17 de outubro de 2014 | 20:53 Autor: Fernando Brito, no www.otijolaco.com.br
É estarrecedor o documento, reproduzido em reportagem de Allison Matos, no Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim, onde são listadas doações irregulares – caixa 2 – para a campanha de candidatos do PSDB e de seus aliados, em Minas e em outros estados, num esquema onde a coleta entre empresas e entidades e a destinação do dinheiro para as campanhas são reportadas diretamente a Aécio Neves.
São listas e listas, em papel timbrado do Governo Mineiro e com a assinatura do Secretário de Governo, Danilo de Castro, com firma reconhecida em cartório, onde se arrolam cerca de R$ 166 milhões em doações de empreiteiras, bancos, empresas estatais mineiras, fornecedores do Governo do Estado e entidades que dependem de seus repasses, como hospitais, além de sindicatos e até o Conselho Regional de Medicina de Minas.
Chequei algumas empresas – as públicas, sindicatos e associações, legalmente, não poderiam doar, claro – e elas não aparecem como doadoras nos registros do TSE.
Os que teriam recebido o dinheiro ilegal também são dezenas, a grande maioria tucanos, mas também o ex-governador Eduardo Campos, de Pernambuco e seu candidato Geraldo Júlio, que disputava contra o PT a eleição de Prefeito do Recife.
O documento foi recebido de fiscais mineiros pelo Procurador Federal Eleitoral de Minas Gerais, Eduardo Morato Fonseca, que o teria enviado às mãos do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, que – no mínimo por uma questão de equidade com as denúncias sobre a Petrobras – tem o dever moral de confirmar (ou não, obvio) a sua existência.
O documento é, verificada como parece estar sua autenticidade, a maior prova de caso de corrupção eleitoral já surgida na história brasileira, tanto pelo valor quanto pela extensão da rede de doadores e beneficiários de dinheiro ilegal.
Veja o post do Conversa Afiada e a reprodução dos documentos.
Aécio Neves e Eduardo Campos estariam unidos desde a eleição de 2012.
O Procurador Federal de Minas Gerais, Eduardo Morato Fonseca, recebeu do Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas Gerais (SINDIFISCO-MG), um documento que mostra uma lista de políticos, partidos e empresas numa operação para, supostamente, financiar as campanhas eleitorais de 2012 para prefeitos e vereadores.
O Conversa Afiada tem a informação de que o promotor Morato Fonseca encaminhou a documentação à Procuradoria Geral da República, já que entre os suspeitos estão políticos com direito a foro privilegiado.
No documento, onde se lê “consórcio” é possível entender que dele façam parte operações à margem da legislação eleitoral.
O arquivo teria sido enviado ao candidato a Presidente Aécio Neves (PSDB), em 4 de setembro de 2012, por Danilo de Castro, à época Secretário de Estado de Governo de Minas e possível operador do esquema. Nessas eleições, Castro coordenou a campanha de Pimenta da Veiga (PSDB) ao Governo de Minas.
A movimentação financeira teria beneficiado partidos e políticos – principalmente prefeitos e vereadores – nas eleições de 2012. Entre eles, o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que faleceu este ano em acidente de avião. Teriam sido destinados R$ 2 milhões e 500 mil a Campos, conforme teria determinado Aécio Neves, como mostra o documento, o que mostra uma suposta ligação entre ambos há, pelos menos, dois anos.
Ao todo, 19 siglas teriam o caixa abastecido com o esquema, como PSDB, PSB, DEM, PPS, PSD, PV, PP, PRB. Entre os políticos citados, estão José Serra (PSDB), então candidato a prefeito em São Paulo, que teria recebido R$ 3 milhões e 600 mil, o prefeito de Belo Horizonte (MG), Marcio Lacerda (PSB), R$ 7 milhões, Arthur Virgilio (PSDB), prefeito de Manaus (AM), R$ 600 mil, Geraldo Julio (PSB), prefeito de Recife (PE) R$ 550 mil e o senador José Agripino Maia (DEM), R$ 2 milhões e 300 mil “por intermédio” do deputado Gustavo Correia (DEM-MG), de acordo com o documento.
Os recursos podem ter saído de mais de 150 empresas dos mais diversos setores, como alimentação, construção civil, bancos, associações e sindicatos. Algumas foram citadas recentemente pelo ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em seu depoimento à Justiça Federal: Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão e Camargo Correa.
Chamam a atenção supostas doações de grupos como Conselho Federal de Medicina, que se envolveu na polêmica do programa Mais Médicos, que teria cedido R$ 40 mil, Federação Mineira dos Hospitais R$ 45 mil, Federação das Santas Casas de MG com R$ 100 mil, Associação Espírita o Consolador com R$ 160 mil, Associação dos cuidadores de idosos de MG, com R$ 200 mil, UGT (União Geral dos Trabalhadores) R$ 50 mil e Sindicato dos ferroviários R$ 55 mil. Além de bancos como o BMG, BGT Pactual, Santander, Itaú e Mercantil do Brasil.
Outras que aparecem são empresas ligadas a governos, como a CEMIG, companhia de energia de Minas, que teria doado R$ 6 milhões, a CODEMIG (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais) R$ 3 milhões e a Fundep (Fundação de desenvolvimento da Pesquisa) instituição que realiza a gestão de projetos de ensino, pesquisa e extensão da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Alguns dos doadores já são denunciados por participar de esquemas polêmicos. Um deles é o dono da Stillus Alimentação Ldta, Alvimar Perrela, ex-presidente do Cruzeiro e irmão do deputado Zezé Perrela. Segundo matéria de O Globo, “ele é acusado de liderar um esquema de fraudes que o fez vencedor em 32 licitações com o governo de Minas para o fornecimento de quentinhas para presídios do estado. No período de janeiro de 2009 a agosto de 2011, o grupo de empresas ligadas a Stillus Alimentação recebeu cerca R$ 80 milhões em contratos firmados com a Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas”.
A Construtora Cowan, uma das responsáveis pela construção do viaduto que caiu em Belo Horizonte, de acordo com os documentos, teria cedido ao esquema R$ 650 mil.
Consta ainda a quantia de R$ 36 milhões e 800 mil que teria vindo de “outras fontes”, não esclarecidas.
O dinheiro arrecado teria irrigado, principalmente, as campanhas de PSDB, DEM e PSB.
Abaixo, o documento na íntegra:
Confira aqui:
www.conversaafiada.com.br/politica/2014/10/17/foi-assim-que-aecio-levantou-r-166-milhoes-para-2012-2014/
Em tempo: membros da oposição na Assembleia Legislativa de Minas chegaram a convocar uma coletiva para divulgar esse documento. Mas cancelaram, sobretudo, porque ele menciona nomes que fazem parte de um grupo que pode vir a apoiar o Governo de Fernando Pimentel.
Em tempo 2: Na ilustração do alto, o amigo navegante pode observar que o documento com o timbre do 7o ofício de notas de Belo Horizonte, situado à Rua dos Goytacases, número 43, centro, datado de 04/09/2012, teve a assinatura de Danilo de Castro reconhecida no dia 02/10/2012, pelo escrevente Gustavo Correia Eunapio Borges no 7o ofício de notas de Belo Horizonte.
Filiado ao PSDB-MG, foi Secretário de Estado do Governo de Minas Gerais e Deputado Federal, eleito por três vezes consecutivas.
Em tempo 3: O Conversa Afiada encaminhou este post ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ministro Dias Toffoli, com a pergunta: se for verdade, que Democracia e que eleições são essas?
Em tempo 4: atento amigo navegante liga para observar que a cidade de Cláudio teriam sido destinados R$ 300 mil , possivelmente ao Titio, e, talvez, antes de ele manter a guarda da chave do aeroporto….
Paulo Henrique Amorim com Alisson Matos
Danilo de Castro, ex-Secretário de Governo de Minas, de 2003 a 2014.
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