12.11.2016 , Renato Rovai, da Revista Fórum
O empresário Otávio
Marques de Azevedo disse em sua delação que doou 1 milhão de reais de propina
para a campanha da então candidata Dilma Rousseff à reeleição.
A campanha de Dilma
demonstrou que esse recurso não foi entregue ao PT, mas num cheque ao então
candidato a vice e agora presidente da República, Michel Temer.
O assunto se tornou pauta em alguns veículos e de repente a OAB nacional, presidida por Claudio Lamachia, emite a seguinte nota:
"É absolutamente necessário e urgente o esclarecimento a respeito do repasse de R$ 1 milhão para a campanha que elegeu a chapa Dilma-Temer em 2014. A sociedade precisa saber se esses recursos são legítimos ou fruto de propina. Outro ponto que precisa ser esclarecido é sobre qual conta foi usada para receber o dinheiro. A OAB acompanha com atenção os desdobramentos desse fato para cumprir com rigor sua função de defender os interesses da sociedade e o cumprimento da Constituição. Se necessário, a OAB usará de suas prerrogativas constitucionais para fazer valer os interesses da cidadania."
Parodiando Mino Carta, é do conhecimento até do mundo mineral que a Andrade Gutierrez sempre foi "a empreiteira do Aécio". Não porque ele fosse dono da mesma, mas porque seus "negócios" sempre foram majoritariamente realizados com ela.
A quem interessar possa, a Andrade Gutierrez foi a empreiteira que construiu a Cidade Administrativa de Minas. O custo, 1 bilhão de reais. Um investimento monstruoso para um governo do estado.
A despeito desse imenso negócio realizado com o então governador, quando da sua delação, Otávio Marques Azevedo, o presidente da Andrade Gutierrrez, não citou Aécio com beneficiário de propina.
Afirmou que os 20 milhões que doou ao então candidato a presidente em 2014 foi por vias legais, mesmo tendo uma série de mensagens absolutamente suspeitas trocadas com Oswaldo Borges, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, e apontado como tesoureiro informal do tucano.
As mensagens podem ser lidas nesta matéria do blogue do Fausto Macedo.
Aliás, também no blogue do Fausto Macedo pode-se ler as mensagens dos executivos da Andrade Gutierrez torcendo e fazendo campanha por Aécio.
Então por que um delator que doou 20 milhões para um candidato com qual teve um negócio de 1 bilhão foi lembrar de um cheque de 1 milhão que, segundo ele, havia sido dado a campanha de Dilma?
E como esse delator não se lembrava que havia repassado esses recursos num cheque exatamente para o agora presidente da República, Michel Temer, que era o então candidato a vice na chapa de Dilma?
Ingenuidade do delator? Um erro?
Sigamos um pouco mais então...
Como, de forma tão rápida, o presidente da OAB que foi convidado a cinco dias pelo PSDB de Aécio para discutir a reforma política, como se pode ver neste post da Veja emite um nota colocando Temer numa situação no mínimo constrangedora.
Evidente, caro Watson, o senador Aécio Neves é quem assina essa operação do cheque da propina para Temer.
Aécio desistiu de Temer e alguns de seus aliados mais próximos já não fazem mais de esconder isso nos corredores do Congresso.
Primeiro porque esperava mais do atual presidente. Esperava que lhe desse mais poder.
Segundo, porque Aécio, sabe que 2018 não será o seu ano se ficar esperando a caravana passar. Até porque a cada dia que passa a candidatura de Geraldo Alckmin fica mais forte dentro do PSDB.
E já deve ter feito as contas que conseguiria montar uma operação para ser um candidato viável numa eleição indireta no ano que vem.
O cheque do Temer, amigos, ainda vai render muitas histórias.
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