Iniciativa que registra tradição do pífano e da gaita venceu na categoria Salvaguarda de Bens de Natureza Material.
O projeto Flautas Tradicionais do Vale do Jequitinhonha, desenvolvido por Daniel de Lima Magalhães, no Vale do Jequitinhonha, foi um dos vencedores da etapa nacional da 25ª Edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, na categoria Salvaguarda de Bens de Natureza Imaterial.
Os vencedores nacionais receberão certificado, troféu e R$ 20 mil em dinheiro. Este ano, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade celebra também os 75 anos do IPHAN e os 400 da cidade de São Luís, no Maranhão.
Eles foram selecionados dentre as 224 ações inscritas em todo o país e as 70 finalistas que participaram da etapa nacional de seleção.
A premiação aconteceu nesta quarta (24/10) em Brasília.
Flautas e gaitas do Vale do Jequitinhonha
A iniciativa vem há 12 anos pesquisando, registrando e divulgando as tradições musicais ligadas a dois tipos de flautas – o pífano e a gaita – no Vale do Jequitinhonha.
O pífano é uma flauta transversal de seis furos que, em Minas, desde o século XVIII, está vinculada ao congado.
A gaita – ou canudo – possui sete furos e é tocada na posição vertical. É diferente do pífano na embocadura.
As primeira pesquisas sobre o pífano e a gaita começaram com o registro e divulgação das tradições musicais. Até então, não havia estudos sobre estes instrumentos, em Minas Gerais e, em todo o país, poucos trabalhos acadêmicos trataram apenas do pífano nordestino.
A partir de 2006, Daniel Magalhães partiu para o campo, percorrendo cerca de 30 mil quilômetros em visitas a 26 municípios. O resultado são 100 horas de gravações de performances musicais e entrevistas e seis mil fotografias.
As 25 oficinas oferecidas em 18 municípios do Vale do Jequitinhonha, atenderam a 700 participantes e produziram 1,1 mil flautas, entre pífanos e gaitas, utilizando PVC, bambu e taquara.
As dificuldades foram muitas. Em algumas comunidades só havia o telefone público, o que exigia contar com a boa vontade de quem atendia para levar o recado aos tocadores que, às vezes, precisavam percorrer grandes distâncias para atender a chamada.
Em outros lugares, não havia nem mesmo o orelhão. O jeito, então, era enfrentar as estradas. Alguns locais eram tão remotos que só se chegava a pé. Por outro lado, as estradas muito ruins quebravam os carros e aumentava o custo da pesquisa. Com as chuvas, os caminhos eram ainda piores em função dos atoleiros.
Além da pesquisa e difusão, o projeto Flautas Tradicionais do Vale do
Jequitinhonha possibilitou a progressiva adoção do pífano e da gaita como instrumentos musicalizadores nas escolas, o reconhecimento e valoriz ação do patrimônio cultural imaterial, a manutenção de grupos em atividade e retomada espontânea de grupos inativos. É o caso do Pipiruí, de Conceição do Mato Dentro, reativado depois de 16 anos inativo, e da Banda de Taquara, de Santo Antonio do Fanado, em Capelinha, no Alto Jequitinhonha, nordeste de Minas, grupo ressurgido após 40 anos.
Leia aqui: portal.iphan.gov.br
Conheça os agraciados nas demais categorias.
Fonte: IPHAN/ Ministério da Cultura, via Blog do Jequi
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