O feminismo não é o oposto do machismo, como muitas pessoas acreditam. A ideia do confronto entre os gêneros feminino e masculino, abordada em telenovelas, filmes e livros, reforçam os preconceitos que levam muita gente esclarecida, em termos de formação educacional e profissional, a repetir equívocos. Isso acontece porque a maioria das pessoas quando ouve um termo novo, não tem o hábito de pesquisar o que ele significa. Afinal, todo mundo fala que é isso, o que teria de errado, não é mesmo? Pois bem, estamos sujeitos ao equívoco de falarmos o que não entendemos bem o que é, só porque as pessoas à nossa volta falam. Isso anda ocorrendo com o termo: feminismo.
O
feminismo é uma teoria sobre o poder e sua distribuição desigual na sociedade.
Ao contrário do que se imagina, defende a igualdade entre homens e mulheres. O
conceito engloba várias correntes feministas: liberais, radicais, marxistas,
culturais, negras e interseccionais. Todas têm em comum a luta pela igualdade
entre os gêneros F e M. As feministas não têm uma imagem predefinida, podem usar
salto alto ou tênis, cabelo curto ou longo, saia ou calça, usar sutiã ou não,
serem solteiras, casadas, mães, lésbicas, hetero, bissexuais, transexuais,
evangélicas, católicas, umbandistas, brancas, pretas, ricas ou pobres. Ser
feminista passa longe do sentimento de ódio ou desprezo aos homens. Se você
associa isso a uma mulher feminista, repare, não é bem o feminismo que está por
trás disso.
Durante
séculos, as desigualdades entre homens e mulheres foram entendidas como algo
natural. Um mais dócil e amável, e o outro firme e agressivo. Um é emoção, o
outro, razão. Assim, de lá pra cá, a história contada nos livros, escrita por
homens, reduziu as mulheres à importância secundária, onde eles quem falam por
elas. Esta relação desigual materializa-se em pequenos gestos do dia a dia, e
reforçam a ideia de que mulheres precisam ter seus lugares, mas não, ao lado ou
à frente dos homens. Assim, a principal intenção do feminismo é fortalecer as
mulheres de tal modo que elas consigam perceber que a libertação das opressões
masculinas fará com que reconheçam a si mesmas e assumam o potencial que têm
para realizar o que quiserem em suas vidas.
O
feminismo representa um conjunto de movimentos políticos (não partidários)
sociais, ideológicos, filosóficos que defendem a liberdade das mulheres. O
movimento feminista chegou ao Brasil na década de 1920, ganhou força política,
e as ruas. Foi assim que as brasileiras conquistaram o direito ao voto em 1932.
Em seguida, pressionaram o governo a reconhecer que as mulheres precisavam de
autonomia econômica, em uma época em que a mulher branca só trabalhava com a
permissão do marido, e a mulher preta, era abusada, sem direito a voz, no
quartinho de empregada, o espaço reservado a ela: mulher, preta e pobre. As
conquistas seguiram-se: licença maternidade, proteção contra a violência
doméstica, assédio sexual e estupro. Uma lástima que muitas mulheres ainda não
compreendam que as direitos que temos atualmente, foram à custa de muito
esforço político, físico e intelectual de outras mulheres.
Em
resumo, a ideia não é tomar o espaço masculino, é garantir o direito ao espaço
feminino. Não é calar os homens, é dar voz às mulheres. Não é disputar quem
manda, decide ou domina, é garantir que homens e mulheres, respeitadas suas
diferenças, tenham liberdades e oportunidades iguais.
(Imagem: Eles por Elas; Referência de livro: Mulheres e Poder: histórias, ideias e indicadores – Hildete Pereira de Melo e Débora Thomé – 2018. Série: Coisa mais linda - Netflix).
Juliana Lemes da Cruz. Doutoranda em Política Social – UFF. Pesquisadora GEPAF/UFVJM. Coordenadora do Projeto MLV. Contato: julianalemes@id.uff.br
(Imagem: Eles por Elas; Referência de livro: Mulheres e Poder: histórias, ideias e indicadores – Hildete Pereira de Melo e Débora Thomé – 2018. Série: Coisa mais linda - Netflix).
Juliana Lemes da Cruz. Doutoranda em Política Social – UFF. Pesquisadora GEPAF/UFVJM. Coordenadora do Projeto MLV. Contato: julianalemes@id.uff.br
O Blog
do Banu publica, todos os domingos, a coluna Interfaces, que foi pensada para oportunizar aos leitores a
aproximação de assuntos contemporâneos ou atuais que influenciam seu cotidiano
e que geralmente, não são problematizados. Tem por objetivo contribuir com
análises e provocar reflexões sobre temáticas relevantes à realidade local, por
meio do diálogo entre as distintas áreas do saber, de forma clara e
breve.
Essa coluna é publicada também no jornal Diário
Tribuna, de Teófilo Otoni.
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