Se não for igual ou parecido comigo, odeio.
Em vez de tolerância e respeito, raiva explícita ou contida, rejeição.
Isso é muito perigoso para uma sociedade tão diversificada que tem a pretensão de se construir como democrática, pluralista, soberana, justa e livre.
Se analisarmos os dados com cuidado e sensatez, nota-se que a proporção de repulsa-ódio/antipatia a ateus (42%) é quase igual à simpatia/alegria com gente muito religiosa (35%).
Os radicais religiosos - fundamentalistas - pregam ódio (excomunhão, praga, condenação) a outros indíviduos, grupos sociais ou povos que não seguem sua orientação religiosa.
Os religiosos não deveriam ser os mais tolerantes, amando uns aos outros?
Os usuários de drogas são rejeitados com ódio/antipatia por 41% dos entrevistados.
Esse dado mostra a dificuldade das pessoas em entenderem a questão da drogadicção, de enfrentá-la como problema sócio-afetivo e de saúde.
Talvez seja porque esse grupo é o que mais trabalho dá para as pessoas, famílias, serviços sociais e de saúde.
Muitos dos que rejeitam os "viciados", com certeza, enchem a cara nos botecos e ficam bravos quando alguém diz que ele é também um viciado em drogas.
Para muitos preconceituosos, droga é apenas maconha, cocaína e crack, as drogras ilegais. Álcool, fumo e remédios são vendidos nas boas casas do ramo, sendo, portanto, legais e aceitas socialmente. Assim, seu consumidor se sente normal.
Essa contradição perpassa também à grande rejeição aos garotos de programas, travestis, prostitutas, gays e lésbicas (20 a 26%).
Muitos dos preconceituosos relacionam-se sexualmente, embora de forma esporádica, com estas mesmas pessoas consideradas "anormais".
Nossa sociedade é hipócrita!?
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