Manifestantes tiveram o apoio de sindicatos e organizações populares.
Milhares de pessoas foram às ruas de Belo Horizonte, nesta sexta-feira, 18.03, em atos em defesa do governo Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e contra o impeachment da presidente da república.
O ato começou no início da tarde, na Praça Afonso Arinos, passou pela Praça da Estação e se estendeu pela noite após o término de uma passeata, na Praça da Estação, ambas na Região Central da capital mineira. A manifestação foi liderada por centrais sindicais, movimentos dos trabalhadores rurais sem-terra e estudantis e partidos políticos. A quantidade de pessoas presentes ao ato varia. Os organizadores do ato estimam que 100 mil pessoas compareceram na manifestação a favor do governo. A Polícia Militar divulgou 18 mil pessoas. Há um maior consenso entre participantes experientes de manifestações que calcularam em torno de 50 a 60 mil pessoas.
De acordo com a presidente da CUT em Minas, Beatriz Cerqueira, estatísticas da prefeitura apontam que a Praça da Estação comporta 100 mil pessoas. "Lotamos a praça e ainda há gente na Avenida dos Andradas. Superou as nossas expectativas e demonstra a unidade na resistência contra o golpe. As pessoas simplesmente vieram", disse.
Em trios-elétricos, os organizadores do ato se revezavam entre si e com políticos em discursos a favor de Dilma, do governo petista, de Lula e contra o que chamavam de "golpe". Cartazes e faixas foram usadas pelos manifestantes com dizeres como “Moro, menos verdade, mais Justiça”, “Não vai ter golpe”, “Mexeu com Lula, mexeu com o povo”, “Em defesa do Estado de direito” e “Eu defendo a democracia”.
A professora Mariah Mello, de 30 anos, acredita que o protesto foi um contraponto de peso às manifestações pró-impeachment. "É um grande ponha-se no seu lugar para a direita raivosa. O país está polarizado. Não defendo o governo, mas há um perigo de golpe rondando", afirmou ela.
A estudante de pedagogia e ativista do movimento negro Ayana Omi, de 21 anos, estampou na camisa a frase "A casa grande surta quando a senzala aprende a ler". Ela participa do protesto para reforçar as conquistas dos governos para pobres e negros como ela. "Por muito tempo, os negros foram proibidos de estudar. Foi a primeira vez que se implementou efetivamente um projeto de reparação, que são as cotas nas universidades", afirma.
Caravanas do interior
Dezenas de caravanas do interior engrossaram o ato. Foram mais de 60 ônibus, financiados por sindicatos e entidades ligadas aos movimentos populares, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), MAB - Movimento dos Atingidos por Barragens, Levante Popular da Juventude, UNE - União Estadual dos Estudantes, pastorais populares, Movimento Mundial das Mulheres.
O ônibus que apanhou seu Expedito Peçanha e mais cerca de 40 pessoas em Capelinha, no Vale do Jequitinhonha, custou quase R$ 4 mil para rodar um trajeto de aproximadamente 1 mil quilômetros – ida e volta. O Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, presidido por ele, vai pagar a conta. Mas o agricultor vai tentar uma ajuda com alguma organização de empregados cujo patrimônio seja maior.
Do Vale do Jequitinhonha, saíram mais dois ônibus da cidade de Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, no nordeste de Minas, transportando pessoas de mais de 12 cidades da região. Da região de Turmalina, no Alto Jequitinhonha, uma van levou à manifestação professores, agricultores familiares e servidores públicos, custeados pelos próprios passageiros. Participantes da manifestação, o agricultor familiar José Maria Silva disse que embora os sindciatos tenham ajudado houve muitas vaquinhas comcontribuição daqueles que tinham melhores condições financeiras para os outros com menos condições pudesse participar.
Do Vale do Mucuri, saíram ônibus das cidades de Nanuque, Águas Formosas e Teófilo Otoni. O funcionário da Copasa, em Nanuque, Vanderlei Nicolau, disse que o momento exige que os trabalhadores mostrem que querem a garantia de mais direitos, cobram o fim da corrupção com uma justiça isenta, punindo a todos envolvidos em mal feitos, e não apenas alguns escolhidos a dedo. Ele acredita que a tentativa de golpe político serve aos grandes grupos econômicos nacionais e internacionais que querem se apropriar das riquezas nacionais, cortar direitos trabalhistas, programas sociais e limitar as conquistas democráticas.
Havia brancos, negros, pardos e descendentes de índios e de asiáticos. Havia adultos e crianças. Havia gente com pouco estudo e cientistas. Havia homens com sandálias de borracha e homens com terno. E havia mulheres com bolsas elegantes e mulheres que recebem bolsa-família, como dona Neuza, de 42 anos, que mora em Periquito, no Vale do Aço.
Ela saiu de lá, às 9h, e chegou por volta das 16h30 na Praça Afonso Arinos, no Centro, onde os apoiadores de Dilma e Lula se concentraram. “Vim com minhas duas netas. Veio gente de toda a redondeza”, contou a mulher, que ganha a vida como diarista e recebe R$ 387 do programa social.
O rosto dela, marcado pelo forte calor do Norte de Minas não mostrou desânimo durante a viagem. Para maior conforto, ela embarcou usando chinelos de borracha. Já Roulian, formado em direito e compositor de jingles, foi ao evento com um terno preto impecável.
Milhares de apoiadores do governo federal usaram camisas com fotos de Dilma e Lula, de cartazes contra o monopólio das comunicações, principalmente contra a Rede Globo, pela punição do deputado Eduardo Cunha, pela investigação e punição a politicos de oposição como Aécio Neves e outros.
Três trios elétricos puxavam os discursose palavras de ordem. Ouvia-se muitas palavras de ordem como "Não vai ter golpe!", "Lula guerreiro do povo brasileiro", "O povo unido jamais será vencido".
A manifestação começou na Praça Afonso Arinos,em BH, subiu a Avenida João Pinheiro, passou pela Rua Timbiras, descendo a Avenida Afono Pena, passando pela Praça Sete, desceu a Avenida Amazonas, chegando até a Praça da Estação, onde houve manifestações de mais de 50 artistas populares como Vander Lee, Pedro Morais, Flávio Renegado, Carlos Farias, Celso Adolfo e muitos outros.
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