"Abstenção pode aumentar devido à seca e migração"
Reportagem do Estado de Minas enfoca Vale do Jequitinhonha
A reportagem deste 26.10, terça-feira, do jornal Estado de Minas, diz o seguinte:
"Em Minas Gerais, o alto percentual de ausentes no Vale do Jequitinhonha pode atrapalhar os planos petistas. A abstenção é motivada pela saída de trabalhadores que vão buscar sustento nas usinas de açúcar e álcool no interior paulista.
Os cortadores de cana saem de casa, entre abril e maio, deixando para trás mulheres (as chamadas viúvas da seca), com os filhos. Só retornam em dezembro, ou seja, depois da eleição. Em Jenipapo de Minas, a ausência foi de 41,32%, uma das mais altas do país. A perspectiva é de que o índice se repita no domingo.
“É uma consequência de um flagelo social, que se repete a cada ano em nossa região, representado pela migração. Os pais saem para o corte de cana, deixando para trás as mulheres e os filhos, pela falta de uma alternativa econômica e outro meio de sustentabilidade”, lamenta o prefeito de Jenipapo de Minas, Márlio Costa (PDT). Segundo ele, a cada ano cerca de 2,5 mil pessoas deixam o lugar em busca do sustento temporário nos canaviais paulistas. Na cidade, é explícito o apoio a Dilma Rousseff, com propaganda da petista espalhada pelas ruas.
CabrestoTeresa da Silva Santos, mãe de seis filhos, conta que o marido não votou porque está trabalhando no corte de cana. Ela revela, porém, que em eleições municipais o marido voltou a cidade somente para votar, contando com a ajuda extra de candidatos a vereador da cidade.
Assim como no restante do Vale do Jequitinhonha, embalada pelo Bolsa Família e outros programas sociais e favorecida pela própria barragem de Setúbal, Dilma ganhou com folga em Jenipapo de Minas no primeiro turno: 2.029 (71,8%), contra 680 votos (24%) do tucano José Serra e 108 votos (3,8%) de Marina Silva (PV).
No entanto, mesmo com a larga vantagem, a petista “perdeu” para as abstenções, que somaram 2.226. O município tem um total de 5.282 eleitores".
Reportagem desconhece realidade do ValeO jornalista Luiz Ribeiro, da sucursal do Estado de Minas, de Montes Claros, que assinou a reportagem, poderia ter observado que a abstenção de votar no primeiro e segundo turnos é diferente, no Vale do Jequitinhonha. Em um período de um mês muitos migrantes voltam para casa e acabam votando.
Além disso, no segundo turno, torna-se mais fácil aproveitar e confirmar o voto em uma região cheia de analfabetos, pois a escolha cabe somente a dois candidatos.
Em Jenipapo de Minas, o município citado na reportagem, aconteceu uma abstenção de 42,13% no 1º turno, em 2006. Já no segundo, a abstenção foi menor, 40,61%. Os votos foram melhor aproveitados: os eleitores tiveram 6,15% de seus votos nulos ou brancos no primeiro turno. Já no segundo caiu para 4,05%.
Em Jenipapo de Minas, os votos válidos - somados diferença de abstenção, nulos e brancos - foram 4,65% a mais no segundo turno.
Já em Berilo, outro município do Médio Jequitinhonha, em que, anualmente, mais de 3 mil homens migram para o corte de cana, a abstenção do 1º turno, também em 2006, foi de 35,23%. No segundo, caiu para 34,53%.
O aproveitamento dos votos também foi maior: os votos nulos e brancos foram de 7,32% no primeito turno. No segundo, caiu para 3,80%.
Neste município, os votos válidos, no segundo turno, foram de 4,82% a mais que no primeiro turno.
Os jornalistas deveriam pesquisar melhor e confrontar números para fazerem afirmações como os da reportagem do Estado de Minas.
É por essa e por outras que a mídia vem fazendo afirmações distorcidas a respeito do Vale do Jequitinhonha. Assim como José Serra não conhece o Nordeste brasileiro, os jornalistas não conhecem o nosso Vale.
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