Municípios do Vale têm R$ 875 milhões a receber do Estado e da União.
São R$ 575 milhões da União e cerca de R$ 300 milhões do Estado.
Em
Divisa Alegre, no Vale do Jequitinhonha, nordeste de Minas, os
professores
não recebem salários desde outubro por causa dos atrasos nos
repasses
do governo do Estado e do Governo Temer. Eles representam
50%
da folha salarial do município, e a situação já afeta as demais
atividades
econômicas,
com redução drástica de vendas no comércio e uma perspectiva
de
fim de ano difícil para grande parte dos moradores.
A
realidade é a mesma para a maioria das cidades da região, por causa
dos
quase
R$ 11 bilhões de dívidas do governo de Minas Gerais com as
prefeituras,
de
acordo com cálculos da Associação Mineira de Municípios (AMM).
E
também da falta de repasse dos recursos federais da Lei Kandir que o
Tribunal
Superior Federal determinou, em novembro de 2017, para o Governo
Federal
pagar R$ 33,92 bilhões.
O
prefeito de Divisa Alegre, Marcelo Olegário (PRB), reclama que, além
de não ter
dinheiro
para pagar os professores, também não terá com o pagar o 13º
salário
para
os demais servidores e reclama da ausência de perspectivas “Os
professores
estão
sofrendo, passando dificuldades. Isso afeta toda a economia da nossa
cidade.
Os
armazéns não estão vendendo como antes, têm dificuldades para
receber o que
já
foi vendido, e vai travando toda a economia. O pior é que a gente
olha para essa
situação,
e estamos de mãos atadas, porque o problema não é com a gente, é
com o
Estado”,
desabafou o prefeito. E com a União, esqueceu-se de dizer.
A
situação de Divisa Alegre se repete em 80% das cidades da região,
de acordo
com
o presidente da União dos Municípios do Vale do Jequitinhonha e
prefeito de
Pontos
dos Volantes, Leandro Santana (PSDB). “Essa é a realidade dos
municípios
mineiros.
A maioria deles já não consegue pagar os salários dos professores.
Na
nossa
cidade, estamos utilizando recursos próprios para manter o salário,
mas são
poucas
as prefeitura que têm recursos em caixa para fazer o pagamento”,
avalia.
Ele
não acredita que haverá alguma mudança, com o pagamento dos
repasses
nesse
fim de mandato. “Infelizmente, não há nada que esperar desse
governo que
ainda
não sabe como irá pagar o 13º salários do funcionalismo
estadual”, diz.
O
governo de Minas afirma que está em busca de um acordo judicial com
os
municípios
para o pagamento dos repasses em atraso.
O
governador eleito, Romeu Zema (Novo), por sua vez, já se encontrou
com prefeitos
de
grandes cidades nesta semana para discutir o assunto. Ele destaca que
é
preciso
tomar conhecimento do caixa do Estado para ver como solucionará o
problema.
“Já
estive reunido com vários grupos de prefeitos e prefeitas e
expliquei que ainda
não
tivemos acesso ao fluxo de caixa do nosso Estado. A partir do momento
em
que
assumirmos realmente o governo, em janeiro, é que teremos condições
de
fazer
uma projeção real sobre a retomada regular dessas transferências e
como
faremos
para negociar e quitar os passivos que ficarão do atual governo
estadual
com
os municípios mineiros”, afirmou governador eleito.
Falta
de repasses do Governo Federal
Minas
e os municípios mineiros têm R$ 135 bilhões a receber da
União devido às
perdas
da Lei Kandir. O próprio STF já reconheceu a dívida. Deste
total,
R$
33,92 bilhões são dos municípios de Minas.
O Governo Temer não paga e fica por isso mesmo.
Os
prefeitos estão bravos como um leão com o governador
Pimentel,
mas estão como um gatinho com o governo Temer.
Municípios
do Vale do Jequitinhonha têm R$ 575 milhões a
receber
do Governo Federal
Segundo
cálculo da Fundação João Pinheiro, os municípios do Vale do
Jequitinhonha,
no nordeste de Minas, têm a receber da União mais de 575
milhões
em razão da desoneração de ICMS provocadas pela Lei Kandir.
Recursos
a receber do Governo Federal por cada município.
Fonte:
Fundação João Pinheiro e ALMG.
MEDIO
JEQUITINHONHA
|
ALTO
JEQUITINHONHA
|
|||
MUNICÍPIO
|
VALOR
R$
|
MUNICÍPIO
|
VALOR
R$
|
|
Araçuaí
|
24.134.018,78
|
Angelândia
|
10.048.659,66
|
|
Berilo
|
9.480.029,85
|
Aricanduva
|
5.460.656,64
|
|
Cachoeira
do Pajeú
|
9.459.330,19
|
Carbonita
|
12.620.100,57
|
|
Chapada
do Norte
|
9.175.170,31
|
Capelinha
|
21.668.870,57
|
|
Comercinho
|
7.517.210,93
|
Couto
Magalhães de Minas
|
7.366.509,07
|
|
Coronel
Murta
|
8.283.091,86
|
Datas
|
6.378.730,08
|
|
Francisco
Badaró
|
6.914.463,97
|
Diamantina
|
28.539.139,12
|
|
Itaobim
|
12.900.289,07
|
Felício
dos Santos
|
5.839.052,17
|
|
Itinga
|
9.404.040,64
|
Gouveia
|
9.881.076,28
|
|
Jenipapo
de Minas
|
6.560.037,89
|
Itamarandiba
|
24.159.751,15
|
|
José
Gonçalves de Minas
|
4.962.808,75
|
Leme
do Prado
|
7.532.065,52
|
|
Medina
|
12.025.575,50
|
Presidente
Kubitschek
|
4.983.134,88
|
|
Monte
Formoso
|
5.192.186,03
|
São
Gonçalo do Rio Preto
|
8.282.193,25
|
|
Novo
Cruzeiro
|
12.739.428,98
|
Senador
Modestino Gonçalves
|
8.202.674,72
|
|
Padre
Paraíso
|
9.894.601,11
|
Serro
|
14.425.470,80
|
|
Pedra
Azul
|
20.515.807,66
|
Turmalina
|
15.565.208,88
|
|
Ponto
dos Volantes
|
8.719.637,93
|
Veredinha
|
7.832.843,52
|
|
Virgem
da Lapa
|
8.060.650,18
|
|||
T
O T AL
|
186.928.359,63
|
T
O T A L
|
248.242.543,03
|
|
BAIXO
JEQUITINHONHA
|
||
MUNICIPIO
|
VALOR
R$
|
|
Almenara
|
18.656.248,71
|
|
Bandeira
|
5.679.410,48
|
|
Divisopolis
|
7.081.536,78
|
|
Divisa
Alegre
|
9.654.727,80
|
|
Felisburgo
|
7.208.106,38
|
|
Jacinto
|
8.776.422,23
|
|
Jequitinhonha
|
14.483.572,09
|
|
Joaíma
|
10.328.182,01
|
|
Jordânia
|
6.883.263,70
|
|
Mata
Verde
|
8.015.923,70
|
|
Palmópolis
|
5.056.972,76
|
|
Rio
do Prado
|
5.806.013,71
|
|
Rubim
|
8.156.460,22
|
|
Salto
da Divisa
|
16.666.529,20
|
|
Santa
Maria do Salto
|
6.369.376,96
|
|
Santo
Antônio do Jacinto
|
8.152.837,87
|
|
T
O T AL
|
140.597.584,58
|
|
Os
valores a receber de cada município podem ser acessados no link:
Movimento
de prefeitos é político, diz governo de Minas.
O
advogado-geral de Minas Gerais, Onofre Batista, disse que a dívida
do
estado com os municípios se dá por um problema de deficiência
de
caixa e que vê o requerimento da AMM como um “gesto
político”.
“O
problema do estado hoje são deficiências de caixa, que ele vive
momentaneamente,
desequilíbrios de caixa, mas que depois o estado
acerta,
deixa em dia. Mas a questão política fala mais alto.
Eles
precisam dar uma resposta política na cidade deles.
Aí
fizeram esse movimento mais político”, disse Batista.
O
advogado-geral falou que as dívidas do estado com os municípios
são
“elevadas”, mas não chegam ao montante informado pela
AMM.
Onofre Batista afirmou ainda que o estado pretende repassar
os
valores do ICMS para as cidades mineiras, mas que o valor total da
dívida
só será pago em “longo prazo”.
Por
fim, o advogado-geral destacou que dívida não gera intervenção
e
que a medida pressupõe uma melhora. Segundo ele, uma intervenção
na
véspera da troca de governo seria “inerte, inócua e estéril”.
“A
ação interventiva é uma ação que corre no Supremo, ela é uma
ação
que pressupõe uma melhoria
de quadro. E a gente sabe que
o
problema que a gente vive é um problema de desequilíbrio do quadro
federativo.
Tanto que Minas tem créditos a receber elevadíssimos, como
da
Lei Kandir, do Fundef, que está pra receber, como a decisão da
semana
passada, do Fundo de Participação dos estados, que
está
estimando que R$ 14 bilhões não foram passados para o fundo”,
afirmou
Batista.
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