Estudantes mergulham no universo teatral do Vale do Jequitinhonha
24/10/2012
Desde março deste ano, 80 alunos da Escola Estadual Antônio Gomes Moreira, do município de Joaíma, no Vale do Jequitinhonha, participam de ensaios teatrais, no contraturno, em atividades que totalizam 15 horas de trabalhos voltados para as mais diferentes técnicas cênicas como,exercícios de concentração, expressão corporal, técnica vocal, artes circenses e clowns, além de exercícios específicos voltados para temáticas especiais de apresentações e montagens.
A ideia de explorar a arte milenar do teatro para melhorar a assiduidade, a interação social, o rendimento dos alunos e o compromisso da escola veio do professor intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras), e do também artista Carlos Pereira, que em parceria com outras duas bibliotecárias da escola, Zilma Trindade, com formação em artes, e Maria Lúcia Laurindo, de língua portuguesa, conceberam o projeto que é realizado de forma voluntária na escola.
Segundo o diretor, Cristiano Cunha, o Grupo de Teatro Escolar Dinonísio “a escola conta em sua maioria com um público com um nível socioeconômico menos favorecido, carentes de atividades culturais. O alto índice de criminalidade e o envolvimento de adolescentes com drogas na cidade de Joaíma nos incentivou também a aderir a estas atividades que ocupam o tempo dos nossos jovens e que propiciam melhora na qualidade de vida deles”, contou.
Atualmente, o grupo teatral escolar, que foi convidado na segunda quinzena de outubro a participar do Congresso de Práticas Educacionais pelo sucesso da iniciativa, prepara uma peça sobre a seca na região norte de Minas Gerais, que será apresentada para comunidade local. O Banco do Nordeste e APAE local já foram palco das apresentações do Teatro Dionísio da escola, que também já homenageou Jorge Amado.
O projeto “teatro na escola”, inclui ainda um trabalho de inclusão de alunos que participam de das ações. “A inclusão destes alunos mostra aos demais a necessidade de aceitação da diferença, tornando assim o ambiente escolar um lugar agradável e de bom convívio social”, contou o diretor da escola.
Segundo o intérprete de Libras Carlos Pereira, que atua há 10 anos com arte “seis alunos surdos participam ativamente dos ensaios e oficinas.
Eles viajam com o grupo e superam todas as adversidades provenientes das nossas dinâmicas de atividades. Os alunos ouvintes aprendem libras, e os surdos aprendem novas técnicas de expressão com os ouvintes. A família dos estudantes estão participando de forma mais ativa, e de um modo geral, o teatro incutiu o gosto pela sala de aula. Reflete na melhora da oralidade dos alunos, estimula os trabalhos interdisciplinares, e já temos publico local formado”, explicou Pereira.
Para ele, o gosto pelo teatro abre portas para a introdução de outras artes. “Nos espelhamos nos anseios e na filosofia do educador, Paulo Freire, que dizia que o educador precisa propiciar o meio adequado para que os educandos, em suas relações intrapessoais e interpessoais, busquem assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante, comunicante, transformador, criador, realizador de sonhos”.
Na oficina os participantes pesquisam e criam montagens próprias, no âmbito do “Teatro na Escola”, prática educacional que se espelha na categoria e iniciativa de nome homônimo do Festival Estudantil de Teatro, que selecione e premia os melhores projetos cênicos criados por alunos. Nas aulas os estudantes da EE Antônio Gomes Moreira relatam ações e fatos, histórias e atividades, o que propicia o trabalho com a criatividade nas oficinas.
Desenvolver atitudes de respeito, solidariedade e cooperação, foi também priorizada pela EE Antônio Gomes Moreira que buscou desenvolver também uma forma mais atrativa de conquistar os alunos. “E o teatro é um instrumento que resgata o homem de um estado linear cultural; faz a pessoa se aventurar em um estado mais profundo, inovador e complexo. A arte cênica modifica a forma de ver o mundo. A percepção e a cognição são largamente ampliados, e isto faz com que passe a responder melhor aos próprios anseios e ao cotidiano do meio onde vive”.
O nome do Grupo Teatral Escolar faz menção e homenagem ao deus da mitologia grega Dionísio, que representa o teatro.
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