terça-feira, 12 de maio de 2020

Pesquisadores da UFMG alertam: isolamento social ou milhares de mortes

Por Ricardo Mello e Patrícia Fiúza, TV Globo e G1 Minas — Belo Horizonte
 
Várias pessoas ainda não aderiram às máscaras em BH, mesmo trabalhadores de serviços essenciais. — Foto: TV GloboVárias pessoas ainda não aderiram às máscaras em BH, mesmo trabalhadores de serviços essenciais. — Foto: TV Globo
Várias pessoas ainda não aderiram às máscaras em BH, mesmo trabalhadores de serviços essenciais. — Foto: TV Globo
Apesar de várias cidades mineiras já terem autorizado a reabertura do comércio e de a movimentação nas ruas de BH já estar mais intensa, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) apontou nove critérios que precisariam ser analisados antes de flexibilizar o isolamento social no estado.
No dia 30 de abril, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) criou o programa Minas Consciente, que estabeleceu uma série de medidas sanitárias que devem ser adotadas por prefeituras que optarem pela reabertura do comércio. Na semana passada, o isolamento social no estado atingiu menos de 40%.
De acordo com a pesquisa da UFMG, entre as medidas que devem ser levadas em conta antes do relaxamento do isolamento social estão a transmissão do vírus, que ainda não foi controlada no país e a falta de informações confiáveis sobre a estrutura na rede de saúde para tratar os doentes.
A pesquisa aponta ainda que a subnotificação e o número insuficiente de testes não permitem adotar o relaxamento. Quem relaxar antes da hora, pode piorar a situação, provocar aumento no número de casos e criar uma pressão na rede de saúde.
“Se você faz uma abertura, relaxamento das medidas de isolamento, 15 dias antes de atingir o pico da epidemia, tem um acréscimo de quase 50% do número de casos e de mortes, obviamente. Se faz isso 15 dias depois do pico, você tem um acréscimo quase desprezível no número de casos”, disse a pesquisadora da UFMG Cláudia Lindgren.
Durante entrevista coletiva nesta segunda-feira (11), o Secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, admitiu que Minas precisa realizar mais testes. “Nós temos acompanhado os casos notificados, entendemos que neste momento da epidemia, o que nós estamos fazendo, que é realizar exames naquelas pessoas que estão internadas, ou profissionais de saúde, restritos de liberdade ou asilados, é uma indicação adequada. E entendemos que seria importante em algum momento começarmos a testar de uma forma mais ampla a sociedade”, afirmou.

Testes insuficientes

Segundo a pesquisa, Minas fez apenas 478 testes por 1 milhão de habitantes desde o início da epidemia, um dos piores do país neste quesito.
“No Brasil, essa taxa é cerca de três vezes maior e, nos países da Europa, que já começam a flexibilizar as medidas de isolamento, a situação é a seguinte: 23.000 testes/milhão de habitantes na Itália, 32.891 testes/milhão na Alemanha e 41.332 testes/milhão na Espanha, para citar alguns exemplos”, informou a pesquisa.

Critérios para fim do isolamento social

Segundo a pesquisa da UFMG, os seguintes critérios deveriam ser analisados antes de relaxamento do isolamento social:
  • A transmissão do vírus no Brasil ainda não está controlada.
  • Nosso sistema de saúde ainda não está detectando, como deveria, as pessoas com COVID-19 em Minas Gerais (“subnotificação”).
  • Ainda não há um planejamento para a realização de testes em amostra representativa da população.
  • É necessário aprimorar a sistematização e a transparência das informações relativas aos serviços de saúde (profissionais, disponibilidade de leitos, insumos de EPI, respiradores).
  • Os protocolos com as medidas preventivas e de controle em ambientes de trabalho, espaços públicos e escolas ainda não foram amplamente divulgados e debatidos nos diversos setores da nossa sociedade.
  • É insuficiente ainda o investimento em campanhas que promovam o engajamento da população e conscientização para adesão às medidas preventivas.
  • É preciso esclarecer como será a vigilância e o controle de possíveis novos casos importados de outras cidades e estados
  • A “imunidade de rebanho” não ocorrerá tão cedo. A imunidade de rebanho só é alcançada quando a proporção de indivíduos suscetíveis, ou seja, que não se infectaram, é muito baixa. Quando isso acontece é improvável que um indivíduo infectante encontre um suscetível e transmita a doença.
  • Ainda não há suficiente alinhamento da política de prevenção entre o nível federal e estadual para garantir ações coordenadas e efetivas.
  • Fonte: G1

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