sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Quanta ignorância, meu Deus

Quanta ignorância, meu Deus Uma indicação do perigo de colocar a fé acima da ciência é que, nessa eleição, aproveitando a polêmica do aborto, começaram a atacar a pílula do dia seguinte, acusando-a de abortiva. Lembro que esse medicamento tem ajudado comprovadamente a evitar abortos.
As pesquisas disponíveis indicam, em síntese, que a pílula retarda a ovulação e/ou dificulta que o espermatozóide chegue até o óvulo.

Isso é abortivo? Se for, pílula anticoncepcional também é abortiva.

Não, claro, mas do jeito histérico que está esse debate - a tal ponto que Dilma e Serra fazem pose de cristãos, obedientes aos mandamentos divinos -, corremos o risco de impedir a disseminação da distribuição da pílula do dia seguinte nos postos de saúde. Diga-se que essa política é acertadamente feita pelo PT e PSDB.

Volto a dizer que se tivéssemos nos rendido a preceitos religiosos não haveria distribuição gratuita nem de camisinhas nem de pílulas anticoncepcionais. O custo seriam mais abortos.
Se os políticos não tiverem coragem de deixar essas questões nas mãos da saúde pública, vamos pagar um preço caro.

Gilberto Dimenstein, 53 anos, é jornalista, especialista em educação e direitos da criança e do adolescente. Foi fundador da ONG Cidade Escola Aprendiz.

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