Em evento na Assembléia de Minas, o candidato a governador Fernando Pimentel (PT) defendeu a busca de alternativas para que o pequeno produtor não precise competir com os grandes proprietários. "Vamos criar uma política de industrialização e comercialização de alimentos cultivados sem agrotóxico via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)", garantiu.
25 DE AGOSTO DE 2014 ÀS 10:30
Pautando Minas - A agricultura familiar no estado será uma das prioridades do candidato a governador pela coligação Minas Pra Você, Fernando Pimentel (PT). O tema foi discutido em seminário realizado na semana passada na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.A agricultura familiar representa hoje 79% dos estabelecimentos rurais de Minas Gerais, respondendo por quase 80% dos 1,2 milhões de empregos gerados pelo setor e 32% do Valor Bruto da Produção agropecuária.
Apesar dos números expressivos, o segmento não tem recebido a devida atenção do governo estadual. O orçamento do programa Cultivar, Nutrir e Educar, voltado para esse setor, passou de R$ 1,5 milhão em 2013 para R$ 300 mil em 2014.
A Subsecretaria de Agricultura Familiar também é considerada pouco expressiva pelas entidades representativas do setor, que reclamam de um abandono dos pequenos produtores por parte do poder público estadual.
Segundo Pimentel, as políticas estaduais voltadas para os agricultores familiares são tímidas, há pouca integração dos produtores com o mercado e um descompasso entre o as ações do Estado e as políticas desenvolvidas nacionalmente.
"O governo de Minas imprimiu uma lógica de agricultura familiar que não leva em conta a política federal e desperdiça oportunidades. Foram feitos dois convênios com o Incra para dar o título da terra para 30 mil famílias, mas fizeram apenas 5% disso. A subsecretaria criada para cuidar do tema não tem autonomia e conta com poucos recursos para apoiar os agricultores", disse o candidato neste domingo, 24, em Belo Horizonte, onde gravou programas eleitorais.
Para Fábio Dias dos Santos, coordenador institucional da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária de Minas Gerais (Unicaf), um problema grave enfrentado pelos agricultores familiares é a falta de inserção dos técnicos do governo na ponta da produção, ou seja, nas propriedades rurais.
"O trabalho da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais), por exemplo, é muito verticalizado, tem uma visão tecnicista que despreza o conhecimento do agricultor familiar e a lógica da agroecologia", explica.
Segundo Santos, quem acabou fazendo este papel de assistência ao pequeno produtor foi o governo federal, através da Política Nacional de Assistência Técnica.
As demandas do setor são enormes e estão ligadas principalmente à necessidade de estruturação das cooperativas, para que elas possam beneficiar seus produtos e obter as certificações sanitárias exigidas para comercialização formal.
Pimentel defende a busca de alternativas para que o pequeno produtor não precise competir com os grandes proprietários.
"Vamos criar uma política de industrialização e comercialização de alimentos cultivados sem agrotóxico via Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)", garantiu.
Outra questão importante para o candidato é o acesso aos meios de produção.
"Vamos debater o acesso à terra, água e regularização fundiária, essenciais para que as famílias possam contratar crédito. A atuação dos órgãos estaduais, como a Rural Minas, IMA, Igam, Emater, também precisará ser debatida com associações e federações, de forma a atender as reais necessidades de quem está no campo e, assim, aumentar a competitividade dos produtos da agricultura familiar", afirmou.
A estrutura precária para obter as certificações sanitárias, segundo o coordenador da Unicaf, acaba deixando o setor fora no mercado formal e diminuindo as possibilidades de venda de produtos tradicionais de Minas, como o queijo, o mel e a farinha.
"Cobra-se das pequenas cooperativas a mesma estrutura que se cobra de uma grande indústria. Como não temos essa estrutura, o segmento se torna invisível na economia. Ele está presente, mas fica restrito à economia informal", afirma.
Minas Gerais conta hoje com mais de 430 mil propriedades de agricultura familiar. Nelas são produzidas 44% do arroz, 32% do feijão e café, 44% do milho e 83% da mandioca do Estado. Na pecuária, o setor corresponde a 48% do leite captado, 34% do rebanho bovino, 30% do rebanho suíno e 28% do volume da avicultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário