07 de Janeiro - Sábado - 18:54
NONO E DÉCIMO DIAS
Andanças por Salto da Divisa, Jacinto, Coronel Murta e Grão Mogol.
Após
dois dias de descanso na Bahia, retornamos direto para Grão Mogol,
enfrentando 750 quilômetros em mais de 13 horas de viagem. Apesar da
longa distância, do trecho esburacado de Itagimirim a Salto da Divisa,
da estrada de terra entre Salto e Jacinto e das muitas carretas na
BR-251, a viagem é relativamente tranquila, ainda mais quando se
aproveita a vista de diversos pontos do Rio Jequitinhonha.
Em Coronel Murta, na última vez que passaríamos pelo
Rio nesta viagem, nos encantamos com os muitos moradores lavando roupas e
nadando sob o pôr do sol , em meio às pedras do Jequi. Queríamos parar
nesta e em várias outras cidades, como em Itira para ver o encontro do
Rio Araçuaí com o Jequitinhonha, como em Itinga para sentir o legado de
mestre Ulisses, como em Rubelita para descansar sob a sombra do pé de
tamarindo, como em Pasmado para conhecer melhor as famílias que produzem
os artesanatos comercializados às margens da rodovia. Mas, por vários
motivos, tínhamos que ir embora direto, deixando tantas novas descobertas
para outras ocasiões.
A Bahia, em vários sentidos, assemelha-se
à zona do semiárido mineiro, com um povo acolhedor, alegre e
batalhador, que na parte litorânea tem seu charme e boa parte do seu
sustento pela presença do mar e das belas e movimentadas praias.
Mas
o sentido da nossa viagem era um rio. E então só nos despertamos
novamente para nossa empreitada quando após umas três horas de retorno
enfim avistamos o Jequi pela primeira vez, exatamente na divisa entre os
dois estados. O sentimento de pertença, que alimentamos por sermos
naturais da região e agora por termos percorrido toda a extensão do Rio,
é um sentimento que nos conforta, que nos faz sentir em casa e saber
que seremos bem acolhidos e bem servidos em qualquer lugar que pararmos,
mas é também um sentimento que nos traz inquietações…
O que podemos trazer para as nossas cidades? O que
mais podemos fazer para ajudar na divulgação das riquezas do Vale?
Quando vamos fazer viagens com mais tempo para conhecer mais dessas e de
outras cidades da região? O que vamos fazer com as fotos, vídeos,
histórias e artesanatos que trouxemos? De que forma podemos cobrar ações
corretas dos políticos de dentro e de fora do Vale?
De fato, as boas viagens nunca se encerram com o retorno. Muitas vezes, aliás, a volta representa apenas um novo começo.
Por
tudo isso, vamos continuando com o blog. Estamos em Grão Mogol, que
apesar de muitos não saberem ou não considerarem, também faz parte do
Vale do Jequitinhonha, junto com outras cidades da margem esquerda do
Rio, como Cristália e Botumirim e que também trazem histórias,
paisagens, personagens, culturas e curiosidades interessantes para se
conhecer e se divulgar.
Fonte: OTEMPO / Blog Expedição Vale do Jequitinhonha
Um comentário:
Caros Fernanda e Braúlio,
Parabéns pelo trabalho. Fiz algumas viagens semelhantes as quais me trouxeram inspiração para algumas poesias como "Viagem" - Luiz Carlos Prates:
Viagem
Navegando na estrada,
Rompendo as montanhas,
As matas.
O mar ao lado enchia-me de inspiração,
De cuidados com a vida.
A ansiedade do primeiro encontro
Invadia-me,
Sufocava-me.
Ao meu lado alguém leve,
Dócil, suave como a brisa,
Observava tudo em volta
E parecia viajar
Dentro de mim.
A minha viagem era interna e com suspiros.
Desci o meu rio para o encontro desejado.
Água turva, ondas, espuma, areia, barcos,
Sol, calor, brisa, vento, medo,
Alegria e contemplação
Misturavam-se em minha minúscula visão.
Estava em Belmonte,
Onde o Jequitinhonha
Mergulha os seus segredos
E recolhe os desejos do mar,
Que também são os meus. Luiz Carlos Prates
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