Latifúndio armado ataca Ocupação do MST, queima bandeira do MST e ameaça, em Montes Claros, MG.
Próximo
à cidade de Montes Claros, no norte de Minas Gerais, hoje, dia 18 de
abril de 2018, dezenas de Latifundiários e empresários ligados ao
Sindicato Rural de Montes Claros, do Movimento “Paz no Campo” -, que na
prática é “violência no campo”, nova versão de UDR (União Democrática
Ruralista) – na manhã de hoje cercaram e ameaçaram 100 famílias Sem
Terra do MST em uma área ocupada essa madrugada: fazenda Bom Jesus, km 3
da estrada produção, saída para Capitão Eneias, área que pertence à CODEMIG, do Governo de Minas Gerais.
Os latifundiários cercaram a
rodovia Estrada da Produção, não deixaram as famílias sair da área,
impediram a entrada de água e alimentos. Ameaçaram as famílias e as
lideranças de muitas formas e, lógico, cercearam o direito de ir e vir
das 100 famílias Sem Terra. Por fim, espalharam o terror.
As famílias
ocuparam essa área, porque estão sendo despejada de outra área.
A
situação é muito grave e tensa. Houve risco de mais um massacre por
parte dos latifundiários da Região contra o povo camponês sem-terra que
luta por um pedaço de terra para trabalhar e viver.
A
área ocupada está ao lado da Rodovia Estrada da Produção, saída para
Capitão Eneas. O Governo do Estado de Minas Gerais foi informado, como
também a Polícia Militar de Montes Claros.
Para
evitar um massacre, as famílias Sem Terra do MST resolveram sair, sob
escolta da PM, e ir para o Assentamento Estrela do Norte, do MST, em
Montes Claros.
Milícia armada estava ao redor do Acampamento por todos
os lados. Com tratores, os latifundiários e empresários bloquearam a
rodovia Estrada da Produção e também o acesso ao Acampamento, impedindo
assim a entrada de alimento, água etc..
Queimaram bandeira do MST e
proferiram muitas ameaças. Filmaram e divulgaram em rede virtual da
internet a bandeira do MST sendo queimada e ameaças sendo proferidas.
Soltaram foguetes comemorando a saída dos Sem Terra da área e ameaçaram:
“Não haverá mais ocupação de terra no norte de Minas Gerais”.
Queimaram
a bandeira do MST, soltando foguetes e ameaçando: “Põe fogo nesse trem,
nessa porqueira de bandeira. Joga fogo aí. Traga gasolina. Põe fogo
(repete várias vezes). Me dá o isqueiro. Chame a televisão para filmar
aqui. Filme aqui agora. Olha o Brasil que nós queremos. O Brasil que nós
queremos é esse: Brasil sem terra, livre dos Sem Terra. Esses
vagabundos. A bandeira nossa é verde e amarela. Vamos exterminar essa
cambada de Sem Terra. Olha lá, tá tudo caladinho. Grite agora, Sem
Terra!”
A
Comissão Pastoral da Terra repudia com veemência esse atentado contra
um direito constitucional que é lutar por um direito elementar:
conquistar um pedacinho de terra para viver dignamente.
Exigimos das
autoridades policiais, do Ministério Público e do Governo de Minas
Gerais providências necessárias para coibir esse arbítrio repugnante que
violenta a dignidade humana e atualiza a época da Casa Grande que
tratava com a chibata os negros escravizados.
Porém, como Jesus
ressuscitou ao terceiro dia, essa sexta-feira da paixão feita por
latifundiários e empresários hoje, em Montes Claros, ao arrepio da
Constituição Brasileira e sob o império das armas não terá a última
palavra, pois um domingo de ressurreição com a mãe terra libertada
brotará, porque está sendo gestado.
Quanto mais reprime o MST e os
Movimentos Sociais Populares mais eles crescem e ganham qualidade.
Clamamos pela defesa da vida e pelo respeito à dignidade humana e ao
sagrado direito de lutar por terra, conforme prescrito na Constituição
federal de 1988.
Assina essa Nota:
Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
Montes Claros, MG, 18/4/2018.
Obs.:
Abaixo, fotos que mostram as agressões e o grave conflito agrário
existente no Brasil, hoje, explicitado em Montes Claros, no norte de MG,
também.
Nenhum comentário:
Postar um comentário