Confira
os principais dados do sistema de saúde e a estratégia de médicos e hospitais
contra a epidemia.
Reportagem na Folha de S.Paulo, de
3.03.2020, faz análise de preparação dos Estados no enfrentamento à pandemia do
conoronavírus.
Publicado em 31.03.2020, na Folha de S.Paulo, por Fernando Canzian
“Mapeamento das áreas e de
equipamentos médicos imprescindíveis no combate ao coronavírus mostra quais
estados brasileiros estão mais bem preparados para enfrentar a pandemia neste
momento.
Para consultar, basta escolher o
estado e verificar o que cada um dispõe nos dois principais eixos do sistema de
saúde no combate à Covid-19:
1) Atendimento básico e triagem para
o encaminhamento de pacientes segundo a gravidade;
2) Estrutura para casos graves nas
UTIs e leitos equipados com ventiladores para respiração mecânica.
Minas Gerais tem a seguinte estrutura
para enfrentar o coronavírus.
Estrutura para
casos graves – Minas Gerais
Por 10 mil
habitantes
OMS recomenda 1 ou mais leitos de UTI a cada 10
mil habitantes
Total de leitos de UTI
|
2,10
|
||||||
Leitos de UTI do SUS
|
1,80
|
||||||
Leitos de UTI não SUS
|
3,20
|
||||||
Ventiladores respiratórios
|
2,80
|
||||||
*Média do Brasil
Média por 1.000 habitantes
|
*2,00
|
2,22
|
||||
Cobertura de atenção básica em % da
população
|
*80,00
|
88,94
|
||||
Leitos hospitalares por 1.000
habitantes
|
1,93 *2,00
|
|||||
Na estrutura para casos graves, são
exibidos o total de leitos de UTI por habitante nos sistemas
público e privado e os ventiladores respiratórios disponíveis.
Os dados de UTIs e ventiladores são
da Associação Brasileira de Medicina Intensiva (Amib) e os de atenção básica
foram compilados pelo Datafolha. A fonte primária são as estatísticas do
Ministério da Saúde.
Segundo médicos no comando das
operações contra a Covid-19, com o avanço da epidemia por meio da transmissão
comunitária, a triagem criteriosa de pacientes em todo o país tornou-se
fundamental.
O principal motivo é que menos de 10%
dos 5.570 municípios do país têm leitos de UTI. Já a maioria das 4.000 cidades
com menos de 50 mil habitantes também não dispõe de ambulâncias — o que exigirá
coordenação em nível estadual na transferência de pacientes graves para
municípios maiores.
O desafio do atendimento básico, que
conta com 47,7 mil equipes de saúde da família, médicos e leitos comuns, é
aferir quais pacientes realmente precisam ser encaminhados a UTIs ou leitos com
ventiladores.
O objetivo é não saturar a estrutura para casos graves com
pacientes que poderiam ser atendidos sem equipamentos mais sofisticados e em
número limitado.
Nos
epicentros mundiais da pandemia, têm sido necessários cerca de 2,4 leitos de
UTI para cada 10 mil habitantes, segundo a Amib. No Brasil, há cerca de 2,2 por
10 mil — embora esteja ocorrendo um esforço considerável para ampliar esse
número em vários hospitais.
A
distribuição regional desses leitos de UTI também é muito desigual (pior no
Norte, Nordeste e Centro-Oeste), assim como a divisão entre os leitos públicos
do Sistema Único de Saúde e privados, onde há mais unidades, proporcionalmente.
Em termos
gerais, os cerca de 47 mil leitos de UTI no país estão divididos meio a meio
entre os sistemas público e privado.
Como o
maior número de casos tem sido registrado, por enquanto, em áreas de maior
poder aquisitivo e normalmente atendidas pelos planos de saúde, o risco é que
muitos desses leitos privados estejam ocupados quando a epidemia passar a
atingir com força a população mais pobre e dependente do SUS.
Antes
mesmo da chegada da Covid-19, os leitos de UTI já tinham elevada taxa de
ocupação, de 95% no SUS e 80% no privado. Para abrir espaço na rede existente,
o desafio tem sido cancelar cirurgias sem urgência — que
normalmente ocupam 25% das UTIs — e adotar outras medidas para reservar mais
leitos para a pandemia.
Outro
problema é que os internados pela Covid-19 têm ocupado as UTIs por até três
semanas, o triplo do tempo que outros doentes costumam ficar nessas unidades.
Em
relação aos ventiladores mecânicos, o Brasil tem quase 3 unidades para cada 10
mil habitantes, mais do que mostram estimativas em relação a Estados Unidos (2
para cada 10 mil), Reino Unido (1,4) e Itália (0,8).
De um
modo geral, os estados mais bem equipados na linha de frente (leitos de UTI e
ventiladores) estão concentrados no Sudeste e no Sul do país.
Mas o
Distrito Federal, zona de alta renda devido ao funcionalismo público, destoa no
Centro-Oeste. É a unidade da federação que mais dispõe, por exemplo, de
ventiladores (6,7 por 10 mil habitantes, mais que o dobro da média nacional).
Nas
regiões Norte e Nordeste, o maior problema é o número de leitos de UTIs
públicos, ligados ao SUS — em número menor do que em outras regiões.
No início
da crise, o Ministério da Saúde prometeu aumentar em até 2.000 leitos de UTI o
potencial da rede pública. A montagem de uma unidade básica custa
aproximadamente R$ 100 mil e seu funcionamento, incluindo pessoal, cerca de R$
2.000 diários.
No
atendimento básico e triagem, os únicos estados com menos de 1 médico para cada
1.000 habitantes são o Maranhão, o Amapá e o Pará. O Distrito Federal destoa
novamente nesse item, com 3,4 médicos para cada 1.000 —bem acima da média
nacional, de 2 por 1.000, e de São Paulo, o estado mais rico do país, com taxa
de 2,6.
Os cerca
de 2 médicos para cada 1.000 habitantes no Brasil equivalem, segundo dados do
Banco Mundial, aos da Colômbia (2,1), estão acima do Chile (1,1) e abaixo de
países como EUA (2,6), Portugal (3,3) e Itália (4,1).
Fonte: Folha de S.Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário