Em Berilo, os poucos produtores locais dividem terreno com as mercadorias "ling-ling", como são chamados os produtos que chegam do Oriente
Foto: Juarez Rodrigues
Mercado de Berilo
Dona Preta, apelido de Odelzita Teixeira, de 70 anos, sobrevive há três décadas do pouco que vende no mercado de Berilo, no Vale do Jequitinhonha (MG). “Faço doce de feijão. É uma delícia, mas está tendo pouca procura, porque há pouca gente para vender e para comprar”, lamentou a mulher diante de um local às moscas. Ao contrário de estabelecimentos como o de Minas Novas e o de Araçuaí, onde os feirantes disputam espaços, o mercado em Berilo reúne poucos produtores.
A pequena presença de produtores locais no mercado abriu espaço para a chegada de negociantes de produtos importados. É o caso de Toninho, que ganha a vida vendendo mercadorias nacionais e ling-ling, como o sertanejo se refere ao que vem da China. Toninho, um microempreendedor individual, oferece à clientela dois modelos de sombrinhas asiáticas: “São úteis não pela chuva, porque aqui é pouca. Mas para proteger do sol escaldante”.
A barraca dele tem muita coisa importada. “Eu ganhava a vida na vizinha Chapada do Norte e decidi vir para cá, há alguns meses, porque as coisas lá também não estavam boas”, contou. Muitos estabelecimentos, erguidos na primeira metade do século passado, penam com a antiga estrutura. Não há previsão de serem reformados, mas há uma luz no fim do túnel. O governo do estado estuda a possibilidade de revitalizar alguns mercados. A ideia ainda é embrionária e, se realmente sair do papel, deverá beneficiar outras regiões mineiras.
Não há garantia de que o mercado de Berilo e o de Chapada do Norte entrem na fila. Por enquanto, de concreto, representantes da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) se reuniram há poucos dias com colegas da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig) e do Sebrae para tratar do assunto.
A diretora de Infraestrutura da Emater, Fabíola Paulino da Silva, explica que, caso a ideia vingue, a empresa terá a missão de mobilizar os atores dos municípios por meio de orientações para a remodelagem dos mercados, sobretudo, na dinâmica de ocupação e uso desses espaços.
“Envolver setores como a agricultura familiar, cultura, turismo e artesanato é um pouco o papel da Emater nesse processo. A Codemig entra com o apoio financiador da proposta e como indutora do desenvolvimento, já que os mercados têm papel importante na economia local. E o Sebrae com a elaboração da identidade”, informou Fabíola.
Fonte: Estado de Minas
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