O artista Ernani Calazans, professor do IFNMG - Campus Araçuaí, no Médio Jequitinhonha, nordeste de Minas, presenteou o campus com uma obra memorável: Um painel de aproximadamente 40 metros quadrados, que conta a história do Vale do Jequitinhonha, a partir dos elementos da sua cultura.
O painel contempla as três meso-regiões do Vale (Baixo, Médio e Alto Vale do Jequitinhonha), a partir da história do canoeiro, que vai subindo o rio até chegar à sua nascente.
Na canoa já estão presentes elementos importantes, como o teatro, a religiosidade, as esculturas em cerâmica e ainda duas peças da artista D. Izabel Mendes (1914-2014). Saiba mais sobre a arte de D. Izabel aqui. A arte popular também está representada pelas máscaras de Lira Marques, artista de Araçuaí. Conheça o trabalho de Lira Marques aqui.
Mostra a fundação do município de Araçuaí, a partir das representações do povoado de Itira, ponto de encontro dos rios Araçuaí e Jequitinhonha e da Luciana Teixeira, fundadora do Arraial do Calhau. (Saiba mais aqui). As araras também são vistas, já uma das traduções de Araçuaí da língua indígena significa "Rio das Araras Grandes". É retratada a antiga estação da cidade, que trazia a grafia Arassuaí, rememorando a chegada e o fim da estrada de ferro Bahia-Minas.
O canoeiro vai percebendo as culturas rurais nas proximidades do rio: O bananal, o milharal, o canavial, os lavradores e a agricultura familiar, a melancia, o abacaxi, a pecuária, a vegetação típica do semi-árido, os animais - peixes, tatu, cotia, pássaros, lagartos, besouros - e sobre todos eles, em cores bem quentes, o sol do Vale do Jequitinhonha. O canoeiro se encontra também com o garimpeiro, que faz também alusão a outras cidades do Vale fundadas a partir do garimpo, como Berilo, Chapada do Norte e Francisco Badaró, terra natal do artista. Francisco Badaró, antiga Vila de Nossa Senhora da Conceição de Sucuriú, teve esse nome em função da grande cobra sucuri ali encontrada, que também está no painel.
No Alto Jequitinhonha, encontramos os casarões históricos e as ruas de pedra de Diamantina, os diamantes, a religiosidade e a figura de Chica da Silva, lembrando de todo o povo negro que fez história aqui. Encontramos ainda o queijo do Serro, e na nascente do rio, a imponência dos Ipês amarelos, brancos e rosas.
Não poderiam deixar de estar representados todos aqueles que fundaram as cidades: Os bandeirantes, os tropeiros, os indígenas, representando a aldeia Cinta Vermelha, localizada em Araçuaí, e varias outras que ocupavam a região, os elementos da cultura afro e as heranças europeias, como as festas religiosas - o rosário, o São João e Divino - que no Vale adquiriram outras cores e texturas, como o xadrez, a chita, o ponto-cruz e o pau-a-pique.
Toda essa diversidade, e a construção do painel em forma de colcha de retalhos, traduz também a intenção do artista: "A colcha tem também o sentido de agasalho, de proteção. Vemos muitos elementos unidos. Uma história feita de muitas histórias e de muitos sentimentos, e nisso esta sua beleza. Representa memórias da infância do povo do Vale" (Ernani Calazans).
Na reportagem feita pela TV Araçuaí (veja aqui), a obra é descrita como um "colorido exuberante, para estampar os elementos que nos identificam nessa região, com muitos sabores, cores e valores".
Nas palavras do professor Ernani, "a intenção é tenhamos um lugar ativo de construção do conhecimento, e não só com elementos visuais, através da história que estou contando".
Venha conhecer essa obra de arte incrível! IFNMG - Campus Araçuaí - Prédio Administrativo.
Para entrar em contato com o professor Ernani, envie e-mail para ernani.oliveira@ifnmg.edu.br ou comunicacao.aracuai@ifnmg.edu.br.
Colaborou com a reportagem: Luiz Augusto Otoni, estudante do 3° Ano - Técnico em Informática.
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