Zema, o Cavalo de Tróia
Analistas políticos são unânimes na análise que a eleição de Romeu Zema para o governo de Minas Gerais só ocorreu em função de sua apresentação no período eleitoral como não politico, além da promessa de não adotar em seu governo o fisiologismo dos “finórios tradicionais”.
Em síntese um novo modelo de governar.
Hoje, em função de suas decisões e escolhas, os mesmos analistas entendem que ele e seu partido foram utilizados estrategicamente por antigas lideranças politicas, cientes da insatisfação da população com seus nomes e práticas.
Tal análise torna-se crível diante da desenvoltura e rapidez na adesão do governador ao modelo e método que combatia.
Este comportamento vem causando, além de decepção aos eleitores, a morte prematura das carreiras dos parlamentares eleitos em função da proposta do partido Novo.
Alguns destes, já deixaram claro que não concordam com a mudança de rumo, porém serão tragados pelo julgamento popular, por fazerem parte do mesmo partido do governador.
As decisões políticas de Zema deixam claro que a imagem passada durante a campanha de “não político” era irreal e a proposta do partido Novo uma utopia a serviço da mesma estratégia narrada por Homero, do artifício de Ulisses na guerra de Troia para invadir a cidade utópica.
Utopia, palavra grega que significa “lugar nenhum” e o rumo do partido Novo. Caminhando a passos largos para os braços de Hades, deus do mundo subterrâneo.
Pois, para o interior do governo do Novo caminham figuras sombrias, o que sobrou de pior na politica e administração pública mineira, que fatalmente, assim como fizeram no passado, saquearam as finanças públicas mantendo o povo mineiro escravo.
Evidente que soluções existiam. Bastava Zema convocar a qualificada mão de obra da Escola de Governo da Fundação João Pinheiro, referência nacional e internacional, assim como desse espaço no Legislativo para seus colegas de partido.
Indiscutivelmente, ele traiu a confiança depositada pelos eleitores mineiros no projeto que ele representava.
“A política ama a traição, mas abomina o traidor”.
A frase de Brizola trata de episódios no mundo político. Onde a busca pelo poder e pela salvação pessoal e econômica motivaram traições históricas no Brasil e no mundo.
No entanto, aqueles que traíram, por mostrarem sua baixa confiabilidade, dificilmente conseguiram alcançar o prestígio desejado.
Joaquim Silvério dos Reis, um português que vivia no Brasil Colônia, era coronel da cavalaria, fazendeiro, proprietário de minas de ouro e estava falido devido aos altos impostos cobrados pela coroa portuguesa.
Isso o levou a participar do movimento que ficou conhecido como “Inconfidência Mineira”, que tinha como objetivo libertar o Brasil do regime colonial.
Contudo, em 1789, ele delatou o movimento ao governador de Minas Gerais, o Visconde de Barbacena, em troca do perdão de suas dívidas e de alguns outros privilégios.
A traição levou todos os Inconfidentes à prisão e ao posterior enforcamento de Tiradentes.
A imagem de traidor perseguiu Silvério dos Reis durante o resto da sua vida e até após a morte: seu túmulo foi destruído por populares.
Publicado no NovoJornal, por Marco Aurélio Carone, no dia 29.01.2019
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