A entrevista de Aécio à Folha revela fragilidades do candidato
Análise do cientista político Rudá Ricci, em seu Blog
Li atentamente a entrevista do senador Aécio Neves na edição de hoje da Folha de S.Paulo. Trata-se de uma entrevista um ano e sete meses antes do pleito presidencial.
Portanto, uma tentativa de ocupar espaço e se expor publicamente.
Mas, justamente porque enfrenta oposição em seu partido e perde espaço para pré-candidaturas recém lançadas (como de Eduardo Campos e Marina Silva), deve ser mais contundente e procurar empolgar.
Sua entrevista à Folha, contudo, reafirma problemas de discursos proferidos por ele no último ano.
É demasiadamente teórico, não inova nos diagnósticos realizados pela oposição e parece revelar mais nitidamente esta dificuldade. Comparemos o discurso da semana de Eduardo Campos, pintando cores cinzas para o futuro da economia brasileira, com o diagnóstico de Aécio, de que a presidente seria leniente no trato com a inflação.
Cita, ainda, que ela deseja abocanhar os lucros dos empresários, o que, imagino, nem os cachorrinhos de estimação dos empresários concordarão.
FHC havia dito, algumas horas antes, que o PSDB devia se unir. Em que sentido o discurso de Aécio corrobora esta necessidade?
Finalmente, a fragilidade fica ainda mais estampada quando o senador mineiro, após destacar o combate à inflação e a cobiça governamental pelos lucros privados, Aécio admite que o PSDB perdeu as eleições presidenciais passadas justamente porque não teve sensibilidade para destacar um programa focado na questão social. Ora, mas sua entrevista é uma retumbante demonstração que ele mesmo não consegue entabular esta agenda que, como diz, é fundamental para que os tucanos emplaquem nacionalmente.
Aécio parece falar para dirigentes e analistas. Resvala no diagnóstico que Dilma seria estatizante (mais que Lula) e que esta plataforma fracassou.
Mas todos sabemos que os altos índices de popularidade de Dilma e seu governo não estão focados nestes temas. Por qual motivo, então, organiza todo seu pensamento a partir daí? Aguarda uma crise geral para colher frutos? Mas quais frutos, se um de seus adversários consegue se destacar com uma ameaça poderosa, a da crise internacional atingir o Brasil em breve?
Aécio Neves parece perder um tempo precioso para organizar seu discurso e sua plataforma. Seu diagnóstico parece pouco convincente porque não oferece dados claros e não chega nem mesmo a convencer pela dramaticidade. Escolhe temas marginais ao debate em curso.
Tem algo de errado e confuso nesta candidatura. Não entendo qual o problema que impede do senador ser mais incisivo e convincente.
Se a entrevista teria o condão de diminuir o impacto do seu discurso em Santos (quando citou a "revolução" de 64), foi um tiro desperdiçado..
Portanto, uma tentativa de ocupar espaço e se expor publicamente.
Mas, justamente porque enfrenta oposição em seu partido e perde espaço para pré-candidaturas recém lançadas (como de Eduardo Campos e Marina Silva), deve ser mais contundente e procurar empolgar.
Sua entrevista à Folha, contudo, reafirma problemas de discursos proferidos por ele no último ano.
É demasiadamente teórico, não inova nos diagnósticos realizados pela oposição e parece revelar mais nitidamente esta dificuldade. Comparemos o discurso da semana de Eduardo Campos, pintando cores cinzas para o futuro da economia brasileira, com o diagnóstico de Aécio, de que a presidente seria leniente no trato com a inflação.
Cita, ainda, que ela deseja abocanhar os lucros dos empresários, o que, imagino, nem os cachorrinhos de estimação dos empresários concordarão.
FHC havia dito, algumas horas antes, que o PSDB devia se unir. Em que sentido o discurso de Aécio corrobora esta necessidade?
Finalmente, a fragilidade fica ainda mais estampada quando o senador mineiro, após destacar o combate à inflação e a cobiça governamental pelos lucros privados, Aécio admite que o PSDB perdeu as eleições presidenciais passadas justamente porque não teve sensibilidade para destacar um programa focado na questão social. Ora, mas sua entrevista é uma retumbante demonstração que ele mesmo não consegue entabular esta agenda que, como diz, é fundamental para que os tucanos emplaquem nacionalmente.
Aécio parece falar para dirigentes e analistas. Resvala no diagnóstico que Dilma seria estatizante (mais que Lula) e que esta plataforma fracassou.
Mas todos sabemos que os altos índices de popularidade de Dilma e seu governo não estão focados nestes temas. Por qual motivo, então, organiza todo seu pensamento a partir daí? Aguarda uma crise geral para colher frutos? Mas quais frutos, se um de seus adversários consegue se destacar com uma ameaça poderosa, a da crise internacional atingir o Brasil em breve?
Aécio Neves parece perder um tempo precioso para organizar seu discurso e sua plataforma. Seu diagnóstico parece pouco convincente porque não oferece dados claros e não chega nem mesmo a convencer pela dramaticidade. Escolhe temas marginais ao debate em curso.
Tem algo de errado e confuso nesta candidatura. Não entendo qual o problema que impede do senador ser mais incisivo e convincente.
Se a entrevista teria o condão de diminuir o impacto do seu discurso em Santos (quando citou a "revolução" de 64), foi um tiro desperdiçado..
Leia entrevista do senador Aécio Neves (PSDB-MG), clicando aqui:
folha.uol.com.br/entrevista-aecio.nevesl
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