No Brasil ainda podemos contar com manifestações tradicionais vivas, espalhadas pelo país que podem ser consideradas verdadeiras aulas de história. Como a “Festa do Rosário dos Pretos” em Diamantina Minas Gerais, que se realiza todos os anos na terra da Xica da Silva, antigo Arraial do Tejuco.
É uma festa que surgiu da mesclagem das culturas africana e européia, ainda na época da colonização do Brasil, o Congado e estas festas continuam rompendo as fronteiras dos conglomerados excluídos e ganhando espaço na sociedade urbana. Seja no resgate por professores, intelectuais e pessoas comuns que visualizam nestas festas importantes elementos de formação e educação.
Nesse dia se ouve sons dos tambores que ecoam nas mãos de negros que descem e sobem ladeiras do antigo arraial do Tejuco, ao lado da casa da Xica da Silva, mas também se fazem presentes em frente à Mina de Chico Rei, entre casarões centenários que se enfeitam com colchas de renda, de seda e de cetim nas janelas para ver o Reisado negro passar. Olhares atentos daquelas senhoras negras, brancas e morenas, gente que se encanta e se emociona com a dança dos Congadeiros e com o cortejo negro. Alguns aplaudem e por vezes percebemos lágrimas que escorrem de rostos emocionados.
Estamos no Brasil? Ou Será Angola? Guiné Bissau? Moçambique? Não! São os Congos de Cá que saúdam os Congos de Lá. Na comunidade dos Arturos, nas ladeiras do Serro frio, em Sabará, na Ouro Preto de Chico Rei e principalmente na Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em Diamantina.
São ritos de fé que se traduzem em memória dos ancestrais negros que, aqui, nas Américas, deixaram suas marcas indeléveis. Conhecida inicialmente como Arraial do Tijuco, a cidade emancipou-se do município do Serro em 1831, passando a se chamar Diamantina por causa do grande volume de diamantes encontrados na região. Essas pedras eram extraídas em grandes quantidades pela Coroa de Portugal, durante o século XVII, o que fez com que vários africanos escravizados para lá fossem levados.
Parecem heranças distantes que se apagam em meio à decantada globalização, mas estão vivas e trazem aspectos de reafirmação. Ao ouvirmos os tambores dos Congadeiros, estes se tornam familiares, porque certos elementos da cultura africana mesclam-se ao nosso cotidiano, num verdadeiro continnum. São cantigas, ritmos, vestimentas, penteados, performances que ganham significados das heranças de África.
As Congadas e a Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia fazem-nos compreender que essa manifestação é inseparável da própria história do negro no Brasil e no continente africano. Nesse sentido, a Festa do Rosário faz refletir uma herança ancestral em Diamantina, com a importante contribuição daqueles que sinalizam para construção da identidade étnico-racial de milhares de negros, por intermédio desta festa e da comunidade Congadeira.
Segundo Souza (2002): Presente em Portugal, na Espanha, na América portuguesa, a eleição de reis negros e sua comemoração festiva estiveram mais difundidas, existindo comprovadamente desde o início do século XIX e ocorrendo ainda hoje em várias localidades brasileiras. As festas em torno de reis por ocasião da celebração de santos padroeiros, que contribuíram para consolidar a identidade das comunidades negras, foram criadas no contexto da escravidão, no interior das irmandades que, além de responderem a uma série de necessidades dos grupos que as formavam, também eram instrumentos de controle da sociedade senhorial sobre os negros.
É um pedaço do continente africano que, nessas manifestações, homenageiam a memória dos que da África para cá vieram.
Diamantina fica a menos de 300 Km de Belo Horizonte e conta com uma rede grande de pousadas e hotéis. Local que você irá desfrutar ainda de uma boa música, uma excelente cachacinha, gente hospitaleira e de belíssimas cachoeiras. Cidade que com seus casarões coloridos, que servem de cenário para filmes e mini-séries, como a atual, “A Cura”, da rede Globo de televisão.
A Festa do Rosário dos Pretos acontecerá de 15 a 24 de outubro de 2010, tendo o ponto alto nos dias 23, sábado, quando acontece o levantamento do mastro e no domingo, dia 24 o Reisado com muita dança, vestes coloridas e cantos.
Maiores informações: (11) 6669-5469 ou (31) 9606-9192
Postado por Fernando Gripp às 12:41 , no Passadiço Virtual, de Diamantina
É uma festa que surgiu da mesclagem das culturas africana e européia, ainda na época da colonização do Brasil, o Congado e estas festas continuam rompendo as fronteiras dos conglomerados excluídos e ganhando espaço na sociedade urbana. Seja no resgate por professores, intelectuais e pessoas comuns que visualizam nestas festas importantes elementos de formação e educação.
Nesse dia se ouve sons dos tambores que ecoam nas mãos de negros que descem e sobem ladeiras do antigo arraial do Tejuco, ao lado da casa da Xica da Silva, mas também se fazem presentes em frente à Mina de Chico Rei, entre casarões centenários que se enfeitam com colchas de renda, de seda e de cetim nas janelas para ver o Reisado negro passar. Olhares atentos daquelas senhoras negras, brancas e morenas, gente que se encanta e se emociona com a dança dos Congadeiros e com o cortejo negro. Alguns aplaudem e por vezes percebemos lágrimas que escorrem de rostos emocionados.
Estamos no Brasil? Ou Será Angola? Guiné Bissau? Moçambique? Não! São os Congos de Cá que saúdam os Congos de Lá. Na comunidade dos Arturos, nas ladeiras do Serro frio, em Sabará, na Ouro Preto de Chico Rei e principalmente na Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos em Diamantina.
São ritos de fé que se traduzem em memória dos ancestrais negros que, aqui, nas Américas, deixaram suas marcas indeléveis. Conhecida inicialmente como Arraial do Tijuco, a cidade emancipou-se do município do Serro em 1831, passando a se chamar Diamantina por causa do grande volume de diamantes encontrados na região. Essas pedras eram extraídas em grandes quantidades pela Coroa de Portugal, durante o século XVII, o que fez com que vários africanos escravizados para lá fossem levados.
Parecem heranças distantes que se apagam em meio à decantada globalização, mas estão vivas e trazem aspectos de reafirmação. Ao ouvirmos os tambores dos Congadeiros, estes se tornam familiares, porque certos elementos da cultura africana mesclam-se ao nosso cotidiano, num verdadeiro continnum. São cantigas, ritmos, vestimentas, penteados, performances que ganham significados das heranças de África.
As Congadas e a Festa em louvor a Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia fazem-nos compreender que essa manifestação é inseparável da própria história do negro no Brasil e no continente africano. Nesse sentido, a Festa do Rosário faz refletir uma herança ancestral em Diamantina, com a importante contribuição daqueles que sinalizam para construção da identidade étnico-racial de milhares de negros, por intermédio desta festa e da comunidade Congadeira.
Segundo Souza (2002): Presente em Portugal, na Espanha, na América portuguesa, a eleição de reis negros e sua comemoração festiva estiveram mais difundidas, existindo comprovadamente desde o início do século XIX e ocorrendo ainda hoje em várias localidades brasileiras. As festas em torno de reis por ocasião da celebração de santos padroeiros, que contribuíram para consolidar a identidade das comunidades negras, foram criadas no contexto da escravidão, no interior das irmandades que, além de responderem a uma série de necessidades dos grupos que as formavam, também eram instrumentos de controle da sociedade senhorial sobre os negros.
É um pedaço do continente africano que, nessas manifestações, homenageiam a memória dos que da África para cá vieram.
Diamantina fica a menos de 300 Km de Belo Horizonte e conta com uma rede grande de pousadas e hotéis. Local que você irá desfrutar ainda de uma boa música, uma excelente cachacinha, gente hospitaleira e de belíssimas cachoeiras. Cidade que com seus casarões coloridos, que servem de cenário para filmes e mini-séries, como a atual, “A Cura”, da rede Globo de televisão.
A Festa do Rosário dos Pretos acontecerá de 15 a 24 de outubro de 2010, tendo o ponto alto nos dias 23, sábado, quando acontece o levantamento do mastro e no domingo, dia 24 o Reisado com muita dança, vestes coloridas e cantos.
Maiores informações: (11) 6669-5469 ou (31) 9606-9192
Postado por Fernando Gripp às 12:41 , no Passadiço Virtual, de Diamantina
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