quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Expedição Vale do Jequitinhonha: As inquietações do retorno

07 de Janeiro - Sábado - 18:54 
 NONO E DÉCIMO DIAS
Andanças por Salto da Divisa, Jacinto, Coronel Murta e Grão Mogol.
 
Após dois dias de descanso na Bahia, retornamos direto para Grão Mogol, enfrentando 750 quilômetros em mais de 13 horas de viagem. Apesar da longa distância, do trecho esburacado de Itagimirim a Salto da Divisa, da estrada de terra entre Salto e Jacinto e das muitas carretas na BR-251, a viagem é relativamente tranquila, ainda mais quando se aproveita a vista de diversos pontos do Rio Jequitinhonha.

Em Coronel Murta, na última vez que passaríamos pelo Rio nesta viagem, nos encantamos com os muitos moradores lavando roupas e nadando sob o pôr do sol , em meio às pedras do Jequi. Queríamos parar nesta e em várias outras cidades, como em Itira para ver o encontro do Rio Araçuaí com o Jequitinhonha, como em Itinga para sentir o legado de mestre Ulisses, como em Rubelita para descansar sob a sombra do pé de tamarindo, como em Pasmado para conhecer melhor as famílias que produzem os artesanatos comercializados às margens da rodovia. Mas, por vários motivos, tínhamos que ir embora direto, deixando tantas novas descobertas para outras ocasiões.

 A Bahia, em vários sentidos, assemelha-se à zona do semiárido mineiro, com um povo acolhedor, alegre e batalhador, que na parte litorânea tem seu charme e boa parte do seu sustento pela presença do mar e das belas e movimentadas praias.

 

Mas o sentido da nossa viagem era um rio. E então só nos despertamos novamente para nossa empreitada quando após umas três horas de retorno enfim avistamos o Jequi pela primeira vez, exatamente na divisa entre os dois estados. O sentimento de pertença, que alimentamos por sermos naturais da região e agora por termos percorrido toda a extensão do Rio, é um sentimento que nos conforta, que nos faz sentir em casa e saber que seremos bem acolhidos e bem servidos em qualquer lugar que pararmos, mas é também um sentimento que nos traz inquietações…

O que podemos trazer para as nossas cidades? O que mais podemos fazer para ajudar na divulgação das riquezas do Vale? Quando vamos fazer viagens com mais tempo para conhecer mais dessas e de outras cidades da região? O que vamos fazer com as fotos, vídeos, histórias e artesanatos que trouxemos? De que forma podemos cobrar ações corretas dos políticos de dentro e de fora do Vale?

De fato, as boas viagens nunca se encerram com o retorno. Muitas vezes, aliás, a volta representa apenas um novo começo.
 
Por tudo isso, vamos continuando com o blog. Estamos em Grão Mogol, que apesar de muitos não saberem ou não considerarem, também faz parte do Vale do Jequitinhonha, junto com outras cidades da margem esquerda do Rio, como Cristália e Botumirim e que também trazem histórias, paisagens, personagens, culturas e curiosidades interessantes para se conhecer e se divulgar.
Fonte: OTEMPO / Blog Expedição Vale do Jequitinhonha

Um comentário:

Unknown disse...

Caros Fernanda e Braúlio,
Parabéns pelo trabalho. Fiz algumas viagens semelhantes as quais me trouxeram inspiração para algumas poesias como "Viagem" - Luiz Carlos Prates:
Viagem
Navegando na estrada,
Rompendo as montanhas,
As matas.
O mar ao lado enchia-me de inspiração,
De cuidados com a vida.

A ansiedade do primeiro encontro
Invadia-me,
Sufocava-me.
Ao meu lado alguém leve,
Dócil, suave como a brisa,
Observava tudo em volta
E parecia viajar
Dentro de mim.

A minha viagem era interna e com suspiros.
Desci o meu rio para o encontro desejado.
Água turva, ondas, espuma, areia, barcos,
Sol, calor, brisa, vento, medo,
Alegria e contemplação
Misturavam-se em minha minúscula visão.

Estava em Belmonte,
Onde o Jequitinhonha
Mergulha os seus segredos
E recolhe os desejos do mar,
Que também são os meus. Luiz Carlos Prates

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