Desaparecido há 43 anos, soldador é localizado em Padre Paraíso pela família

Ele viaja para Brasília no próximo dia 25 de janeiro para rever os parentes.

Foto: Gabi Dutra

O soldador Severino Avelino com a mulher, as filhas e o neto, em Padre Paraíso 

No próximo sábado (25) o soldador e lanterneiro Severino Avelino de Freitas, de 62 anos, vai percorrer 1.100 km de Padre Paraíso, no Vale do Jequitinhonha, até Brasília, para reencontrar 7 irmãos e a mãe, Beliza Avelina de 86 anos, além de muitos sobrinhos.

 Há 43 anos, “Seu Avelino”, como é conhecido em Padre Paraíso,  não vê a família,  que nunca desistiu de encontrá-lo vivo, desde o dia em que ele saiu de Cachoeira Dourada, onde morava, em Goiás, para ir em busca de trabalho na cidade paulista de Santos.

A busca terminou no domingo (12) quando ele foi chamado ao Pelotão da  Policia Militar  de Padre Paraíso, para reconhecer umas fotografias  que estavam na internet . Eram as fotos da mãe, irmãos e sobrinhos, que ao longo dos anos buscavam notícias sobre o paradeiro dele.

“Não tenho nem palavras para descrever a minha emoção ”, disse Severino que agora não vê o dia de reencontrar os parentes em Brasília. “ Meu irmão, vem me buscar. Vou levar a mulher,  minhas filhas e o netinho de 6 anos”,  comemora Avelino.

A localização do “Seu Avelino”, só foi possível porque ele tem uma sobrinha casada com um Tenente da Polícia Militar, lotado na cidade de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. “ Após repassar as fotos , ele entrou em contato com os policiais de Padre Paraíso que me conheciam. ”, conta o soldador.

 Para ele, a única tristeza foi saber que o pai faleceu em 1979, aos 73 anos. “ Para mim, até minha mãe já tinha morrido”, disse ele.

“ Conheço o Avelino há anos.É uma pessoa querida e respeitada entre nós. Jamais imaginei que ele pudesse ter uma história incrível como essa”, disse o advogado Agenor Tavares Dutra, amigo do soldador.

Pé na estrada

Natural de Santo Antonio, uma pequena cidade do Rio Grande do Norte, Severino Avelino, desde criança foi acostumado a cruzar fronteiras em busca da sobrevivência.

E foi isso que fez, quando aos 20 anos, pôs os pés na estrada e  escolheu a cidade  de Santos para ser o seu porto seguro. Ali conheceu a primeira companheira que lhe deu dois filhos e uma neta. “  Quando eu a conheci, ela falou que era de Padre Paraíso. Ela acabou me traindo e acabamos nos separando. Nessa época eu fui para Padre Paraíso decidido a nunca mais  voltar para Santos”, conta Severino Avelino, revelando que não vê os filhos do primeiro casamento há 25 anos.

 Novo casamento em quatro dias

Quando chegou a Padre Paraíso, em 1985, o lanterneiro acabou conhecendo sua atual companheira, a dona de casa Adelina Moreira Viana de Freitas, hoje com 52 anos.

“ Minha cunhada me chamou para conhecer ele e no mesmo dia ele me pediu em casamento. Fiquei assustada mas, quatro dias depois, eu dei a resposta. Fomos para Santos, onde moramos por uns tempos. Depois voltamos para Padre Paraíso e estamos juntos até hoje”, conta Adelina.

 Na época, ela era mãe de dois filhos, uma menina de 2 anos e um menino de 4, que Severino Adelino criou com o mesmo carinho como se fossem filhos dele.

Do novo casamento, nasceram 3 filhos, o Júnior, 18 anos, Aline, 17 e Elaine, 14.

A família que é evangélica,  mora em uma casa modesta de 5 cômodos no bairro Bela Vista, em Padre Paraíso.

Depois que retornar de Brasília, Adelino Avelino planeja rever os outros filhos do primeiro casamento que moram atualmente em Santos. " Reencontrar minha família depois de tantos anos, foi a maior felicidade que tive este ano", comemora o soldador.

Fonte: Gazeta de Araçuaí