Por Felipe Gabrich
O conservadorismo brasileiro, aliado aos interesses escusos dos grupos econômicos que querem manter a população sob a chibata da ignorância, ou seja, desinformada e mais fácil de manipular, não mudou o seu secular discurso e suas decanas práticas de exploração do homem.
Tudo está como dantes no quartel do Abrantes.
A fala da secundarista Ana Júlia (foto), explicando os protestos e as ocupações nas escolas contra a PEC-241, causou emoção em todo o país pela sua autenticidade e sinceridade. “A nossa bandeira, disse, é a educação”.
Os golpistas de plantão trataram imediatamente de esvaziar e desmerecer a retórica de uma estudante de apenas dezesseis anos, tachando-a, dentre outras abomináveis acusações gratuitas, de comunista e de subversiva.
Igualzinho ao que faziam os arautos da ditadura militar de 64. Lembro-me bem que, como militante do Movimento Democrático Brasileiro, manifestava em praça pública a favor da liberdade, da democracia e da soberania nacional.
Os segmentos conservadoristas da sociedade, na época, disseram que eu era comunista e subversivo.
Agora vejam os senhores: os golpistas de 64 chamavam-me de comunista e subversivo simplesmente porque eu tinha coragem de lutar pela liberdade, pela democracia e pela soberania nacional.
Pouco mais de sessenta anos depois, em pleno Século XXI, sob um regime de uma República Civil que se diz democrática, os ainda conservadoristas denominam uma estudante, ainda na flor da idade, de comunista e subversiva simplesmente porque ela teve peito e ingenuidade de gritar para quem quisesse ouvir que os secundaristas deste País têm como bandeira a defesa intransigente da educação.
Ora bolas, bolinhas e bolões, resmungaria de sua tumba o espírito do anoso escravo Tuia.
E nós, progressistas ainda vivos, corroboraríamos: ora bolas, bolinhas e bolões!
Felipe Gabrich é jornalista, de Montes Claros, e colaborador do EM CIMA DA NOTÍCIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário