sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Indicadores educacionais em discussão


A escola particular se revela no IDEB

O Bom Dia Brasil de hoje fez um alerta sobre a real qualidade das escolas particulares. Isto porque não atingiram a meta de nota IDEB no ensino fundamental e médio. Há dois equívocos neste alerta extemporâneo.
O primeiro, é avaliar o desempenho pelo IDEB. Trata-se de uma avaliação insuficiente, que não dialoga com os principais fatores, reconhecidos no meio educacional, que contribuem efetivamente para o desenvolvimento do aluno. Não vou repisar o que já destaquei por muitas vezes neste blog, mas apenas recordar que o fator principal de estímulo é a família. Há, ainda, o estímulo entre pares. O IDEB, ao contrário, analisa isoladamente o aluno, não em processo, a partir de uma escala do que se imagina ser o padrão ideal em cada fase. Inúmeros indicadores são sumariamente descartados no IDEB.
O segundo equívoco é imaginar que a escola particular derrapou apenas neste momento. Em especial, no ensino médio. O problema é que a medida de qualidade, até aqui, era ainda pior que o IDEB: o ingresso nas faculdades mais cobiçadas. Uma relação de causa e efeito que reduzia a medida do ensino a partir do vestibular, como se este fosse feito com correção. Há muitos estudos que demonstram que o vestibular é feito a partir de uma disputa insana entre professores de um mesmo departamento. Fazer questões para o vestibular rende recursos extras e certa visibilidade pública. Em alguns casos, dobra o recebido no final do ano. A disputa é tão intensa que os que chegam ao Olimpo se percebem vigiados pelos colegas. Assim, se refugiam na sua zona de conforto, os temas e detalhes pesquisados em suas teses e suas pesquisas recentes. Um detalhamento absolutamente incongruente com o nível de desenvolvimento dos candidatos à uma vaga na universidade, adolescentes que são jogados ao processo mais raso de memorização, a partir das técnicas mais sumárias de reflexo condicionado. O ciclo é irracional e nada de educativo.
Vestibular e ensino médio são desqualificados desde os anos 1970, quando a disputa por uma vaga em universidade de renome passou a se aproximar de uma guerra pessoal.

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