Candidatos cometem crime eleitoral ao oferecer transportes para eleitores de outras cidades.
O
Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas, possui o maior índice
de abstenção eleitoral do país. Dos 9 municípios com maior abstenção
eleitoral, nas eleições de 2016, a região possui 6 da lista, sendo
5 nos primeiros lugares.
Minas
Novas, no Alto Jequitinhonha é a campeã nacional com 34,76% de
ausentes da votação; seguida por Rio Vermelho com 33,5%; Berilo com
32,16%; Novo Cruzeiro com 31,91% ; e Jenipapo de Minas com 31,66%%.
Em novo lugar, vem Chapada do Norte com 30,06%. Juntando com os nulos e brancos, mais de 40 % do eleitorado destes municípios não participaram da eleição municipal.
Além
dos municípios do Vale, três municípios brasileiros tiveram mais
de 30% de abstenção: um do Ceará, um da Amazônia e um da Bahia.
A
média de abstenção eleitoral no país foi de 17,58%, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O número de faltosos
totalizou 25,3 milhões. No total, 118,8 milhões de eleitores foram às urnas no
dia 2 de outubro. No primeiro turno de 2012, a abstenção foi de
16,41% ou de 22,73 milhões de ausentes.
Menor
Índice
A
cidade de Presidente Castelo Branco, em Santa Catarina, teve a menor
de abstenção com 1,55%. Apenas 25 dos 1.161 eleitores deixaram de
votar. Logo depois, vem os municípios gaúchos de Travesseiro e
Mampituba com 1,67%, e Capitão com 1,83% de abstenção.
Migração
sazonal e identidade explicam fenômeno
O
Vale do Jequitinhonha tem uma das mais fortes migrações internas no
Brasil. Em todos os anos, milhares de trabalhadores rurais,
principalmente jovens de 18 aos 29 anos, saem de suas terras natais
para trabalhar no corte de cana e colheita do café, no sul de Minas,
Triângulo Mineiro e interior de São Paulo, perto de Ribeirão
Preto, ou mesmo no Mato Grosso.
O
contingente de migração sazonal, anualmente entre abril e novembro, já chegou a contabilizar 50 mil
homens adultos, mas há cálculos atuais que a média de 20 mil
pessoas saem da região para trabalhar. Um outro contingente dos
últimos 13 anos, devido aos programas de incentivos ao ensino
universitário como o PROUNI, expansão universitária e FIES, é de
jovens que cursam universidades em outras cidades do país, fora da
região.
Os
municípios com maior índice de migração no Vale são justamente
os apontados como de maior abstenção eleitoral como Minas Novas, Berilo,
Jenipapo de Minas, Chapada do Norte e Araçuaí.
Um
outro fator que contribui para a abstenção eleitoral em municípios
do Vale é a forte identidade regional que leva com que cidadãos
vivam por mais de décadas em outros lugares, mas se negam a
transferir seu domicílio eleitoral por querer participar dos
destinos do seu lugar, onde moram seus parentes e amigos. É o caso
da servidora pública estadual, Gelmária Lopes Jardim, de Coronel
Murta, que mora em Belo Horizonte, há 31 anos, mas se nega a
transferir o local de sua votação.
Isso
faz com que candidatos coloquem ônibus, van ou carros particulares
para transportar eleitores fiéis para votar em seus grupos políticos,
burlando a legislação eleitoral.
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