quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Vale tem as maiores abstenções eleitorais do país em Minas Novas, Berilo, Novo Cruzeiro, Chapada do Norte e Jenipapo de Minas

Candidatos cometem crime eleitoral ao oferecer transportes para eleitores de outras cidades.
O Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas, possui o maior índice de abstenção eleitoral do país. Dos 9 municípios com maior abstenção eleitoral, nas eleições de 2016, a região possui 6 da lista, sendo 5 nos primeiros lugares.
Minas Novas, no Alto Jequitinhonha é a campeã nacional com 34,76% de ausentes da votação; seguida por Rio Vermelho com 33,5%; Berilo com 32,16%; Novo Cruzeiro com 31,91% ; e Jenipapo de Minas com 31,66%%. Em novo lugar, vem Chapada do Norte com 30,06%. Juntando com os nulos e brancos, mais de 40 % do eleitorado destes municípios não participaram da eleição municipal.
Além dos municípios do Vale, três municípios brasileiros tiveram mais de 30% de abstenção: um do Ceará, um da Amazônia e um da Bahia.
A média de abstenção eleitoral no país foi de 17,58%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número de faltosos totalizou 25,3 milhões. No total, 118,8 milhões de eleitores foram às urnas no dia 2 de outubro. No primeiro turno de 2012, a abstenção foi de 16,41% ou de 22,73 milhões de ausentes.
Menor Índice
A cidade de Presidente Castelo Branco, em Santa Catarina, teve a menor de abstenção com 1,55%. Apenas 25 dos 1.161 eleitores deixaram de votar. Logo depois, vem os municípios gaúchos de Travesseiro e Mampituba com 1,67%, e Capitão com 1,83% de abstenção.




Migração sazonal e identidade explicam fenômeno

O Vale do Jequitinhonha tem uma das mais fortes migrações internas no Brasil. Em todos os anos, milhares de trabalhadores rurais, principalmente jovens de 18 aos 29 anos, saem de suas terras natais para trabalhar no corte de cana e colheita do café, no sul de Minas, Triângulo Mineiro e interior de São Paulo, perto de Ribeirão Preto, ou mesmo no Mato Grosso.

O contingente de migração sazonal, anualmente entre abril e novembro, já chegou a contabilizar 50 mil homens adultos, mas há cálculos atuais que a média de 20 mil pessoas saem da região para trabalhar. Um outro contingente dos últimos 13 anos, devido aos programas de incentivos ao ensino universitário como o PROUNI, expansão universitária e FIES, é de jovens que cursam universidades em outras cidades do país, fora da região.

Os municípios com maior índice de migração no Vale são justamente os apontados como de maior abstenção eleitoral como Minas Novas, Berilo, Jenipapo de Minas, Chapada do Norte e Araçuaí.

Um outro fator que contribui para a abstenção eleitoral em municípios do Vale é a forte identidade regional que leva com que cidadãos vivam por mais de décadas em outros lugares, mas se negam a transferir seu domicílio eleitoral por querer participar dos destinos do seu lugar, onde moram seus parentes e amigos. É o caso da servidora pública estadual, Gelmária Lopes Jardim, de Coronel Murta, que mora em Belo Horizonte, há 31 anos, mas se nega a transferir o local de sua votação.

Isso faz com que candidatos coloquem ônibus, van ou carros particulares para transportar eleitores fiéis para votar em seus grupos políticos, burlando a legislação eleitoral.

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