Choque de gestão de Aécio expulsaria 19 milhões de pobres do Bolsa Família
Aécio apavora de novo. Agora já planeja jogar 19 milhões de brasileiros, que saíram da linha de pobreza nos governos Lula e Dilma, ao retrocesso da vida que tinham de pobreza no governo FHC.
É o fantasma do passado atacando.
À primeira vista achei que a proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de mexer no Bolsa Família às vésperas da eleição era, além de mero oportunismo eleitoreiro, só coisa de "filhinho de papai" mimado, que mora na avenida mais cara do Rio de Janeiro de frente para o mar, e que não tem a menor noção das necessidades das pessoas mais pobres.
Coisa de quem não sabe como é a vida de lavradores de baixa renda, que vivem em lugares longe, de populações ribeirinhas, de vila de pescadores distantes, de pessoas que não tiveram oportunidade nem de se alfabetizar ainda. De mães que trabalham o dia inteiro e ainda tem que cuidar dos filhos.
Mas é muito pior do que isso.
O projeto do tucano quer exigir de maiores de idade que façam obrigatoriamente cursos de qualificação profissional. Se não fizerem, perderão o pagamento do Bolsa Família. Isso no projeto do Aécio, que não vai ser aprovado, porque seria um enorme retrocesso.
Na teoria poderia ser até uma tese aceitável, afinal como ser contra alguém que vive em situação de pobreza se qualificar melhor? Aliás, o Ministério do Desenvolvimento Social já faz isso. Oferece o Pronatec Brasil Sem Miséria, onde 1,2 milhão de beneficiários do Bolsa Família já se matricularam em cursos profissionalizantes e técnicos. Mas, diferente do projeto do Aécio, ninguém é expulso do Bolsa Família se não conseguir vaga imediatamente ou se viver em um lugar onde ainda não há cursos.
Só que na prática a proposta de Aécio é um desastre. Por mais que Lula e Dilma tenham investido em escolas técnicas, cursos profissionalizantes e assistência técnica rural, ainda não há como atender todo mundo do dia para noite, seja por haver famílias que vivem mais isoladas das cidades onde há os cursos, em um país continental como o nosso. Seja por trabalharem e o horário dos cursos não encaixar. Seja porque outros governos como o de FHC/PSDB/Aécio não fizeram sua parte no passado, deixando gente demais para trás, sem qualificação. Agora Lula e Dilma estão tirando o atraso e de forma acelerada. Até agora, só no Pronatec já são quase 7 milhões de matrículas.
Além do mais, cursos profissionalizantes precisam ser focados, de acordo com as potencialidades de trabalho em cada região. Não funciona levar um curso de soldagem industrial para o sertão rural sem indústrias, e não funciona cursos relacionados à agricultura familiar para quem vive em metrópoles sem área para cultivo. Os próprios cursos precisam ser elaborados, precisam de professores que sabem o que ensinam, para dar resultado, para o cidadão sair do curso e ter condição de arranjar um emprego ou empreender um pequeno negócio de sucesso, mesmo que seja em casa.
Pelo projeto do Aécio, um auxiliar de pedreiro que precisa do Bolsa Família, em vez de especializar-se em sua área, teria que fazer curso de manicure, se só tivesse vagas neste curso. E como obrigar uma mãe que precisa trabalhar o dia inteiro, e ainda tem que cuidar dos filhos, a frequentar um curso profissionalizante, se ela não tem horário livre? Só tucano mesmo, para propor uma coisa destas.
A proposta de Aécio é um desastre porque é óbvio que quanto menos desenvolvida a região, quanto menor o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), menos tem disponibilidade de cursos técnicos e de instrutores, ainda. Como expulsar estes adultos do Bolsa Família antes dos cursos técnicos chegarem até eles? É desumano. É condená-los de volta à fome. A conta não fecha.
Aliás a conta fecha sim, de forma maquiavélica. É a conta do "choque de gestão", das medidas amargas, do arrocho, do FMI, do Armínio Fraga. A conta é expulsar 19 milhões de pessoas do Bolsa Família, cortando verbas sociais.
Segundo a ministra do Desenvolvimento Social, que tem os números à mão, cerca de 20 milhões de adultos são beneficiários do Bolsa Família. Como tucano nunca gostou de investir em escola técnica pública para pobre (*) se pelo menos mantivesse as vagas do Pronatec Brasil Sem Miséria (em vez de cortar), 19 milhões iriam ter o Bolsa Família cortado porque não conseguiriam fazer o ensino técnico.
Entenderam o plano maquiavélico da tucanada?
Há outros absurdos na proposta de Aécio, como não entender que no Pronatec tem vagas para quem tem o ensino médio, outras vagas são para diferentes níveis de escolaridade, e há pessoas no Bolsa Família que já são idosas, outras que precisam terminar o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Há uma diversidade de casos que não tem como cumprir as exigências que o tucano quer impor numa canetada.
O objetivo do Pronatec não é apenas para os beneficiários do Bolsa Família, é também para nós brasileiros não perdermos as oportunidades de empregos que se abrem. Senão a Petrobrás e seus fornecedores iriam acabar tendo que contratar estrangeiros para conseguir explorar o pré-sal, por exemplo, por falta de mão de obra brasileira.
(*) No governo do FHC/PSDB/Aécio eles fizeram uma lei para proibir o governo federal de fazer escola técnica. É mole?
Eis o que diz a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello:
É o fantasma do passado atacando.
À primeira vista achei que a proposta do senador Aécio Neves (PSDB-MG) de mexer no Bolsa Família às vésperas da eleição era, além de mero oportunismo eleitoreiro, só coisa de "filhinho de papai" mimado, que mora na avenida mais cara do Rio de Janeiro de frente para o mar, e que não tem a menor noção das necessidades das pessoas mais pobres.
Coisa de quem não sabe como é a vida de lavradores de baixa renda, que vivem em lugares longe, de populações ribeirinhas, de vila de pescadores distantes, de pessoas que não tiveram oportunidade nem de se alfabetizar ainda. De mães que trabalham o dia inteiro e ainda tem que cuidar dos filhos.
Mas é muito pior do que isso.
O projeto do tucano quer exigir de maiores de idade que façam obrigatoriamente cursos de qualificação profissional. Se não fizerem, perderão o pagamento do Bolsa Família. Isso no projeto do Aécio, que não vai ser aprovado, porque seria um enorme retrocesso.
Na teoria poderia ser até uma tese aceitável, afinal como ser contra alguém que vive em situação de pobreza se qualificar melhor? Aliás, o Ministério do Desenvolvimento Social já faz isso. Oferece o Pronatec Brasil Sem Miséria, onde 1,2 milhão de beneficiários do Bolsa Família já se matricularam em cursos profissionalizantes e técnicos. Mas, diferente do projeto do Aécio, ninguém é expulso do Bolsa Família se não conseguir vaga imediatamente ou se viver em um lugar onde ainda não há cursos.
Só que na prática a proposta de Aécio é um desastre. Por mais que Lula e Dilma tenham investido em escolas técnicas, cursos profissionalizantes e assistência técnica rural, ainda não há como atender todo mundo do dia para noite, seja por haver famílias que vivem mais isoladas das cidades onde há os cursos, em um país continental como o nosso. Seja por trabalharem e o horário dos cursos não encaixar. Seja porque outros governos como o de FHC/PSDB/Aécio não fizeram sua parte no passado, deixando gente demais para trás, sem qualificação. Agora Lula e Dilma estão tirando o atraso e de forma acelerada. Até agora, só no Pronatec já são quase 7 milhões de matrículas.
Além do mais, cursos profissionalizantes precisam ser focados, de acordo com as potencialidades de trabalho em cada região. Não funciona levar um curso de soldagem industrial para o sertão rural sem indústrias, e não funciona cursos relacionados à agricultura familiar para quem vive em metrópoles sem área para cultivo. Os próprios cursos precisam ser elaborados, precisam de professores que sabem o que ensinam, para dar resultado, para o cidadão sair do curso e ter condição de arranjar um emprego ou empreender um pequeno negócio de sucesso, mesmo que seja em casa.
Pelo projeto do Aécio, um auxiliar de pedreiro que precisa do Bolsa Família, em vez de especializar-se em sua área, teria que fazer curso de manicure, se só tivesse vagas neste curso. E como obrigar uma mãe que precisa trabalhar o dia inteiro, e ainda tem que cuidar dos filhos, a frequentar um curso profissionalizante, se ela não tem horário livre? Só tucano mesmo, para propor uma coisa destas.
A proposta de Aécio é um desastre porque é óbvio que quanto menos desenvolvida a região, quanto menor o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), menos tem disponibilidade de cursos técnicos e de instrutores, ainda. Como expulsar estes adultos do Bolsa Família antes dos cursos técnicos chegarem até eles? É desumano. É condená-los de volta à fome. A conta não fecha.
Aliás a conta fecha sim, de forma maquiavélica. É a conta do "choque de gestão", das medidas amargas, do arrocho, do FMI, do Armínio Fraga. A conta é expulsar 19 milhões de pessoas do Bolsa Família, cortando verbas sociais.
Segundo a ministra do Desenvolvimento Social, que tem os números à mão, cerca de 20 milhões de adultos são beneficiários do Bolsa Família. Como tucano nunca gostou de investir em escola técnica pública para pobre (*) se pelo menos mantivesse as vagas do Pronatec Brasil Sem Miséria (em vez de cortar), 19 milhões iriam ter o Bolsa Família cortado porque não conseguiriam fazer o ensino técnico.
Entenderam o plano maquiavélico da tucanada?
Há outros absurdos na proposta de Aécio, como não entender que no Pronatec tem vagas para quem tem o ensino médio, outras vagas são para diferentes níveis de escolaridade, e há pessoas no Bolsa Família que já são idosas, outras que precisam terminar o EJA (Educação de Jovens e Adultos). Há uma diversidade de casos que não tem como cumprir as exigências que o tucano quer impor numa canetada.
O objetivo do Pronatec não é apenas para os beneficiários do Bolsa Família, é também para nós brasileiros não perdermos as oportunidades de empregos que se abrem. Senão a Petrobrás e seus fornecedores iriam acabar tendo que contratar estrangeiros para conseguir explorar o pré-sal, por exemplo, por falta de mão de obra brasileira.
(*) No governo do FHC/PSDB/Aécio eles fizeram uma lei para proibir o governo federal de fazer escola técnica. É mole?
Eis o que diz a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello:
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