Estudante conta que era obrigado a tomar tranquilizante, comia restos e pensava que seria morto
“Ainda sinto um pouco de medo, mas já estou muito aliviado. A sensação é de ter nascido de novo.” As palavras do estudante do 9º período de engenharia civil Pedro Lucas Martins Ramalho, de 23 anos, revelam o horror de quem passou seis dias refém de dois sequestradores. Libertado na madrugada de quinta-feira por policiais da 1ª Delegacia de Repressão a Organização Criminosas (Deroc), vinculada à Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp), ele contou que pensou que seria morto e que lutou para manter a consciência durante o tempo em que foi mantido sob efeito de tranquilizantes.
Pedro Lucas foi abordado nas dependências da faculdade Newton Paiva, no Bairro Buritis, Oeste da capital, e transportado no próprio carro até que foi transferido para o carro que teria sido usado por Juliano de Oliveira Souza, 27 anos, e Igor Miron da Costa, 20, dupla acusada pela polícia de ser a responsável pelo crime. “Em um certo momento, largaram meu carro e começaram a me dopar”, relembra o jovem, que era obrigado a tomar gotas de um potente ansiolítico, que o mantinha sonolento e sob controle.
O estudante conta que, a partir do momento em que foi rendido, se esforçou ao máximo para manter a consciência, mas tinha sérias dificuldades, em razão do poder do remédio. Normalmente administrada sob prescrição médica de 12 em 12 horas, a droga era dada ao rapaz em intervalos de até cinco horas. “Em momento nenhum tentei reagir. Mantive a calma, mas pensava que não seria salvo. Fiquei sempre rezando e pedindo mentalmente que meus amigos e familiares rezassem também”, desabafa Pedro.
Segundo Pedro, em 29 de novembro, dia do sequestro, a primeira ligação para a família foi feita para sua mãe, que mora em Francisco Badaró. Ela ficou desesperada e precisou de atendimento médico. A vítima também conversou por telefone com o pai, que fazia aniversário no dia do sequestro, e foi quem mais o orientou no sentido de manter a calma. Esse telefonema foi feito de uma região de mata nas proximidades de Juatuba e Mateus Leme, cidade da Grande BH, com pedido de R$ 300 mil de resgate. De lá, Pedro foi levado para o cativeiro no Bairro Caiçara, Noroeste de BH, em uma suíte de um apartamento na Rua Boreal. “Eu me alimentava com o resto da comida deles. Quando me davam suco, comecei a perceber que ficava cada vez mais dopado”, diz. O jovem resolveu, então, pedir que lhe dessem um isotônico. Algumas garrafas foram entregues a ele lacradas, mas outras já estavam abertas.
Pedro conta que, no cativeiro, ficava amarrado e vendado quando estava em contato com os sequestradores. Porém, havia momentos em que ficava livre, como quando ia ao banheiro ou para comer. Em uma dessas situações ele relata que pensou em fugir. “Enquanto um deles tomava banho, a chave ficou na porta, mas eu não sabia o que se passava na casa e não imaginava quem estava do lado de fora, mesmo sabendo que havia outras pessoas”, afirma o estudante. Quando os policiais estouraram o cativeiro, ele chegou a pensar no pior. “Pensei que eram os bandidos voltando para me matar. Quando falaram que era a polícia e disseram meu nome, senti muita emoção e fiquei aliviado.”
Dois detidos são inocentados pela polícia
Depois de prender Lenia Gonçalves Silva e Leandro dos Santos Carvalho como suspeitos de participar do sequestro do estudante Pedro Lucas, a Polícia Civil descartou ontem a participação dos dois no crime. Segundo os investigadores, eles estavam no imóvel em que o universitário foi encontrado, mas, depois de ouvidos por várias horas no Deoesp, o envolvimento da dupla foi descartado. “O imóvel, na verdade, funcionava de forma semelhante a uma república. Três pessoas alugavam quartos independentes e o proprietário confirmou a locação dessa maneira. Não foi verificada nenhuma participação desses dois e, por isso, eles foram liberados”, afirma o delegado Wanderson Gomes, chefe do Deoesp. Eles não têm nenhum histórico de envolvimento com atividades criminosas.
Os investigadores que trabalharam no caso explicaram que Juliano de Oliveira Souza e Igor Miron da Costa se movimentavam apenas de madrugada, para chamar menos a atenção dos outros dois moradores do local, que também não tinham relação entre si. Juliano, que alugava um dos quartos, usado como cativeiro, e é apontado pelos investigadores como o arquiteto do plano, tem passagens na polícia por estelionato, ameaça, agressão e ameaça. Igor é morador da Vila Ventosa, no Bairro Jardim América, Oeste de BH, e responde em liberdade a um processo por roubo na Região do Barreiro.
De acordo com a investigação, a televisão no quarto onde Pedro estava era mantida sempre com alto volume, para disfarçar a presença da vítima. O cômodo também era o mais próximo da entrada da garagem, o que contribuiu com a movimentação do refém sem despertar suspeitas. A própria vítima relatou que não teve nenhum contato com os outros moradores, tratados como suspeitos e depois liberados pela polícia.
Os investigadores chegaram até os criminosos graças a uma das ligações feitas pelos sequestradores de um dos celulares de Pedro. Um rastreamento apontou que o telefonema foi feito nas proximidades de alguns condomínios fechados em Nova Lima, na Grande BH. Chegando ao local, a polícia encontrou um vigilante, que relatou ter desconfiado de pessoas que estavam em um Celta vermelho e anotou a placa. Repassada aos agentes, a identificação ajudou a descobrir o carro e a cercar os bandidos na BR-381, em Betim, também na Grande BH. Além de responder pelo sequestro, a dupla presa em flagrante pode ser indiciada também por roubo, já que pertences de Pedro sumiram. “Provavelmente venderam para bancar as despesas com o sequestro”, diz o delegado Wanderson Gomes.
Os investigadores que trabalharam no caso explicaram que Juliano de Oliveira Souza e Igor Miron da Costa se movimentavam apenas de madrugada, para chamar menos a atenção dos outros dois moradores do local, que também não tinham relação entre si. Juliano, que alugava um dos quartos, usado como cativeiro, e é apontado pelos investigadores como o arquiteto do plano, tem passagens na polícia por estelionato, ameaça, agressão e ameaça. Igor é morador da Vila Ventosa, no Bairro Jardim América, Oeste de BH, e responde em liberdade a um processo por roubo na Região do Barreiro.
De acordo com a investigação, a televisão no quarto onde Pedro estava era mantida sempre com alto volume, para disfarçar a presença da vítima. O cômodo também era o mais próximo da entrada da garagem, o que contribuiu com a movimentação do refém sem despertar suspeitas. A própria vítima relatou que não teve nenhum contato com os outros moradores, tratados como suspeitos e depois liberados pela polícia.
Os investigadores chegaram até os criminosos graças a uma das ligações feitas pelos sequestradores de um dos celulares de Pedro. Um rastreamento apontou que o telefonema foi feito nas proximidades de alguns condomínios fechados em Nova Lima, na Grande BH. Chegando ao local, a polícia encontrou um vigilante, que relatou ter desconfiado de pessoas que estavam em um Celta vermelho e anotou a placa. Repassada aos agentes, a identificação ajudou a descobrir o carro e a cercar os bandidos na BR-381, em Betim, também na Grande BH. Além de responder pelo sequestro, a dupla presa em flagrante pode ser indiciada também por roubo, já que pertences de Pedro sumiram. “Provavelmente venderam para bancar as despesas com o sequestro”, diz o delegado Wanderson Gomes.
Fonte: Estado de Minas
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