domingo, 26 de março de 2017

Almenara: Casal de quilombolas é espancado e torturado


Família quilombola de Marobá dos Teixeira é espancada no Vale do Jequitinhonha


Na noite de ontem (24/03/2017), por volta das 20 horas, três homens armados e encapuzados, chegaram à residência do casal na comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira no município de Almenara, no Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas.. 
Eles estavam em um veículo Novo Uno de cor branca. Ao chegarem, chamaram os moradores pelos nomes e quando atenderam, acreditando que seria alguém conhecido, foram abordados por um dos homens, o qual afirmou que “graças a Deus” encontrou Jurandir, pois ele era um homem difícil de ser encontrado e já estavam procurando ele há dias.
Inicialmente, torturaram Maria Rosa (esposa do Jurandir e também é agente voluntária da Comissão Pastoral da Terra). Segundo ela, além de espancá-la, deu a ela alguma substância que parecia ter chumbinho dentro e quiseram obrigá-la a tomar, mas ela disfarçou e não engoliu. Além disso, ela foi obrigada a deitar no chão e foi coberta por um pano e insistentemente, perguntavam onde estavam as armas. Enquanto isso, um deles procurou o Jurandir (presidente da associação da comunidade) e quando o encontraram, amarra-o ao poste de energia elétrica e o espancou e também tentou enforcá-lo com uma corda, até ele desmaiar. Acreditando que ele estava morto, saíram e vasculharam a casa, além de levar pertences da casa, levaram documentos da associação comunitária, documentos relativos aos processos administrativos e judiciais relacionados ao território.
Acreditamos que isto está ligado ao conflito agrário de lutas em defesa do Território. Em outras ocasiões, vários momentos de conflitos foram registrados, muitas ameaças já foram feitas, também agressão física e verbal. Muitas outras evidências nos levam fazer tal ligação. As burocracias, a morosidade e a omissão dos órgãos de governo e até a morosidade do Judiciário, têm contribuído para acirrar o conflito.
Diante do exposto a Comissão Pastoral da Terra e a comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira vêm denunciar este atentado e exigimos que seja investigado e punido os responsáveis.
Belo Horizonte – 25/03/2017
Comissão Pastoral da Terra – MG
Comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira.

Fazendeiro que se diz dono da Fazenda fez ameaça de levar seus pistoleiros para os quilombolas.

A Comunidade tem posse da Fazenda Marobá via liminar cedida pela Segunda Vara Federal de Governador Valadares datada do dia 01/12/2010. Na decisão do Juiz Federal Hermes Gomes Filho, ele reconhece que a posse da Comunidade é anterior ao documento apresentado pelos fazendeiros. Neste sentido, o juiz relata que a posse da comunidade foi violentada pelos fazendeiros, assim a comunidade deve ser reintegrada na posse total do imóvel fazenda Marobá. Mas foi reintegrada parcialmente pelo oficial de Justiça.
A comunidade já fez várias reivindicações, mas não houve a reintegração. O Ministério Público Federal de Teófilo Otoni fez manifestações junto à Justiça Federal, pedindo novo mandato para cumprir a reintegração total do imóvel, mas não aconteceu. Sendo que a última manifestação foi datada de 18/09/2015. 
A Polícia Militar esteve no local, mas o que se diz dono, fez graves ameças, dizendo que se os quilombolas não deixar ele entrar/voltar ele irá levar os “homens” dele, ou seja, levará pistoleiros para atacar os quilombolas.
Pedimos que divulguem, pois a situação é de tensão e tende a ficar pior.
CPT MG.
Almenara, 22/03/2016.

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