Três anos após a fundação de Capelinha, nasceu em Poté, no Vale do Mucuri, a menina Dionísia Lemos Silva. Aos 12 anos, ela se mudou para a “Cidade do Café”, deixou familiares em sua cidade natal e foi morar na residência de Doutor Aloísio Pimenta, genitor do médico Hilton Pimenta, de onde saiu casada com Vicente Fernandes da Silva.
Desde então, Dona Dionísia acompanha e participa do cotidiano capelinhense. Ela nasceu em 1916 e nesta quarta-feira (4/1/2017), completa 101 anos de vida. Já Capelinha, a cidade que ela viu crescer, fará 104 anos de emancipação política-administrativa no dia 24 de fevereiro.
Dona Dionísia durante comemoração dos 100 anos (Foto: Reprodução/JL News)
Atualmente a centenária reside em Resplendor, distrito que mistura moradores de Capelinha e de Água Boa, mas também viveu, com marido e filhos, na região da Ponte Velha e do Espigão. Dos oitos filhos (sete naturais e uma adotiva), enterrou três e ela aponta estes fatos como os piores de sua vida. “Uma mãe sente muito quando perde um filho, não tem coisa pior”, decreta a senhora que, do alto dos seus 100 anos, às vezes é traída pela memória, mas na maior parte do tempo esbanja lucidez e saúde de ferro. Rara frequentadora de médicos na maior parte dos anos, Dona Dionísia conta que comer frutas é um dos segredos para a boa saúde. Ela é a matriarca de um clã formado ainda por 30 netos e 16 bisnetos. Cida, a filha do coração, criada por ela desde os três anos, é seu braço direito, seus olhos, sua guia. “Ela faz tudo por mim, parece que adivinha as coisas”, elogia.
Na adolescência, conviveu com Nonô Pimenta, antigo fazendeiro de Capelinha, e lembra que ele “sempre tinha problema com os índios”, referindo-se às investidas indígenas contra os primeiros moradores da cidade. Puxa na memória o nome Aranãs e lembra que viveu também no Córrego Manuel Luiz Pêgo, terra onde morava o fundador de Capelinha, nascedouro do Córrego Areão.
De vida sofrida, trabalhadora do lar, esposa, mãe, avó, bisavó. Quanta vivência Dona Dionísia carrega em seu corpo franzino, mas que não esconde a mulher guerreira, honesta, honrada, vivida. Ao citar o desenvolvimento da cidade, com quem divide o fato de ser centenária, ela se espanta: “Tudo mudado, derrubaram a casa que eu morei, queria voltar a morar em Capelinha”.
Dona Dionísia não se recorda de outro parente que tenha vivido 100 anos, e quando perguntada se mantém um antigo costume de “tomar uma pinguinha para abrir o apetite”, ela não nega: “Durante muitos anos eu tomei, era escondido do meu marido”, e sorri. Depois completa: “Mas agora não bebo mais, só mesmo café”.
Dona Dionísia durante comemoração dos 100 anos (Foto: Reprodução/JL News)
Dona Dionísia durante comemoração dos 100 anos (Foto: Reprodução/JL News)
Dona Dionísia comemora 101 anos nesta quarta-feira (Foto: Reprodução/JL News)
Fonte: Jornal Local / Reportagem de Rosa Santos, em Capelinha..
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