Coronavírus ameaça 81 mil indígenas em mais de 230 territórios.
Em Minas, são cerca de 13 mil indígenas em situação de risco.
De acordo com o pesquisador do Instituto Socioambiental, Tiago Moreira, "avaliando a infraestrutura desses municípios e estados onde estão as terras indígenas reconhecidas, o que acontece é que grande parte desses locais não têm estrutura suficiente para atender nem a população indígena, nem a população não indígena"
Rede Brasil Atual - Até quinta-feira (23.04), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) já contabilizava 42 casos de coronavírus confirmados entre indígenas, que levou a óbito quatros pessoas que viviam nos territórios tradicionais. O número, no entanto, pode ser ainda maior, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), que acompanha o avanço da pandemia sobre as terras indígenas.
No início de abril, a organização lançou uma plataforma de monitoramento, e verificou que a vulnerabilidade social, a qual estão expostos os povos tradicionais, pode ser um motor para propagação da covid-19 entre a população indígena.
“O que eu posso dizer é que o Estado anteriormente (à pandemia) já não estava preparado para cuidar da saúde indígena. Inclusive a questão da falta de articulação e da falta de estrutura e de um atendimento adequado, são um dos componentes da vulnerabilidade social dessas populações”, explica o integrante do programa de monitoramento do ISA Tiago Moreira, em entrevista à Rádio Brasil Atual.
“No caso da covid-19, que é um problema mais complexo de saúde, esses casos devem ser distribuídos para os municípios e os estados. E, avaliando a infraestrutura desses municípios e estados onde estão as terras indígenas reconhecidas, o que acontece é que grande parte desses locais não têm estrutura suficiente para atender nem a população indígena, nem a população não indígena. É uma situação muito dramática”, alerta o pesquisador.
Interiorização
De acordo com o Tiago, historicamente os povos tradicionais já são as principais vítimas de doenças epidêmicas. Com a implantação da saúde indígena, nos anos 2000, por meio do Ministério da Saúde, a defasagem começou a ser corrigida, mas, desde 2016 para cá, as entidades notam que o sistema vem piorando muito, principalmente após o desmonte do programa Mais Médicos pelo governo de Jair Bolsonaro.
Nesta quinta, a Agência Pública divulgou um estudo recém-publicado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), apontando que 239 Terras Indígenas da Amazônia Legal têm índices de vulnerabilidade intensos ou altos em relação ao coronavírus. Outras sete territórios também apresentam maior fragilidade.
Um levantamento realizado por antropólogos e geógrafos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) ainda calculou que, por conta dessa vulnerabilidade crítica, mais de 81 mil indígenas estão mais suscetíveis a contrair o vírus.
A preocupação fica ainda maior com a ocorrência da subnotificação, destaca o pesquisador do ISA.
“Estamos em um momento agora de interiorização da epidemia, ela está indo para municípios cada vez menores e começando a atingir justamente esses municípios que têm uma menor estrutura para atendimento da saúde. O primeiro caso indígena, para a gente ter uma ideia, aconteceu na fronteira com a Colômbia, no extremo oeste do estado dos Amazonas e, desde então, os casos vêm aumentando. A gente tem uma grande preocupação também em relação a subnotificação, porque essa falta de estrutura também atinge a identificação das pessoas que têm o vírus”.
Fonte: www.redebrasilatual.org.br
Minas possui cerca de 13 mil indígenas;
10 mil nas aldeias dos Xakriabá, no norte de Minas. Todos em vulnerabilidade social.
Os povos indígenas de Minas Gerais são representados por 13 etnias, com cerca de 13 mil indígenas. Estão nos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Rio Doce. Mas, também espalhados em grupos do sul de Minas, na Grande BH, mas principalmente no território Xakriabá, em São João das Missões, no norte de Minas, com cerca de 10 mil indígenas.
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