terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Por que Dilma foi escolhida para falar na homenagem a Mandela

Somente seis chefes de Estado falarão na homenagem a Mandela. Obama porque é negro, mas nenhum europeu que escravizou o mundo


9 de Dezembro de 2013 | 16:52 Autor: Fernando Brito
dilmandela
A escolha da Presidenta Dilma Rousseff como uma  dos seis chefes de Estado  - os outros são Barack Obama, Raúl Castro, de Cuba, Pranab Mukherjee, da Índia, o vice Li Yuanchao, da China e Hifikepunye Pohamba, da vizinha Namíbia -  que discursarão na cerimônia  oficial em memória de Nelson Mandela, amanhã, na África do Sul não é apenas uma honra concedida ao nosso país, uma das maiores populações negras fora do continente africano.
É um ato que tem outros significados.
O primeiro deles, a evidência do papel que o nosso país desempenha hoje, tanto entre os Brics que integramos ao lado da África do Sul quanto em toda a comunidade das nações.
É, também, um reconhecimento à postura histórica da diplomacia brasileira em favor da descolonização e do fim da discriminação no continente africano, iniciada com gigantes como o embaixador Ítalo Zappa, nos anos 70, e que ganhou novo e magnífico impulso a partir do Governo Lula, que elevou ao primeiro plano o nosso relacionamento com a África, sob o descaso de inúmeros bocós, que achavam isso uma tolice.
A África, que ninguém se iluda, será a terceira onda de desenvolvimento do mundo moderno, iniciada no final do século 20 com a Ásia, depois deslocada para a América Latina.
A tribuna do tributo a Mandela reunirá América Latina e Ásia à Africa. Barack Obama está lá pela especialíssima circunstância de ser um negro o presidente da mais poderosa Nação do Mundo.
Bush, certamente, não estaria na lista.
Os gestos, na diplomacia, muito além dos obséquios e gentilezas, têm significado político.
E neste ato de memória, é evidente, há uma visão de futuro.
Por Fernando Brito, no Tijolaço: http://tijolaco.com.br/blog/?p=11230

Um comentário:

Téo Garrocho disse...

Eu era bem jovem com meus 22 anos e numa época de muita repressão,estava com um grande amigo negro em uma festinha. Ele teve vontade de dançar com uma certa garota e ela não quis. Observei a cena e a convidei para dançar. Ela aceitou e ainda caiu nos meus abraços e beijos de juventude. A discriminação racial é bem antiga neste país e o que é pior: Camuflada. Bandidos de gravata, brancos e de boa aparência estão a todo momento fazendo "estragos". Enquanto isso, trabalhadores humildes,pardos ou pretos,a exemplo do ajudante de pedreiro Amarildo são mortos em torturas policiais e ninguém sabe onde está o corpo. E se fosse o filho de algum General, Deputado ou governador do Rio de Janeiro? O Brasil, com avanços em dez anos,ainda é uma nação capenga em busca da democracia plena.

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